Jarbas pensa deixar Governo em junho







Jarbas pensa deixar Governo em junho
Governador pode se desincompatibilizar mesmo que resolva disputar reeleição

O governador Jarbas Vasconcelos (PMDB) amadurece a idéia de disputar a campanha deste ano - seja como candidato à reeleição, vice-presidente ou a senador - afastado do cargo. A decisão é polêmica, porque pode alterar a chapa majoritária dele, é pessoal e contrária à opinião da maioria dos aliados. Legalmente, Jarbas só precisa se desincompatibilizar se for candidato a outro cargo, como vice-presidente ou senador. Se for candidato a reeleição, o afastamento não é obrigatório.

Segundo o DIARIO apurou, ele desejaria se desincompatibilizar um mês antes da campanha oficial, em junho, quando acontecem as convenções partidárias. Não é à toa que, em pleno sábado de Zé Pereira, Jarbas reiterou para o DIARIO o que havia afirmado para o jornal Estado de São Paulo dias atrás: "Eu me sinto desconfortável em disputar o Governo estando no cargo". Ele salientou que ficaria "embaraçado" para responder quando viajar a Caruaru, por exemplo, e lhe perguntarem se está lá como candidato ou como governador.

No governo e na oposição, estas declarações de Jarbas são interpretadas como uma maneira dele alimentar o mistério sobre o futuro político dele. Seria uma forma dele manter o controle absoluto sobre a aliança e ampliar seu prestígio na cena política nacional até o cenário ficar mais claro. No plano local, todos no PMDB, PFL, PSDB e PPB reconhecem só Jarbas une. No plano nacional, ele já foi até convidado pelo próprio ministro da Saúde, José Serra (PSDB), para ser o seu vice.

Há muitas dúvidas, no entanto, sobre como ficaria a situação do vice-governador Mendonça Filho (PFL) se Jarbas se afastar do cargo. Alguns estão convictos de que,a na hipótese de assumir o Palácio do Campo das Princesas, Mendoncinha, como é mais conhecido nos meios políticos, seria automaticamente impedido de ser o candidato a vice de Jarbas. O procurador geral do Estado, Silvio Pessoa, assegurou: "Mendonça Filho pode assumir e candidato ser candidato a vice". Silvio Pessoa disse não ver motivos para Jarbas se afastar. Na sua opinião, não é o afastamento dele ou de qualquer governante que vai definir se haverá ou não o uso da máquina.

"Essa é uma discussão meio tola, porque se o vice for do mesmo grupo político do governante, qual é a diferença?", questionou, para em seguida complementar: "Basta que ele (o governante), estando no cargo, não permita, como é o caso de Jarbas". O presidente da Assembléia Legislativa, deputado Romário Dias (PFL), enfatizou que Jarbas deve entrar na campanha como o ex-governador Miguel Arraes (PSB) fez em 1998.

"Não vejo porque Jarbas não disputar no governo", salientou Romário Dias. Ele destacou que, "se assumir o governo, não posso ser candidato à reeleição. O presidente da AL afirmou não ter "pretensão" de assumir o governo. "Prefiro renovar o meu mandato, porque trabalhei e tenho uma eleição relativamente tranquila", enfatizou.


Oposicionistas não seguem Eduardo
Líderes elogiam renúncia de candidatura em nome da unidade, mas isolam o PSB
O deputado federal Eduardo Campos (PSB) ficou isolado dos demais partidos de esquerda ao abrir mão de sua pré-candidatura ao Governo do Estado em nome da unidade da oposição. As demais lideranças elogiaram a iniciativa do parlamentar, mas não acompanharam o gesto do socialista. Eles argumentam que as indicações para o Senado e Governo do Estado não são definitivas e que foram colocadas apenas para discussão da montagem de um palanque de esquerda contra o governador Jarbas Vasconcelos (PMDB).

