Incidência de Aids nas rodovias preocupa caminhoneiros









Incidência de Aids nas rodovias preocupa caminhoneiros
A constatação das autoridades de saúde de que os eixos entre duas das principais rodovias federais do Rio Grande do Sul, BR-116 e BR-290, concentram os municípios com o maior número de casos da Aids no Estado está preocupando as associações de caminhoneiros. As regiões mais afetadas por contaminações são os grandes centros urbanos com população flutuante, por serem rotas comerciais e de caminhoneiros, como a Região Metropolitana, Fronteira Oeste e Serra, além dos municípios de Pelotas e Rio Grande.

O secretário-geral da Federação dos Caminhoneiros do Rio Grande do Sul e Santa Catarina (Fecam), André Costa, explica que os profissionais recebem informações de prevenção contra o HIV através do Serviço Social de Transportes e do Serviço Nacional de Aprendizagem dos Transportes (Sest/Senat). "É natural que o lastro da Aids esteja ao longo das rodovias, devido a locais com prostituição e consumo de drogas", afirma Costa. Segundo ele, o caminhoneiro desinformado pode se transformar em um pólo de condução e transmissão do vírus.

De acordo com a Secretaria Estadual da Saúde, atualmente, cerca de 240 municípios gaúchos já tiveram casos notificados e grande incidência está nesses eixos das duas maiores rodovias gaúchas. Entre 1983 e 2001, foram verificados cerca de 16,5 mil casos de infecções pelo HIV no Estado. As ocorrências aumentaram em mulheres, especialmente entre 20 anos e 40 anos.

Na próxima semana, ocorrerá a Conferência Internacional de Aids, na Espanha, e oito profissionais gaúchos vão apresentar os trabalhos realizados no Estado sobre o assunto.


Olívio pede a FHC mais recursos para o Estado
O governador Olívio Dutra pediu ontem, em audiência com o presidente Fernando Henrique Cardoso, melhor tratamento do governo federal para com o Rio Grande do Sul. Olívio alegou que, faltando poucos dias para que sejam suspensas as liberações de verbas federais aos estados, no período de três meses que antecede as eleições, como determina a legislação eleitoral, o Rio Grande teve liberados apenas 1,41% do total de recursos aprovados pelo Congresso Nacional no Orçamento da União para 2002, enquanto outros estados, como São Paulo, já receberam até 60% do que lhes foi destinado.

Segundo o governador gaúcho, o presidente comprometeu-se a encontrar uma solução até ammanhã, prazo limite para a liberação dos recursos federais para estados e muncicípios. Entre os projetos estaduais beneficiados pelo Orçamento da União para este ano estão a dragagem da hidrovia Porto Alegre/Rio Grande, a implantação de laboratórios farmacêuticos, estímulo à produção agropecuária e obras de infra-estrutura.


Assembléia e TRE defendem a "cola eleitoral"
A Assembléia Legislativa e o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) decidiram, ontem à tarde, montar um grupo de trabalho para a confecção e distribuição de material explicativo sobre como votar na urna eletrônica. A cola eletrônica, como está sendo denominado o material, é defendida pelo presidente do TRE, desembargador Marco Antônio Barbosa Leal, e pelo presidente da Assembléia, deputado Sérgio Zambiasi.

O presidente do TRE acredita que a cola é essencial para auxiliar o eleitor no processo de votação. Lembrou que na eleição deste ano o cidadão vai teclar 25 vezes a urna eletrônica escolher seus candidatos. Marco Antônio destacou ainda a importância de informar o público que é preciso votar duas vezes para a escolha dos senadores.

Sérgio Zambiasi afirmou que a parceria entre a Assembléia e o TRE é uma iniciativa indispensável, acrescentando que o Legislativo buscará formas de integrar esta campanha, que, segundo ele, facilitará e ajudará o eleitor na hora do voto. "Agora o eleitor terá uma opção a mais, pois poderá utilizar a cola na votação do dia 06 de outubro", destacou o presidente.

A campanha será divulgada nas escolas e nos veículos de comunicação de todo o Estado.

