Inácio Arruda destaca beleza, sabedoria e universalidade da obra de Patativa do Assaré
O senador Inácio Arruda (PCdoB-CE) foi o primeiro orador a homenagear em Plenário, nesta quarta-feira (3), o poeta cearense Antônio Gonçalves da Silva, o Patativa do Assaré, na sessão especial que celebrou seu centenário. Para o senador, Patativa é "uma das glórias do Nordeste" no campo da criação artística. Filho de agricultores, o futuro poeta estudou apenas seis meses, largando os estudos antes dos 10 anos mas, aos 14, já demonstrava talento poético.
- Esta sessão solene é o reconhecimento da beleza, da arte, da sabedoria e universalidade da obra do poeta Patativa do Assaré. Há pessoas que mesmo sem terem sido favorecidas no berço, ao nascer, acabam realizando grandes obras e tornando-se dignas de grande admiração, mesmo sem terem passado pelas melhores escolas, mesmo sem terem os caminhos facilitados pela posição social ou econômica. Uma dessas pessoas foi o nosso saudoso e querido Patativa do Assaré - disse o senador.
Aos 21 anos, acrescentou Inácio Arruda, o poeta migra para Belém do Pará, onde ganharia a alcunha Patativa, nome de um pássaro da região. Alguns anos depois retorna ao Ceará, onde passaria o resto da vida a criar versos e canções, sem deixar de lado as atividades de agricultor familiar.
A projeção de sua obra começaria efetivamente em 1956, com a publicação do livro "Inspiração Nordestina" e, em 1966 com "Cantos do Patativa". Mas é em 1978, explicou o senador, que Patativa começa a ser visto como o gênio que era, quando da publicação do "Cante lá que eu canto cá".
- Entre as obras musicais mais conhecidas, podemos citar "A triste partida", gravada em 1964 por Luiz Gonzaga, que constitui um verdadeiro tratado sociológico, econômico e psicológico da Saga do Migrante, com uma conclusão profética e ousada para a época: "É triste nortista, tão forte, tão bravo / viver como escravo / no norte e no sul" - acrescentou.
Depois disso Patativa teria suas canções e poemas cantados e gravados por outros artistas nacionais, como Raimundo Fagner, Renato Teixeira e Rolando Boldrin, e viajaria por todo o país apresentando-se em vários shows. Ainda mais: Patativa viria a ser figura atuante na luta pela redemocratização, pela anistia, pela reforma agrária e pelos direitos dos trabalhadores brasileiros. Patativa viria a falecer em 2002, aos 93 anos.
- Durante toda a vida, o poeta universal comungou com os ideais de igualdade e justiça social, expressando seu anseio pela liberdade de todos os camponeses, os que lavram a terra no campo e os que vendem sua força de trabalho nas grandes cidades, e declarou em seu poema Eu Quero:
(...)
Quero paz e liberdade
Sossego e fraternidade
Na nossa pátria natal
Desde a cidade ao deserto
Quero o operário liberto
Da exploração patronal
(...)
A bem do nosso progresso
Quero o apoio do Congresso
Sobre uma reforma agrária
Que venha por sua vez
Libertar o camponês
Da situação precária
Finalmente, meus senhores,
Quero ouvir entre os primores
Debaixo do céu de anil
As mais sonoras notas
Dos cantos dos patriotas
Cantando a paz do Brasil.03/06/2009
Agência Senado
Artigos Relacionados
Inácio Arruda propõe Ano Nacional Patativa do Assaré
Inácio Arruda comemora centenário de nascimento de Patativa do Assaré
Começa homenagem a Patativa do Assaré
MACHADO FAZ HOMENAGEM A PATATIVA DO ASSARÉ
Suplicy diz que música de Patativa do Assaré é uma das preferidas de Lula
Raimundo Fagner participará da homenagem a Patativa do Assaré