Ipea diz que desigualdade é maior no Distrito Federal
Um estudo divulgado pelo Instituto de Planejamento Econômico Aplicado (Ipea) na semana do aniversário de 50 anos de Brasília, celebrado nesta quarta-feira (21), mostra que a desigualdade social no Distrito Federal está acima da média do resto do País. Segundo o relatório, a cidade se desenvolveu de tal forma que aumentou a desigualdade entre pobres e ricos.
A constatação é que, em 1978, a distribuição de renda era melhor na região do que no resto do país (0,55 contra 0,60). No entanto, a situação se inverteu dramaticamente ao longo dos últimos 30 anos. Em 2008, o grau de desigualdade no DF era consideravelmente maior que no restante do país (0,63 contra 0,55).
Para o presidente do Ipea, Marcio Pochmann, a o Distrito Federal não tem hoje uma estratégia para enfrentar a desigualdade. “Brasília precisa de um projeto para os próximos 50 anos. Esse adensamento populacional que temos na cidade foge da perspectiva inicial. O adensamento de pessoas no entorno do Distrito Federal (DF) está a demandar uma ação de estratégia”, afirmou.
Segundo ele, a evolução da distribuição de renda no DF acompanhou o agravamento da desigualdade nas décadas de 80 e 90. Entretanto, apesar de a desigualdade de renda ter melhorado no Brasil a partir de 2001, a distribuição da renda permaneceu inalterada no Distrito Federal em níveis muito elevados de desigualdade.
Outro ponto de destaque é que, enquanto as transferências de renda do governo contribuem para reduzir o grau de desigualdade no País, no Distrito Federal, elas praticamente não afetam a distribuição. “Inclusive, as transferências aumentaram a desigualdade em 1998”, afirmou o coordenador do estudo, Milko Matijascic.
O coordenador observa que os dados apontaram para a necessidade urgente de retomar a visão empreendedora dos pioneiros da construção da capital como forma de evitar que, nos próximos 50 anos, a capital exacerbe os problemas comuns enfrentados pelos demais conglomerados urbanos brasileiros.
“Se os pioneiros de Brasília tiveram uma visão da importância da cidade para ativar a economia do Centro-Oeste, é necessário agora retomar a lógica do planejamento para que se faça uma cidade mais organizada, menos devastadora para os recursos naturais e ainda menos devastadora do ponto de vista social”, disse.
O relatório do IPEA destaca ainda que as diferenças da distribuição de renda entre o Distrito Federal e o Brasil podem ser explicadas pelas diferenças na estrutura ocupacional, especialmente, a alta concentração de funcionários públicos federais na cidade. O crescimento da renda do trabalho a partir de 2001 foi bem maior para os mais pobres do que para os trabalhadores de maior renda. Porém, entre os trabalhadores de alta renda, os funcionários públicos estão entre aqueles que apresentaram maiores aumentos salariais.
Matijascic observa que os dados apontaram a necessidade urgente de retomar a visão empreendedora dos pioneiros da construção da capital como forma de evitar que, nos próximos 50 anos, a capital exacerbe os problemas comuns enfrentados pelos demais conglomerados urbanos brasileiros.
Fonte:
Agência Brasil e Ipea
22/04/2010 14:20
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