Propaganda paga está proibida até 20 de agosto
Desde segunda-feira passada é vedada a veiculação partidária gratuita prevista na lei 9096 de 1995 e também
qualquer tipo de propaganda política paga em rádio e televisão. A informação foi dada ontem, em rádio da capital, pelo procurador Regional Eleitoral, Francisco de Assis Sanseverino. O procurador salientou que a lei eleitoral, para assegurar o princípio de igualdade e oportunidade entre partidos, candidatos e coligações, estabelece limitações no que se refere à divulgação ou a emissão de opiniões nos meios de comunicação social. Somente a pertir do dia 20 de agosto, quando começa o horário eleitoral gratuito, é que a propaganda política paga será permitida em rádio e televisão.


Candidato petista fala sobre desenvolvimento regional
O candidato petista ao governo gaúcho, Tarso Genro, voltou ontem a conversar com empresários e trabalhadores do setor coureiro-calçadista. Desta vez, visitou fábricas de calçados no Vale do Paranhana. Em Taquara, fez palestra sobre desenvolvimento regional e visitou o prefeito Délcio Hugentobler (PDT), que manifestou sua vontade de apoiar o petista num segundo turno. "Temos nosso candidato, mas, se for o caso, no segundo turno queremos evitar o risco Britto", disse Hugentobler. Ele explicou que, no governo Britto, a RGE, empresa que comprou parte da CEEE, "levou um prédio da cidade de Taquara junto com a privatização das linhas e, depois, vendeu-o para a prefeitura por R$ 500 mil". A RGE distribui energia elétrica no norte-nordeste do Estado.

Tarso também visitou as empresas Palmer, em Igrejinha, Azaléia, em Parobé, e Musa, em Rolante. Fabricante de 5 mil pares de calçados/dia, a Palmer emprega 400 funcionários. Segundo a direção da empresa, o volume de exportação - hoje de 10% do total da produção - diminuiu devido à crise argentina.

Referindo-se às críticas oposicionistas à unificação dos comandos policiais na sede da Secretaria da Justiça e da Segurança, em Porto Alegre, Tarso afirmou que "qualquer candidato ao governo do Estado que confundir integração de chefias com desmantelamento hierárquico estará fadado a mandar e não a governar". Na visita às fábricas da região de Taquara, o candidato disse que "não cola mais esse discurso de tentar repassar para o PT o estrago que fizeram na segurança dos cidadãos". Lembrou que "foi o governo Britto que demitiu 1.654 servidores da área, quando precisávamos de mais policiais nas ruas", ressaltando que o governo Olívio já contratou 3.294 servidores para o setor.

Segundo Tarso, fazer segurança pública é investir em educação, fomento econômico, geração de renda, além de organizar as corporações e qualificar seus profissionais. "A gestão Olívio já investiu R$ 1 bilhão no setor coureiro-calçadista gaúcho, gerando economias locais mais fortes, com famílias empregadas e filhos nas escola, longe de uma possível marginalidade: isso é fazer segurança", destacou. A melhoria da auto-estima do policial também foi citada pelo candidato como "fator preponderante para quem defende a vida de outras pessoas". Lembrou que "foi no governo Olívio que os servidores dos órgãos da segurança conseguiram diálogo para criar ou alterar seus planos de carreira, sem falar na reconquista da integralização do adicional por risco de vida", concluiu.


Senadores e deputados entram em recesso
O Congresso Nacional entrou ontem em recesso e até o final do mês duas comissões representativas estarão de plantão. No Senado, oito senadores e oito suplentes estarão trabalhando neste período de recesso. Na Câmara, 17 titulares e 17 suplentes. O líder do governo na Câmara, Arnaldo Madeira (PSDB-SP) informou que a previsão para o próximo semestre é concentrar as atividades nos dias 6, 7, 27 e 28 de agosto para votar medidas provisórias (MPs). Segundo ele, no final do próximo mês os parlamentares vão se reunir para avaliar se haverá necessidade de estender as sessões por mais alguns dias. "Todos sabem da necessidade que um deputado e um senador têm de dedicar-se neste período à campanha eleitoral", afirmou o líder.

