Jefferson Praia relata situação dramática no Amazonas por causa da cheia



O senador Jefferson Praia (PDT-AM) fez, nesta quinta-feira (21), um relato das dramáticas condições em que estão vivendo as populações atingidas pelas enchentes no Amazonas. O parlamentar participou, no dia 18, de uma visita ao estado organizada pela Comissão Mista Permanente sobre Mudanças Climáticas para verificar os impactos das cheias.

Integraram a comitiva, além da presidente da comissão, senadora Ideli Salvatti (PT-SC), a senadora Marina Silva (PT-AC); os deputados federais amazonenses Marcelo Serafim (PSB), Vanessa Grazziotin (PCdoB) e Rebecca Garcia (PP). Um dos objetivos da viagem foi verificar se a causa dessa última enchente é típica ou decorrência de mudanças climáticas.

No primeiro município visitado, Manacapuru, foram encontradas ruas comerciais alagadas e sérios danos na agricultura e na pecuária. A prefeitura está alojando os moradores em prédios públicos.

Anamã, outro município assolado, "está todo embaixo d'água", conforme o depoimento do senador. Do prefeito Raimundo Chico, a comissão recebeu uma pauta de sugestões: que o governo oriente tecnicamente as prefeituras para lidar com o problema das enchentes; que os cidadãos afetados fiquem isentos de pagar energia elétrica; e que Anamã possa ter uma unidade de geração de energia a gás, já que o gasoduto Coari-Manaus passa por aquele Município.

Os parlamentares realizaram, em seguida às visitas, uma reunião na Assembléia Legislativa do Amazonas com diversas autoridades, entre secretários de Estado, integrantes da defesa civil e dos órgãos de meio ambiente e de meteorologia, além de cientistas. A partir das opiniões colhidas nesse encontro, será elaborado um relatório sobre as condições em que se deu a enchente e as suas possíveis causas.

A Secretária do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas, Nádia Cristina, destacou, por exemplo, que a cheia de 2009, no rios Negro e Solimões, deverá ser a maior dos últimos 56 anos, superando a de 1953, quando o nível do Rio Negro chegou a 29,69 metros. As projeções apresentadas apontam uma cheia de até 30 metros.

Segundo Nádia Cristina, foram atingidos 47 Municípios, com nove mil desabrigados, 330 mil pessoas afetadas, 60 mil desalojados e 300 mil alunos com aulas suspensas.

Ela destacou, ainda, que o período entre as cheias tem diminuído. Em 1922, registrou-se uma cheia. A seguinte foi em 1953, com intervalo, portanto, de 31 anos. Da enchente de 53 para a de 1976 o intervalo foi de 23 anos. Da 76 para a de 1989 o intervalo caiu para 13 anos. Entre a cheia de 89 e a de 1999, passaram-se dez anos, mesmo intervalo observado entre a última enchente e a deste ano.

Conforme o parlamentar, não se chegou a uma conclusão sobre se as fortes chuvas de 2009 devem-se ao ciclo normal da região ou aos efeitos do aquecimento global. Os estudiosos suspeitam que, no mínimo, as alterações sazonais foram intensificadas pelo efeito estufa. Foi recomendada a diminuição do desmatamento e o incentivo ao uso de combustíveis menos poluentes.



21/05/2009

Agência Senado


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