O pré-candidato ao Governo do Estado pelo PT e secretário de Saúde do Recife, Humberto Costa (PT), disse ontem que não caberia a ele nem ao seu partido retirar seu nome da disputa. "Meu nome continua para a discussão. Se tiver um candidato com mais perspectiva eleitoral iremos discutir e optar. Se for nesse contexto, o partido pode analisar. Não tem sentido tirar meu nome se não definimos nossa estratégia política", afirmou.

ARTICULAÇÕES - Humberto disse, ainda, que o prefeito do Recife, João Paulo (PT), tem um papel importante no PT dentro do contexto eleitoral deste ano. Durante o Carnaval, o prefeito avisou que não foi indicado pelo Partido dos Trabalhadores para fazer as articulações políticas da sucessão estadual. "Até agora todos os gestos e ações de João Paulo demonstram que ele está presente na campanha. Em nenhum momento o prefeito faltou com qualquer tipo de apoio à nossa articulação. Não sei em que contexto João Paulo falou que não seria porta-voz no debate sucessório. Vou conversar com ele para me posicionar sobre o assunto", assegurou.

O senador Roberto Freire (PPS) reforçou a tese de que a esquerda tem nomes fortes para concorrer a eleição contra a aliança PMDB/PFL/ PSDB. Segundo o pós-comunista, a oposição já tem candidatos para o Senado. "Vão me vetar? Não acredito nisso. Quero saber qual o candidato que a esquerda tem para senador. Há duas vagas e Carlos Wilson é um bom nome para preencher uma delas", defendeu.

Para o deputado estadual José Queiroz (PDT), a oposição deve insistir na busca da unidade."Precisamos retomar o ponto em que paramos, que é o de analisar um projeto para Pernambuco que nos aproxime do povo. A partir daí devemos pensar numa candidatura", disse. O parlamentar considerou o gesto de Eduardo Campos louvável, mas evitou tirar seu nome da discussão eleitoral. "Meu nome foi colocado à disposição para apreciação. Não é colocado em definitivo", comentou.

O senador Carlos Wilson (PTB) e o deputado federal Eduardo Campos foram procurados, por telefone, pelo DIARIO para falar sobre o assunto. Segundo a assessoria do senador, Carlos Wilson está na Europa. Já Eduardo Campos, foi descansar com a família e deve retornar na próxima semana.


TSE limita reeleição dos vices
Tribunal considera que nova eleição de quem assumiu o cargo é um terceiro mandato

O Tribunal Superior Eleitoral reafirmou ontem sua decisão de impedir a reeleição de vices a um mesmo cargo por mais de dois mandatos sucessivos. A decisão foi divulgada em resposta a uma consulta feita pelo deputado Arnon Bezerra (PSDB-CE). Os ministros consideraram inelegíveis em 2004 os vices-prefeitos que assumirem o cargo em substituição ao titular e que forem eleitos para o cargo na eleição seguinte.

O ministro Fernando Neves, do TSE, relator da consulta, entendeu que a reeleição neste caso é considerado um terceiro mandato, o que é vetado pela Constituição. Para os ministros, a reeleição contraria o espírito da emenda da reeleição aprovada em 1997 e que permite dois mandatos subsequentes. Em outubro do ano passado, o TSE já havia se posicionado a favor da eleição de apenas um mandato para os vices que forem reeleito em sucessão ao titular.

O posicionamento do TSE se enquadra na situação do atual governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), que foi eleito vice-governador em 1994 e 1998 e assumiudefinitivamente o Governo paulista em 6 de março de 2001, com a morte de Mário Covas.

As eleições deste ano vão provocar mudanças políticas significativas nos Estados muito antes de conhecidos seus resultados. Pelo menos dez governadores devem deixar o posto em abril. Em outros nove, a situação ainda está indefinida. Caso de Minas e Pernambuco, cujos governadores Itamar Franco (PMDB) e Jarbas Vasconcelos (PMDB) têm os nomes envolvidos na sucessão presidencial. Em outros sete estados, entre eles São Paulo, os governadores vão concorrer à reeleição e não devem deixar o cargo para fazer campanha.