Desde segunda-feira, 1º de julho, a Assembléia Legislativa também está em recesso parlamentar. Durante esse período de 30 dias, a Comissão Representativa, composta por 11 membros efetivos e dez suplentes será convocada pelo presidente ou por 1/3 dos membros, se houver necessidade, para deliberar sobre determinadas questões. Na última sessão plenária do 1º semestre do ano, realizada na quinta-feira da semana passada, os deputados aprovaram a composição da Comissão Representativa que vai atuar nesse recesso.

Conforme o Regimento Interno, cabe à Comissão entre outras coisas, autorizar o governador ou vice-governador a afastar-se do Estado, resolver sobre licenças dos deputados, convocar secretários de Estado para prestar informações.


Bernardi não vai adotar o OP
Celso Bernardi, candidato do PPB ao Governo do Estado, disse terça à noite, durante encontro com moradores do Morro da Cruz em Porto Alegre, que não irá adotar o Orçamento Participativo como forma de consulta das prioridades dos gaúchos. Embora diga respeitar a decisão do atual governo de buscar nesta forma de contato popular a sua maneira de interagir com a população, Bernardi enfatiza que os resultados práticos dessa experiência não justificam sua continuidade. "De nada adianta usar este tipo de instrumento para ouvir a sociedade, se depois o que ficou decidido não é realizado. Por isso, não vou utilizar, a exemplo do que vem ocorrendo, a estrutura partidária para iludir as pessoas."

Para Celso Bernardi, a população já possui mecanismos de representação junto aos Poderes de Estado, através dos prefeitos, vereadores, deputados, Coredes e outras entidades da sociedade civil organizada. Segundo Bernardi, o que esta faltando ao Rio Grande, é valorizar esta relação.

Além de se propor a corrigir esta distorção, o candidato do PPB pretende implantar duas outras sistemáticas de aproximação do Governo com a sociedade. A primeira será instalar o Governo, uma vez por ano, em cada uma das regiões do Estado. A outra sistemática será a de implantar três fóruns permanentes de discussão dos rumos do Estado. Os temas serão desenvolvimento econômico, políticas sociais e serviço público.

Encerrando sua manifestação aos moradores do Morro da Cruz, Celso Bernardi pediu que cobrem do novo governador, desde seu primeiro dia, ações voltadas às áreas da educação, saúde e segurança. Segundo ele, por serem obrigações constitucionais do Estado não há porque transferir a responsabilidade pelo seu atendimento a população, como ocorre com o Orçamento Participativo. Para Bernardi, se o próximo governador assumir sem saber como atender as prioridades destas três áreas importantes, é porque não está preparado para governar o Rio Grande.


Artigos

De quem gosta mais, do pai ou da mãe?
Gisele Oliveira

Assim que aprendemos a falar, as pessoas começam a nos fazer perguntas constrangedoras. Certamente não esperam uma resposta verdadeira. Talvez o instinto investigativo existente em cada um tenha a esperança de achar um corajoso que diga: prefiro o papai (ou a mamãe). Porém, diante dessa curiosidade de terceiros, e já desenvolvendo nosso sentido de preservação, excluindo-se as exceções, respondemos: dos dois. Não temos a compreensão de que estamos agindo como uma entidade representativa, mas estamos. Imaginem o desconforto familiar se, numa reunião para festejar o Dia das Mães, só porque a festa está sendo realizada em sua casa, um filho resolvesse criticar a matriarca na frente de todos, cobrando posicionamentos, censurando atitudes, exigindo mudanças. Seria um constrangimento geral, tendo em vista que os outros filhos poderiam não concordar integralmente com as acusações. Eventualmente poderiam até concordar com o conteúdo, mas certamente não concordariam com a forma - não seria cortês. Na realidade, quando falamos em nome de outros não devemos esquecer de avaliar se, realmente, nosso pensamento e nossa atitude refletem o pensamento da maioria. Representar um grupo significa ser porta-voz do mesmo e não assumir uma postura que o comprometa no seu todo. Para isto um bom representante deve estar aberto a críticas construtivas e aceitar que algumas pessoas não se sintam bem com certas posturas adotadas.

Por outro lado, quando fazemos parte de um grupo e não concordamos com a sua linha de ação, é fundamental deixarmos isso claro. Precisamos expor nossos pontos de vista para que as mudanças aconteçam.

