Itesp: evento discute quilombos
Os quilombos de São Paulo foram tema de dois trabalhos apresentados na 25.ª Reunião Brasileira de Antropologia
Os quilombos de São Paulo foram tema de dois trabalhos apresentados na 25.ª Reunião Brasileira de Antropologia, realizada em Goiânia entre os últimos dias 11 e 14. Os antropólogos Patrícia Scalli dos Santos, funcionária do Itesp, e Luís Roberto de Paula, ex-funcionário, fizeram as apresentações em Grupos de Trabalho relacionados ao tema. Patrícia participou do GT “Etnicidade e Meio Ambiente: novas linguagens do rural”, com o projeto de doutorado que está desenvolvendo na Unicamp. Ela fez inicialmente um histórico da questão quilombola em São Paulo, mostrando como comunidades rurais se apropriaram do termo “quilombo” a partir da Constituição de 1988, quando foi assegurado o direito dessas comunidades às terras por elas ocupadas. Em seguida, ela abordou a questão dos quilombos urbanos, uma situação nova com a qual o Itesp vem lidando. Patrícia apresentou dados sobre uma comunidade com essa característica, o quilombo Brotas, do município de Itatiba, já reconhecido pelo Itesp. Luís Roberto de Paula, participante do GT “Meio Ambiente, território e etnicidade”, apresentou trabalho sobre o quilombo Camburi, de Ubatuba. Luís foi o responsável pelo relatório técnico-científico de reconhecimento dessa comunidade quando trabalhava no Itesp. Em sua apresentação, ele discutiu como os moradores do Camburi, até então reconhecidos como caiçaras, também construíram sua identidade como remanescentes de quilombo. Questões referentes aos quilombolas também foram debatidas em simpósios, mesas-redondas, mini-cursos e oficinas realizados durante o evento. Um dos antropólogos que mais têm se dedicado ao tema na atualidade, José Maurício Arruti, do Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento), explicou que o conceito de quilombo hoje é norteado por três paradigmas: o de “remanescentes”, o da etnicidade, e o de “terras de uso comum”. A noção de “remanescente” já havia sido utilizada pelo Estado para grupos indígenas que não possuíam traços aparentes de sua origem étnica. Com esse termo, o Estado também busca abranger comunidades negras que não possuam traços do quilombo enquanto reprodução de um modo de vida africano no Brasil. Segundo o pesquisador, a antropologia trabalha com a noção de “grupos étnicos”, ou seja, grupos que afirmam sua existência a partir de fronteiras que estabelecem com outros grupos. “Remanescentes de quilombos são aqueles que se afirmam enquanto tais, mesmo que não possuam elementos da cultura africana”, explicou Arruti em um curso intitulado “Dois momentos da África entre nós: estudos antropológicos sobre candomblé e quilombos”. Durante o evento, também foram discutidos temas ligados aos trabalhadores rurais sem terra e assentados. Muitos estudantes apresentaram trabalhos realizados em acampamentos e assentamentos de São Paulo. A Reunião Brasileira de Antropologia é rea
06/18/2006
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