A substituição dos governadores por seus vices provocará, no Rio e no Amapá, a alteração de rumo na administração, pois as alianças vitoriosas d a última sucessão se desfizeram. Em Estados como Maranhão e Roraima, os vices que assumem tentarão mostrar serviço em nove meses como arma para se elegerem governadores.

SEMELHANÇA - Rio e Amapá vivem uma situação pré-eleitoral muito parecida. Seus governadores são do PSB- Anthony Garotinho e João Capiberibe - e vão deixar os governos até o dia 6 de abril, prazo de máximo segundo a lei. As vice-governadoras, ambas do PT - Benedita da Silva e Maria Dalva de Souza -, são pré-candidatas aos governos dos Estados e vão concorrer no cargo.

Se no Rio já há um rompimento formal entre Benedita e Garotinho, no Amapá a situação caminha para o mesmo fim. Capiberibe, que pretende concorrer ao Senado, lançou a candidatura de seu secretário de Obras, Cláudio Pinho, ao governo. O PT, que vem cedendo a cabeça de chapa ao PSB desde 1994, quer candidatura própria.

A dança da sucessão pode ainda levar três presidentes de Assembléia Legislativas ao Executivo. Além de Pará e Paraná, o Tocantins também pode ficar na mesma situação. Isso porque os vices não sinalizam que vão assumir o governo nos últimos nove meses. No caso do Pará, cujo quadro ainda é nebuloso, o governador Almir Gabriel (PSDB) deve sair candidato ao Senado. Seu vice, Hildegardo Nunes (PTB), já anunciou a pré-candidatura e não quer concorrer no cargo. O posto ficaria, portanto, com Martinho Carmona (PSDB), presidente da Assembléia Assembléia.


FHC retorna a Brasília
TEFÉ (AM) - Depois de quatro dias respirando o ar puro da Amazônia, longe dos problemas de segurança e das intrigas políticas, o presidente Fernando Henrique Cardoso retornou a Brasília. Encantado com a fauna e a flora que pôde apreciar, Fernando Henrique deixou a Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, a uma hora e meia de lancha de Tefé (AM), prometendo voltar, assim que for possível, mesmo depois de deixar o Planalto.

Esta foi a segunda vez que ele visitou o projeto, que já recebeu figuras ilustres como a do milionário norte-americano Bill Gates, em 1998. A reserva Mamirauá - maior área de várzea protegida no Brasil - é um dos passeios prediletos dos embaixadores, particularmente dos países europeus, que estão trabalhando em Brasília.

A curiosidade gira em torno da primeira experiência que integra preservação e a comunidade local. Nos últimos anos, estiveram lá os embaixadores da Alemanha, Reino Unido e da Austrália. Mamirauá, na língua tupi significa filhote de peixe-boi.

Na reserva, o presidente e seus 12 convidados ficaram isolados do mundo, e sequer se preocuparam em ligar a televisão conectada a uma antena parabólica instalada no local. Depois de seguir a bordo do navio da Marinha, ao longo do rio Solimões, durante mais de quatro horas, até chegar à reserva, eles fizeram um passeio em uma das trilhas - a Mambira - cuidadosamente traçada para turistas.

PESQUISAS - Lá, conheceram as principais espécies de árvores da região e os animais mais comuns - macacos uacari e prego. Fernando Henrique saiu para ver jacarés à noite, e visitou o lago Mamirauá, onde conheceu as pesquisas realizadas sobre o boto vermelho e desenvolvimento sustentado. No lago, viu botos, pirarucus e pássaros. "O presidente ficou encantado e elogiou muito o trabalho desenvolvido na região", afirmou a coordenadora do projeto de ecoturismo Nelissa Peralta.

turistas - No sábado, o presidente dormiu na pousada flutuante Uacari. Cada um dos 13 hóspedes pagou R$ 470 pelo pacote que inclui hospedagem para duas noites, alimentação e os passeios. Durante sua permanência na pousada, o presidente conversou com dois turistas paulistas, mas não quis ser incomodado pela Imprensa, que foi mantida afastada da reserva.

