Jereissati contesta governo e diz que promessas de investimento são fantasia
Baseado no levantamento feito pela Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), que posiciona o Brasil em 75º lugar no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) contestou nesta quarta-feira (7) os valores que os governos federal e do Rio de Janeiro têm prometido investir em apenas três eventos: a Copa do Mundo em 2014, as Olimpíadas em 2016 e a capitalização da Petrobras para exploração do petróleo na camada pré-sal.
Jereissati lembrou que o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, tem dito que serão investidos US$ 50 bilhões para as Olimpíadas e que o governo federal já prometeu investir US$ 12 bilhões para a Copa do Mundo e mais US$ 100 bilhões na Petrobras para explorar o petróleo da camada pré-sal, totalizando US$ 162 bilhões. Ele salientou que, em sete anos, o governo Lula investiu cerca de US$ 65 bilhões.
- Isso é o mundo da fantasia. Evidentemente que esses números não são reais - disse o senador.
Para Jereissati, "não se pode acreditar" que o governo Lula, que até agora, segundo disse, só conseguiu investir US$ 65 bilhões, e apresenta este ano uma taxa de investimento decrescente, vai poder investir US$ 165 bilhões somente nesses três eventos.
- E até aí não tem um tostão para educação ou saúde. Isso significa que vamos investir muito mais do podemos - se for isso tudo -, aumentar a dívida pública e continuar em 75º lugar em desenvolvimento humano - afirmou.
Jereissati disse que a euforia que o país parece estar vivenciando com a superação da crise financeira internacional, a Copa do Mundo e as Olimpíadas, esconde um enorme problema social com a completa falta de prioridade para os investimentos necessários nas áreas de educação, saúde e saneamento básico. Ele lembrou que o IDH foi criado para fugir da análise baseada apenas no Produto Interno Bruto (PIB) de um país, sem levar em conta a qualidade de vida da população, e que o Brasil está estacionado há anos no 75º lugar.
- Estamos indo relativamente bem no aspecto econômico, mas no social estamos indo muito mal. Nós estamos passando para o primeiro mundo em determinados índices econômicos, mas oscilando entre país emergente e país subdesenvolvido nos índices sociais - assinalou.
Jereissati disse que a consequência natural desse quadro é o agravamento da concentração de renda. O senador salientou que a história ensina que nenhum país do mundo conseguiu superar dificuldades priorizando investimentos em áreas que não tenham repercussão imediata do ponto de vista social.
O senador Antonio Carlos Junior (DEM-BA) disse que o investimento no Brasil é muito baixo na área social e não chega aos municípios devido à corrupção e à má aplicação. Ele observou que mesmo assim o governo teima em aumentar gastos no custeio da máquina pública sem fornecer serviços de qualidade, como demonstra o relatório do PNUD. Também o senador Arthur Virgílio (PSDB-AM) apoiou o discurso de Jereissati.
07/10/2009
Agência Senado
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