Costumamos chamar esta atitude de participação. Nossa colaboração é fundamental, pois, se nos omitirmos, se não assumirmos as nossas responsabilidades, estaremos permitindo que outros construam o nosso futuro. Pertencer a um grupo, muitas vezes, é como fazer parte de uma família: As opiniões não são unânimes, os gostos não são os mesmos, os relacionamentos com terceiros são diferentes, mas temos todos o mesmo sobrenome e a postura de qualquer um pode comprometer o nome da família. É interessante como aplicamos alguns conceitos básicos da nossa educação em nossa vida profissional. No entanto, lamentavelmente, nem todos conseguem isso.


Colunistas

FERNANDO ALBRECHT

O banho da Princesa
Elefantes gostam muito de água e os do Beto Carrero World não são exceção. Especialmente a elefanta
(Princesa), que dia sim, dia não, vai tomar sua duchinha no posto que fica em frente ao Gigantinho. E ainda aproveita para dar uma olhada na suspensão. A rapaziada do posto capricha na maquiagem, porque a moça é exigente - e vaidosa. Claro que se o circo fosse pagar seria uma grana preta, mas o dono do posto fez uma permuta com o circo - os caminhões abastecem lá e em troca o banho da Princesa é grátis. E de lambuja, alguns macacos também ganham um banho.

A fala do presidente
A Federasul esteve cheia ontem para ouvir a palestra do presidente da Fiergs, Renan Proença, no Tá na Mesa.

Impensável em épocas passadas, sua fala entrou no ritmo low profile . Não houve contundências políticas como alguns esperavam. Proença, como convidado, foi institucional na sua fala. Afinal, era convidado.

Foram registradas as ausências esperadas na numerosa assistência, que incluiu uma dúzia de políticos e candidatos.

Fim da campanha I
Se nos próximos 90 dias jornalistas com programas de rádio e TV, além de colunistas dos jornais, falarem pouco ou quase nada de candidatos e suas histórias de campanha, não os culpem. Todos estão pisando em ovos com a legislação eleitoral. Na dúvida, não se bota nada. Mesmo um caso curioso protagonizado por algum candidato a governador.

Fim da campanha II
Teoricamente, isso pode ser entendido por um candidato rival como apologia de candidatura. Que pode exigir na justiça eleitoral tratamento igual. E todos temem que algum ouvinte diga sua preferência no ar. O fato é que há uma insegurança muito grande entre os comunicadores. Na realidade, sob este ponto de vista a campanha eleitoral 2002 terminou dia 1º de julho.

O sanduíche e o galã
Tem um comentarista de futebol eletro-eletrônico (não é da avenida Ipiranga) que vem se notabilizando por manobras amorosas de prospecção de alto risco. Dia desses seguiu o carro de uma belíssima executiva pelas ruas da cidade pela enésima vez, quando foi surpreendido por uma manobra do tipo sanduíche - ela parou o carro e atrás dele um amigo da moça fez o mesmo. Ambos desceram e foram tirar satisfação do Casanova do Éter. "É meu caminho", balbuciava.

A toque de Caixa
O Sindicaixa, que congrega os antigos economiários da Caixa Econômica Estadual, está protestando contra a alteração do nome da empresa, que passou a ser divulgada como Agência Gaúcha de Fomento. O presidente do sindicato, Érico Ribeiro, diz que é uma desconsideração para com os servidores da CEE. Ele também quer assegurar igualdade de comissionamento.

Stress da Copa
O jornalista Ruy Carlos Ostermann voltou do Japão e foi hospitalizado no Hospital São Francisco, com uma crise de hipertensão. O médico Fernando Lucchese informa que o paciente passa bem e tudo já foi resolvido.

Abertura militar
O Brigadeiro-do-Ar Jorge Godinho Barreto Nery, do Centro de Comunicação Social da Aeronáutica, e o general de Divisão Luiz Cesário da Silveira Filho, do Centro de Comunicação Social do Exército, serão os representantes das Forças Armadas no 2º Congresso Brasileiro de Comunicação no Serviço Público. É inédito militares falarem sobre as políticas, estruturas e operações de suas armas na área. O congresso será dias 14 e 15. Informações no [email protected] ou no www.megabrasil.com.br .