No domingo, Fernando Henrique e D. Ruth preferiram dormir no navio fluvial Raposo Tavares, preparado para recebê-los. Familiares e amigos ficaram na pousada.


Lula tenta acordo com Partido Liberal
MONTES CLAROS (MG) - Maior partido de oposição no Brasil, o Partido dos Trabalhadores (PT) deu ontem o primeiro passo concreto para abrir seu leque de alianças fora do espectro da esquerda. Nesta cidade, no Norte de Minas Gerais, a liderança nacional da legenda deixou em ponto de conclusão a aliança com o PL e informou que vai abrir seu programa de governo para sugestões dos aliados - o que inclui as do Partido Liberal(PL), que já fala em ter "forte influência" sobre o programa econômico do partido.

"Quem for o candidato do Partido dos Trabalhadores vai ter que cumprir e executar o programa do partido. Obviamente, se fizermos alianças políticas, esses aliados terão uma co-participação na elaboração do projeto", disse Luiz Inácio Lula da Silva, que deve ser, pela quarta vez consecutiva, o candidato petista à Presidência. Segundo ele, os liberais não representam "a direita". "Queremos fazer uma aliança com o PL não apenas para ganhar as eleições, mas para governar", afirmou.

PROPOSTAS - Juntamente com várias lideranças nacionais e regionais do PT e do PL, Lula visitou ontem parte das fábricas da Coteminas, em Montes Claros, de propriedade do senador José Alencar (PL-MG). "A primeira coisa que vamos propor é que o PL tenha uma forte influência na área econômica do Governo (um eventual governo PT). O senador José Alencar, com toda sua experiência, é o nome ideal para cuidar disso", disse o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto.

Segundo ele, a maior probabilidade, no momento, é mesmo a de que as duas legendas fechem a aliança "Eu gostaria que o meu partido tivesse um entendimento nesse sentido", reforçou José Alencar. Considerado pelo próprio Valdemar como a "principal figura" do PL, o senador é cotado para ser vice na chapa de Lula ou para concorrer ao governo de Minas e garantir um palanque forte ao PT no segundo maior colégio eleitoral do País.

De acordo com o deputado federal José Dirceu, presidente nacional do PT, não haveria nenhuma dificuldade no fato de as duas legendas sentarem juntas para elaborar programa de governo. "As idéias do senador Alencar sobre o Brasil, sobre o desenvolvimento nacional e sobre a política econômica são muito próximas das nossas", disse Dirceu, que acompanhou Lula em Minas.


Itamaristas querem uma convenção extra
BRASÍLIA - A idéia do grupo peemedebista ligado ao governador de Minas Gerais, Itamar Franco, de realizar uma convenção extraordinária em março deverá ser recusada pela direção do PMDB. Os itamaristas querem garantir a realização das prévias que vão escolher o candidato do partido à Presidência, no dia 17. O presidente do PMDB, deputado Michel Temer (SP), informou que parte da direção fará uma reunião na 2ª feira, em Brasília, para discutir o assunto.

Será uma reunião informal entre ele, o líder do partido na Câmara, Geddel Vieira Lima (BA), o presidente do Senado, Ramez Tebet (PMDB-MS), e o líder do PMDB no Senado, senador Renan Calheiros (AL). Entre os assuntos em pauta está a análise da representação feita pelo grupo itamarista, com as assinaturas exigidas, pedindo a convocação da convenção antes das prévias.

Ele explicou que a determinação tem de partir da direção do PMDB, que até este momento não recebeu a representação do grupo dissidente. Os itamaristas alegam que já conseguiram o apoio de um terço do partido ou 173 assinaturas de convencionais para a realização da pré-convenção. O ex-deputado Paes de Andrade disse que pretende publicar em jornais de circulação nacional a convocação para que os convencionais estejam presentes à convenção de 3 de março.

"O deputado Paes de Andrade não pode pensar isso porque ele já foi presidente do PMDB e conhece as regras. Para convocar o partido, a representação com as assinaturas deverá ser entregue à direção do PMDB para que a executiva analise e delibere sobre o assunto. Caso contrário, não haverá essa convenção", garantiu Michel Temer.


