Marta Suplicy alerta para aumento da incidência de Aids entre os jovens
Na véspera do Dia Mundial de Luta contra a Aids, comemorado em 1º de dezembro, a senadora Marta Suplicy (PT-SP) alertou em Plenário nesta quarta-feira (30) sobre o crescimento do número de jovens infectados pelo vírus da doença no país. A senadora destacou que o Brasil conseguiu avanços significativos nas políticas públicas de combate e tratamento da doença desde o seu surgimento na década de 1980. Mas cobrou orientações específicas para a parcela mais jovem da população.
Marta Suplicy questionou se a transformação da doença de fatal para crônica e controlável, sem campanhas específicas de prevenção, não estariam influenciando o aumento da presença do vírus entre os jovens.
- A juventude nunca foi submetida a uma campanha como nós fomos há alguns anos atrás. As pessoas não sabem o que é essa doença crônica com tratamento, o que acontece, o sofrimento. É uma doença crônica e parece que passa batido. Pode ser por isso o aumento do número de pessoas, principalmente jovens homossexuais, que estão agora contaminados - afirmou.
A senadora explicou que a campanha educativa a ser lançada pelo governo federal neta quarta (30), terá o foco nos jovens gays, de 15 a 24 anos, das classes C, D e E, entre os quais a presença do vírus HIV aumentou de 1990 a 2011. Dados do Ministério da Saúde, mostram que, há 21 anos, 25% dos homens nessa faixa etária, infectados com o vírus da AIDS, faziam sexo com outros homens. Hoje, esse percentual dobrou para 46%. O Ministério estima que a chance de um jovem gay estar infectado pelo HIV é aproximadamente treze vezes maior do que a dos jovens em geral.
O aumento da contaminação, no entanto, não é resultado de falta de informação. Marta Suplicy revelou que, ainda segundo a pesquisa do ministério, os jovens têm conhecimento sobre como se pega Aids. Noventa e cinco por cento deles sabem que a melhor forma de prevenir é usando camisinha. Mesmo assim, registra-se um crescimento do número de pessoas infectadas nessa faixa da população. E o aumento é identificado no mundo inteiro. Em 2010, houve mais de sete mil novas infecções por dia em todo o mundo, sendo 34% delas em jovens entre 15 e 24 anos.
Para reverter essa tendência, a Unaids (Programa das Nações Unidas sobre HIV/Aids) quer que os países reduzam pela metade a transmissão do vírus entre jovens. Nesse sentido, Marta Suplicy argumentou que é preciso investir na educação sexual na escola.
Redução nas mortes
A senadora registrou que houve diminuição do número de mortes causadas pelo vírus da Aids no Brasil. Em 2010, 11,9 mil pessoas morreram vítimas da doença contra 12 mil pessoas em 2009. Desde 1980, quando foi registrado o primeiro caso no país, até 2011, 241 mil pessoas morreram, em um universo de 608 mil infectados. O coeficiente de mortalidade, no entanto, é estável, com 6,3 mortos a cada 100 mil habitantes.
Os bons resultados, no entanto, não trazem um cenário positivo. Segundo a senadora, a incidência da doença ainda é "assustadora". Em São Paulo, foram registrados 212.271 casos em 2010, com a morte de três mil pessoas - uma média de 8,6 pessoas mortas por dia. Para ela, embora a mortalidade tenha caído 67% em quinze anos, ter oito pessoas mortas por dia ainda "é muito grave".
Atenção às mulheres
Marta Suplicy antecipou também que o governo dará atenção especial a outro grupo de infectados: o das mulheres jovens, de 13 a 19 anos. Essa é a única faixa etária em que o número de mulheres infectadas é maior do que o de homens.
- Isso até me lembra de coisas antigas como as da TV Mulher [programa do qual ela participou, nos anos 80] quando me escreviam dizendo: "ele quer uma prova de amor." A tal da prova de amor, hoje, não é mais perder a virgindade, a prova de amor é não usar a camisinha e aí, sim, ser infectada. É a única explicação para termos isso. De novo, a educação sexual nas escolas se faz necessária - argumentou.
30/11/2011
Agência Senado
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