Súmula impeditiva
Com base em sugestões de juízes gaúchos, o senador José Fogaça (PMDB) apresentou emenda que introduz na reforma do Poder Judiciário, ora estagiando na Comissão e Constituição e Justiça do Senado, a figura da súmula impeditiva de recursos, em substituição à súmula vinculante. Definida pelo senador Bernardo Cabral (PFL-AM) como uma "idéia engenhosa", mantém a possibilidade de reduzir recursos ao tempo em que não impede que advogados e o Ministério Público participem do processo.

Prós & contras
Tudo bem que os desfiles dos jogadores obedeceram a um critério de esculhambação como jamais se viu, mas tem que dar também um desconto. Era de se admirar a alegria estampada no rosto do povão humilde ontem no Largo da Epatur ao ver Felipão & Cia. E ver políticos e candidatos faturando a imagem alheia também foi de arrepiar.

Será de 9 a 13, na Puc, o Congresso Odontológico Riograndense, promoção da Abo/RS.

Flávia Borba/Breno Nora abrem amanhã às 19h no Museu da Gravura Brasileira, em Bagé, a mostra Só Cavalos.

Consórcio Unibus arrecada agasalhos para os flagelados da Ilha Grande dos Marinheiros.

O número correto da Arauto Publicidade, agora na Corrêa Lima, é 3217-2222.

Feijoada beneficente da Oficina Santa Rita de Cássia será dia 10 no União.

Agasalhe Você Também é o nome da campanha interna do agasalho da DCS.

AJE realiza dia 8 às 19h no Z Café Rodada de Negócios/Exposição Virtual de Jovens Empresários.

Correção: a empresa Aon não é uma seguradora mas uma corretora de seguros.


ADÃO OLIVEIRA

Segura o ego, do Felipão
Para um merecido descanso, Luiz Felipe Scolari retornou, ontem, a Porto Alegre. Mas, pelo Brasil afora, seus críticos ainda não o engoliram. Luiz Felipe Scolari é um técnico com limitações, dizem os analistas de futebol. Os times que monta são movidos pelo entusiasmo. Afinal, justificam, ele é, apenas, um motivador.

É isso aí! Felipão não é apenas um motivador. É um grande motivador. Mas, não é só isso. Ele entende de futebol.

Com seu jeitão de caminhoneiro de Passo Fundo, Felipão provoca reações inusitadas até em "cabeças de bagre" tirando deles disciplina, empenho, despreendimento. A forma de agir com seus comandados valoriza o trabalho em equipe. Seu comando é firme, duro. Mas, não falta ternura. É tudo na dose certa: o mesmo Felipão que cobra, elogia, que grita, conversa, que reclama, aconselha.

Psicologia gaudéria, adquirida na escola da vida.

Essa, fundamentalmente, é a forma de sucesso de Luiz Felipe Scolari, eleito pelo povo, como a nova unanimidade nacional.

Pois esse sujeito que, em momentos ostenta a aparência de paizão, arrancou da grande Hortência, a maior jogadora brasileira de basquete de todos os tempos, um comovido depoimento. Despida de qualquer vaidade, disse: "Pela primeira vez na vida eu não torci para um jogador, para uma equipe. Eu torci para um técnico, Felipão". Para Hortência, ele é um cara extraordinário, agregador, conciliador.

É verdade!

Ao seu estilo Felipão mexe com o sentimento do cidadão que habita em qualquer atleta. Nessa Copa, por exemplo, o mundo pode ver com que orgulho e emoção nossos craques cantaram o Hino Nacional, que sabiam de cor e salteado. Felipão, obrigou os jogadores a aprender a complicada letra de Duque Estrada. A televisão, também, não se cansava de mostrar, ao final dos nossos jogos, o criticado zagueiro Roque Júnior, empunhar um bandeirinha do Brasil e, chorando, correr para a galera e oferecer a vitória aos brasileiros que estavam nos estádios. Não passou despercebida de milhões de telespectadores a cena em que, já campeões do mundo, nossos craques se enrolavam na bandeira nacional. E, por fim, o interminável Cafu, capitão da equipe, parecia a estátua da Liberdade, ao levantar a taça em cima de um pedestal sob uma verdadeira chuva de prata.