Artigos

Atualidade de Nabuco
Roberto Cavalcanti de Albuquerque

Notem-se as edições recentes de O estadista do Império, Minha formação, O abolicionismo, obras magnas de Joaquim Nabuco. Atente-se ao novo-velho debate que se vem travando sobre a vida-obra de um dos maiores vultos do Segundo Império. Eles atestam a atualidade do insigne pernambucano, com presença assegurada como intérprete do Brasil. E ora visto como modelo de brasilidade, ora como metáfora patética do intelectual brasileiro.

Alguns aspectos menos percebidos do Nabuco grande intérprete do Brasil são ressaltados por Evaldo Cabral de Mello. Ao considerar O abolicionismo um dos textos fundadores da sociologia brasileira. Embora sem ambição teórica e escrita em linguagem jornalística, essa obra de combate articula visão totalizadora das raízes históricas do Brasil ao ver na escravidão a instituição que formou o País: sustentando a economia; definindo a estrutura social; explicando o Estado e, em geral, as formas do exercício do poder na sociedade; fortemente influenciando a cultura nacional. Ou ao refutar o elitismo e a postura olímpica de Um estadista do Império, mais do que uma biografia um livro do gênero life and times, tão em voga nos países de língua inglesa, além de uma vívida análise da prática política sob o regime monárquico.

É contudo a partir de releituras de Minha formação que se intenta transformar a figura altaneira de Joaquim Nabuco, paradigma da nacionalidade para muitos intérpretes seus, entre eles Gilberto Freyre e Alceu Amoroso Lima, em encarnação dramática de duas patologias do caráter e da vida nacionais. A primeira delas decorre de reações iradas a textos de sua seminal obra autobiográfica como este: "O sentimento em nós é brasileiro; a imaginação, européia. As paisagens todas do Novo Mundo, a floresta amazônica ou os pampas argentinos, não valem para mim um trecho da Via Ápia, uma volta da estrada de Salermo a Amalfi, um pedaço do cais do Sena à sombra do velho Louvre". É a "moléstia de Nabuco", no dizer de Mário de Andrade (em carta a Carlos Drummond de Andrade, recentemente realçada por Silviano Santiago). Ou seja, o fato de os brasileiros "andarem sentindo saudades do cais do Sena em plena Quinta da Boa Vista", a "tragédia de Nabuco de que todos nós sofremos", eurocentrismo contra o qual os modernistas de 1922 vão se insurgir.

A segunda patologia, identificada por Luiz Costa Lima, resulta do seguinte texto de Minha Formação: "Hoje, que ela (a escravidão) está extinta, experimento uma singular nostalgia, que muito espantaria um Garison ou um John Brown: a saudade do escravo." E se exprime no que Costa Lima chama o "trauma da escravidão". Nabuco em parte o explica quando reclama que "a corrente abolicionista parou no dia mesmo da abolição e no dia seguinte refluía". Ou seja, legou-nos um país confuso e incompleto ao frustrar a necessária reforma da sociedade. E, mais que ela, a "reforma individual de nós mesmos", assim libertando "os escravos e senhores do jugo que os inutiliza, igualmente, para a vida livre". Pois na alforria dos escravos estava a alforria de seus senhores. Trauma, acrescenta Costa Lima, que ainda continuamos a viver depois de mais de um século da abolição (e sem ter a coragem que teve Nabuco em confessá-lo). Pois a escravidão ainda projeta pesada sombra sobre o Brasil, uma sociedade dividida, fraturada pela desigualdade, excludente de muitos. E embora o país disponha dos meios para reduzir esse fosso social, brumas de sentimento e alegorias de retórica turvam-lhe a razão, impedindo agir eficaz, socialmente transformador.


