João Pedro lê nota de Berzoini para orientar votação do PT
O senador João Pedro (PT-AM) leu, durante a reunião do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, nota do presidente do partido, deputado Ricardo Berzoini, em que este orientou os representantes do PT no colegiado a votarem pelo arquivamento das ações contra o senador José Sarney (PMDB-AP), impetradas pelo PSOL e pelo PSDB.
Berzoini afirma que a crise do Senado é "alimentada pela disputa política relacionada às eleições de 2010", e que votar pelo arquivamento das ações contra o presidente José Sarney seria uma "forma de repelir essa tática política da oposição, que deseja estabelecer um ambiente de conflito e confusão política, no momento em que os grandes temas do Brasil, como o Marco Regulatório do Pré-sal e as estratégias para superação da crise internacional, são propostos pelo presidente Lula como pauta para o necessário debate nacional".
Os representantes do PT no Conselho de Ética - Ideli Salvatti (SC) e Delcídio Amaral (MS), além do próprio João Pedro - seguiram a recomendação e votaram pelo arquivamento das ações, confirmando a decisão tomada anteriormente pelo presidente do conselho, senador Paulo Duque (PMDB-RJ).
O partido, entretanto, estava dividido. O líder no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), havia liberado os parlamentares "para votar de acordo com suas consciências". Eduardo Suplicy (PT-SP), terceiro suplente, chegou a votar contra o requerimento que previa a análise em bloco das denúncias, mas foi substituído pelos titulares em seguida. Mercadante havia anunciado ainda a intenção de avaliar o mérito de cada uma das representações e denúncias, mas o PT também foi favorável à análise em bloco dos recursos a todas elas. Depois da reunião do conselho, o parlamentar disse que "sua vontade verdadeira era sair da liderança, mas não vou contribuir para agravar a crise da bancada". Ele colocou o cargo à disposição.
Flávio Arns (PT-PR), ao comentar a postura de seu partido no Conselho de Ética, se disse envergonhado de ser filiado ao PT, acrescentando que a legenda "rasgou a página fundamental de sua constituição, que é a ética", ao votar a favor do arquivamento das ações. Ele também criticou a nota de Berzoini. Para Flávio Arns, seu partido "deu as costas para o social, para o povo, para seus princípios".
- Eu me envergonho de estar no PT, com esse direcionamento que o partido está tomando. Quero dizer isso de maneira muito clara para todos os meus eleitores. Houve um equívoco. Quando entrei no partido, achava que bandeiras eram pra valer, não eram de mentira - afirmou o senador, acrescentando que as bandeiras que hoje movem o PT "são bandeiras eleitorais, bandeiras visando a eleição do ano que vem".
A oposição também criticou o posicionamento do PT. Sérgio Guerra (PSDB-PE) afirmou que, ao votar contra a abertura de uma investigação, o PT cometia um "atentado ao direito de democracia, de discussão", e que cercear esse direito é um erro grave. Demóstenes Torres (DEM-GO) declarou que o discurso do PT se diferencia na prática, e que a legenda brinca com a opinião pública, perde sua identidade e muda de posição a toda hora. José Nery (PSOL-PA) afirmou que só a investigação poderia demonstrar se "há culpabilidade ou responsabilidade" nas denúncias, que por enquanto, não passavam disso.
Já Pedro Simon (PMDB-RS) afirmou que este é "um triste dia para o Senado e para Sarney". Ele mencionou ainda a saída da senadora Marina Silva (AC) do PT e declarou que "hoje é o dia em que o PT abraça Sarney e Collor e perde Marina"
Ao defender o PT, o senador Almeida Lima (PMDB-SE) lembrou que todas os partidos tiveram divergências para definir sua posição no Conselho de Ética, e isso não seria diferente entre os petistas.
- Não queiram ser aqui melhor do que os outros - declarou Almeida Lima.
19/08/2009
Agência Senado
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