Ele inundou o mundo de emoção.

Esse é o efeito Felipão. Também é efeito Felipão a forma como os magistrais quatro Erres, como se fossem verdadeiros pernas-de pau, "mordiam" para retomar uma bola perdida; como Ronaldinho Nazário foi para as divididas sem tremer, apesar dos dois anos e meio de inatividade; como a zaga brasileira recuperou a auto-estima. De pior setor do time, Lúcio, Roque Júnior e Edmílson consagram o sistema 3-5-2 escolhido pelo técnico para enfrentar seus adversários.

O fato de Ronaldinho Nazário, Ronaldinho Gaúcho e Rivaldo, não reclamarem ao serem substituídos, também faz parte da forma disciplinada como nossas maiores "estrelas" se envolveram na competição.
Com total desprendimento.

Graças à sensibilidade de Felipão, não havia preocupação, de nenhum deles, em ser estrela. Todos se preocuparam em formar uma constelação.

Só se viu estrela na nossa seleção quando mais uma - a quinta - foi colocada na camisa verde-amarela.

A Pátria de Chuteiras reconhece isso.


CARLOS BASTOS

Gaúcho Jobim hoje é centro das atenções
O presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ministro Nelson Jobim, estará falando sobre as eleições de outubro, hoje ao meio-dia numa promoção da Fecomércio, na Igreja da Pompéia. O gaúcho que comanda a disputa eleitoral deste ano vai falar sobre a verticalização, que foi determinada pelo órgão que preside, e não está atingindo seus objetivos. A verticalização foi baixada sob o argumento de que havia necessidade de existir coerência na postura dos partidos políticos em todos os níveis, nacional, regional e municipal. Mas a permissão do TSE de que os partidos que não tenham candidato à presidência possam fazer as alianças regionais que bem entenderem, criou a situação esdrúxula de Sâo Paulo, onde o PL que fez aliança com Lula para presidente, pode se coligar regionalmente com o PPB. Na verticalização, em verdade, ficaram engessados apenas os partidos que apresentaram candidato à presidência.

Diversas
Esta semana Jobim centralizou as atenções no Supremo Tribunal Federal ao arquivar o inquérito pedido pelo Procurador Geral da República, Geraldo Brindeiro, contra o presidente nacional do PT, o deputado José Dirceu. A decisão de Jobim se baseou na falta de provas, e na coincidência do depoimento do irmão do prefeito Celso Daniel, e uma testemunha secreta.

Segunda-feira, o presidente do TSE vai participar de um seminário na Assembléia, quando vai abordar a propaganda eleitoral.

A bancada municipal do PDT na capital tem três candidatos em outubro: José Fortunati concorre ao governo, João Bosco Vaz ao Senado, e o doutor Humberto Goulart à deputação estadual. Os demais vereadores estã o divididos em seus apoios. Isaac Ainhorn trabalha por Goulart, Nereu D'Ávila está com Vieira da Cunha e Ervino Besson apóia Ciro Simoni.

O vereador Adeli Sell está apoiando as candidaturas de Ari Thessing, vereador em Santa Cruz do Sul, para deputado federal, e de Adão Villaverde, ex-secretário do Planejamento, para deputado estadual. Ambos do PT Amplo.

O PL gaúcho lança sábado, no Largo Glênio Perez, seus candidatos para o pleito de outubro: Aroldo Medina, ao governo, Luis Fernando Dalé, a vice, e Valdir Caetano, ao Senado. O presidente regional, deputado Paulo Gouvêa, concorre à reeleição para a Câmara Federal.

O secretário-geral do PPB, Antônio Maciel, licenciou-se do cargo, pois vai concorrer à Assembléia, da qual foi diretor-geral por sete anos, pela região dos Aparados da Serra.