Colunistas

DIARIO Político

Reforma de João Paulo

João Paulo decidiu tomar as rédeas da PCR e prepara a primeira reforma do secretariado para abril, quando alguns secretários deixarão seus cargos para disputar mandatos na eleição de outubro. O prefeito prefere fazer isso no prazo de desincompatibilização para evitar problemas políticos que, fatalmente, teriam repercussão na pré-candidatura de Humberto Costa ao Governo do Estado. Um ano e dois meses depois de chegar à PCR, João Paulo descobriu que o modelo de gestão que herdou de Roberto Magalhães é lento, não permite um controle do trabalho das secretarias e empresas municipais, e provoca desperdício de recursos. O prefeito acredita que as alterações no secretariado também vão permitir um melhor entrosamento político porque agora a situação é confusa, com aliados e petistas disputando espaço, complicando a administração. Sem citar nomes nem os partidos que criam problemas na PCR, João Paul admite que sabe, nos mínimos detalhes, o que acontece nos bastidores do seu governo, informação que deve surpreender muita gente que apostava no desligamento do prefeito por conta do seu jeito zen de viver. E promete surpreender porque com apoio da Finatec, aquela fundação de Brasília contratada para ajudá-lo a administrar o Recife, João Paulo vai exigir dos secretários mais eficiência, cumprimento de prazos e metas e o combate efetivo ao desperdício. O desempenho de cada um será avaliado pela Finatec e quem não se enquadrar está fora da equipe.

O Carnaval do Recife foi organizado pela PCR mas, na mídia, quem faturou tudo, do sucesso aos adereços, foi o Governo do Estado. João Paulo perdeu a guerra da comunicação para Jarbas Vasconcelos, que ocupou todos os espaços carnavalescos

Faturamento A Copergás é a nova jóia da coroa de Pernambuco. Controlada pelo Estado através da Secretaria de Infra-estrutura, a empresa faturou R$ 31 milhões em 98, e em 2001 R$ 87 milhões. E deve triplicar o faturamento com a entrada das térmicas, segundo o secretário Fernando Dueire.

Eleição Jacilda Urquisa, do PMDB, deu mau exemplo no Carnaval, sujando as ruas de Olinda com propaganda política. Na do Amparo, um cabo eleitoral da ex-prefeita jogava, como se fossem confetes, pedacinhos de papel onde se lia "Jacilda Urquisa- deputada estadual 2002".

Disputa Waldemar Borges, do PPS, é um melindre só. Quando alguém pergunta ao vereador e secretário de Desenvolvimento Econômico de João Paulo se ele disputará uma vaga na Assembléia, é um Deus nos acuda. Ele fica constrangido, magoado, bem borocoxô. Está difícil de entender esse pós-comunista

Estratégia 1 Além de anunciar que fica no governo FHC até o último minuto, com o argumento de garantir a maioria governista no Congresso, o PFL adiou de abril para junho o lançamento da candidatura de Roseana Sarney a presidente da República.

Estratégia 2 Dizem que os pefelistas mudaram de estratégia com a governadora do Maranhão mas ela se faz de desentendida e segue em frente. Com apoio do pai, senador José Sarney, que trabalha para colocar o PMDB no palanque da filha.

Hino 1 O leitor que assina samueljacira, no e-mail, discorda do comentário feito aqui dizendo que o Hino de Pernambuco será associado a Jarbas Vasconcelos na campanha eleitoral.

Hino 2 Diz que quando ouve Pernambuco imortal, imortal, "não lembro de Jarbas, lembro da nossa gente sofrida, marginalizada, vilipendiada, de um Estado explorado por políticos inescrupulosos".

Hino 3 E que foi um exagero da titular do Diário Político dizer que o hino "nos faz lembrar de Jarbas". O leitor tem todo direito de discordar, agora, não custa observar o que vai acontecer.


Editorial

Negociações difíceis

A reabertura do mercado cambial argentino vislumbrou a perspectiva para que o país possa afinal recomeçar com algum êxito o esforço rumo à estabilização econômica. Analistas do mercado trabalhavam com a hipótese de a cotação do dólar chegar a três pesos. Mas, ao final das operações, a moeda norte-americana situou-se na relação de 1 para 2,10 pesos.

É claro que a flutuaç


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