Instituto Butantan testará nova vacina contra coqueluche em humanos a partir de 2013



O Instituto Butantan está desenvolvendo nova vacina contra coqueluche para bebês menores de seis meses, período em que a doença é mais letal. Segundo a pesquisadora responsável pelo projeto, Luciana Cerqueira Leite, mais de 90% dos casos de morte por coqueluche ocorrem nessa faixa etária. Atualmente, a imunização só ocorre após o primeiro semestre de vida.

O projeto teve início há mais de 10 anos e a previsão é de que, caso os resultados sejam positivos, a nova vacina esteja no mercado dentro de mais 10 anos. Luciana Leite declarou que a técnica está sendo testada com sucesso em camundongos e que a próxima etapa será de testes em humanos, com início previsto para 2013

“A coqueluche é uma doença respiratória, que provoca tosse, coriza, hipersecreção respiratória e febre, entre outros sintomas. Pode causar pneumonia e insuficiência respiratória grave. Como o organismo dos bebês ainda é mais frágil, quadros como esses podem levar à morte”, explica a pesquisadora.

“Pelos métodos atuais, a criança é imunizada contra a coqueluche por uma vacina chamada DTP, que protege também contra a difteria e tétano. Aos dois meses é aplicada a primeira dose, com reforços aos quatro e seis meses, deixando o bebê protegido somente após a terceira aplicação. Isso faz com que as crianças fiquem expostas exatamente quando são mais vulneráveis”, ressaltou Leite.

No Brasil, a doença está controlada, mas segundo dados da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, foi registrado um surto de coqueluche este ano. Até julho já haviam sido contabilizados mais casos do que em todo ano de 2010.

Para desenvolver a nova técnica de imunização, os pesquisadores se espelharam na vacina BCG, utilizada para proteger o corpo contra a tuberculose. “A diferença é que a vacina atual coloca o sistema imunológico em contato com a Bordetella [bactéria responsável pela doença] morta, fazendo com que ele produza anticorpos para combatê-la. Já no novo método, a imunização é celular. Colocamos no organismo uma bactéria transgênica, e as próprias células aprendem a eliminá-la”, disse a pesquisadora.

A nova vacina já poderia ser aplicada com poucos dias de vida e teria efeito quase imediato, protegendo a criança até de um eventual contágio materno.


Fonte:
Agência Brasil



04/10/2011 17:32


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