Última
A senadora Emília Fernandes diz que tem como meta se reeleger para o Senado em outubro, na sua quinta disputa eleitoral. Ela foi vereadora em Santana do Livramento por três mandatos, e se elegeu senadora em 1994, transformando-se na grande surpresa do pleito. Em 1998 disputou o governo pelo PDT, cujas fileiras deixou para ingressar no PT. Outra surpresa na carreira política da senadora foi sua vitória sobre Flávio Koutzii na prévia interna do seu novo partido.


Editorial

MERCOSUL PRECISA DAR SINAIS DE QUE ESTÁ VIVO

Hoje e amanhã são importantes para o Mercado Comum do Sul, Mercosul, que terá a 22ª Reunião de Cúpula em Buenos Aires. Depois que a crise argentina ultrapassou as fronteiras e atingiu o Uruguai, respingando no Paraguai e no Brasil, sobrando para o Chile, Equador e no orgulhoso México, é bom que sinais de vida sejam dados pelo bloco. O que se espera é indicação de coesão, ainda que, tal náufrago, se agarrem uns aos outros para se manter à tona. A agenda reunirá os presidentes do Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai, mais os convidados do Chile, Bolívia e México, e foi enxugada ao máximo. Afinal, é melhor decidir sobre alguns pontos do que generalizar com discursos empolados mas de pouco efeito prático. Os itens que dominarão os debates são a retomada do compromisso de coordenação macroeconômica, a revisão pontual da Tarifa Externa Comum, TEC, e a alteração das regras da Política Automotiva Comum, PAC, relacionadas ao comércio entre o Brasil e a Argentina. Para Brasília é importante dar sinais de união no bloco e mostrar avanços nestes três quesitos. É que a partir de agora e por todo o segundo semestre caberá a nós a presidência temporária do Mercosul, um mercado que deu certo pelo menos para a Argentina. O déficit brasileiro com o país vizinho está acima de US$ 1 bilhão este ano e é no setor automotivo que a balança comercial pode trazer um pouco de equilíbrio. Hoje, na troca de veículos, os portenhos querem a proporção de 1 para 2,4, ou seja, se enviarmos para a Argentina US$ 1 milhão durante um ano em peças e veículos deveremos importar US$ 2,4 milhões, déficit de US$ 1,4 milhão.

José Botafogo Gonçalves, embaixador em Buenos Aires, julga que o melhor seria uma proporção de 1 para 1,8, mas não houve acordo, até ontem. Quanto à TEC, é importante que algumas revisões sejam feitas com vistas à União Européia, onde existem possibilidades de se chegar a um acordo antes mesmo da Alca, em 2003. Finalmente, reativar o grupo de coordenação de metas macroeconômicas. Os problemas argentinos e os nossos mostram que não há mais saída para as dificuldades comuns se não houver um consistente e longo ajuste fiscal, no caso do Brasil superávit de 4% a 5% nas contas públicas, inflação sob controle e outras metas transparentes. Referências como balança comercial e moeda comum ainda estão longe, pois há pontos menores, que ainda não estão sendo obedecidos. Em princípio, a estrela do encontro deveria ser o presidente do México, Vicente Fox, mas os escândalos que abalaram a economia dos EUA, casos da Enron, WorldCom e Xerox, derrubaram a credibilidade dos ianques e abalaram também a economia do parceiro México. Aliás, Fox esteve em Brasília, para assinar acordo comercial bilateral com o Brasil, que será rubricado em Buenos Aires e poderá servir para todo o Mercosul. Ironia é que Bush e Clinton passaram os últimos anos ensinando os outros países que políticas econômicas deveriam ter, em quais dirigentes votar e como deveriam administrar suas vidas. Nós tivemos de engolir de funcionário do terceiro escalão da Casa Branca que "se o Brasil combatesse a corrupção não estaria tão mal, nem precisaria de tanto dinheiro do FMI". Pois lá a maquiagem de balanços, com a cumplicidade de auditorias, tornou-se rotina e derrubou a empáfia de George Bush, que pouco liga para a América Latina. Vamos, pois, torcer para que o Mercosul dispense os aparelhos e consiga respirar sem a ajuda de empréstimos-ponte, sem olhar para o México como grande interlocutor junto aos EUA e, tal e qual a Seleção, mostre que, quando querem e se organizam, os latinos são capazes de grandes feitos.


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07/04/2002


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