Junto com os funcionários, conheça um outro lado da Pinacoteca
Zé Maria, Joílson e Cícero são uns dos responsáveis por preparar os cenários de cada exposição
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- José Maria Alves Lima, 62 anos, nasceu em Laranjal Paulista e há 15 anos trabalha como serralheiro na Pinacoteca do Estado de São Paulo confeccionando bases para as obras que ficam em exposição. “Não tem como trabalhar sem a máquina de solda”, diz
- Joílson de Oliveira Mendes, 44 anos, baiano de Ubatã, é oficial de manutenção há 16 anos no museu e auxilia a equipe em todo o processo de preparo para uma nova mostra. “A manutenção é uma das partes mais importantes, porque ajuda todo o setor”, comenta
- Cícero Teixeira Peixoto, de 52 anos, veio de Garanhuns, Pernambuco. Já havia trabalhado com o Zé Maria e iniciou na Pinacoteca, por coincidência, no mesmo dia em que o antigo colega, 15 anos atrás. Trabalha com a pintura dos cenários
- Fundada em 1905, a Pinacoteca do Estado é o museu de arte mais antigo da cidade de São Paulo. Tem ênfase na produção brasileira do século 19 até os tempos atuais. É o maior e mais completo acervo de produção artística brasileira
- “Sempre admiro muito a beleza desta construção do prédio, não me canso, não! Admiro também os profissionais da época que fizeram isso 100 anos atrás. Não é uma parede reta, é cheia de detalhes”, observa Cícero
- “Um está sempre procurando ajudar o outro. Somos unidos e nos damos muito bem”, diz o pintor Cícero, reforçado pelo comentário do oficial de manutenção Joílson: “aqui é amizade!”
- “Até a última hora a pintura ainda faz uns retoques para finalizar. Às vezes, o curador daquela mostra reposiciona a obra que está na parede e vai ficar um furinho, então precisa acertar o espaço”, explica Cícero
- “Começamos agora a montar a próxima exposição, e tem o prazo pra cumprir. Geralmente leva de 15 a 20 dias montando; dependendo, até mais”, relata ainda o pintor Cícero
- A Pinacoteca abriga mais de nove mil obras de artistas consagrados. “A gente só saía da metalúrgica e ia pra casa, não tinha o hábito de visitar museu. Aí adorei quando conheci aqui dentro!”, relembra o serralheiro Zé Maria
- “O arquiteto da Pinacoteca passa para mim o que eu tenho de fazer e aí eu vejo o material que ele pede, vou ver a escultura, e então faço o cálculo de quanto material eu vou usar”, descreve Zé Maria
- “Entra primeiro o trabalho do Zé, e depois eu começo com a pintura. E ainda tem a elétrica e a montagem das obras. A parte da manutenção também nos ajuda muito quando o serviço está muito corrido”, conta Cícero
- A equipe de Zé Maria, Joílson e Cícero também é responsável pela conservação do museu, mas o oficial de manutenção Joílson frisa que “a prioridade é a exposição. Quando vai começar uma nova, a gente deixa as outras coisas para focar nisso”
- “Gosto de trabalhar aqui, acho legal, gosto do que faço. Eu acho bonito o museu. O prédio é praticamente uma obra de arte!”, declara Joílson
- Além do centenário prédio da Luz (foto), outro edifício também foi incorporado pela Pinacoteca em 2004 para receber mais exposições: a Estação Pinacoteca. “Todo mundo trabalha nos dois. Quando tem exposição lá, vai todo mundo pra lá”, comenta Zé Maria
- “Quando tem um projeto para exposição, o coordenador reúne todo mundo. Todo mundo tem que ajudar”, fala o oficial de manutenção Joílson
- “Em 15 anos que estou aqui já vi tanta coisa bonita!”, afirma o serralheiro Zé Maria
- “Conforme a exposição que chega, a gente vê a estrutura e o material que usa. Pode ser uma estrutura de chapa, pode ser uma estrutura de metal. Exposição de escultura dá mais trabalho, tem que fazer base reforçada”, explica Zé Maria
- “Todos os artistas vêm falar com a gente, conversam, é legal! Só não entendo o que eles falam! Quando é brasileiro é mais fácil!”, diz Zé Maria que se diverte com a relação tida com os expositores
- “O serviço só acaba mesmo quando inaugura. Até inaugurar estamos sempre fazendo retoque. E em qualquer serviço a manutenção está participando”, conta Joílson
- Os três foram passear pela última exposição inaugurada. Até então, apenas tinham visto durante a montagem do projeto. “Cícero, é melhor você ficar na frente pra sair na foto”, brinca Joílson
- “Criado em fazenda, eu gosto desses tipos de quadros”, diz Joílson ao escolher as telas que mais lhe agradaram na última exposição montada: “Seis Séculos de Pintura Chinesa”. As obras de nanquim e cores sobre o papel escolhidas são de Xu Beihong
- Cícero escolheu “O Monte Emei”, feito em 1955 por Zhang Daquian. “Gosto mais de paisagem. Por exemplo, um dia estava vendo um litoral de 70 ou 80 anos atrás, tudo sem ninguém. Hoje você vai lá e vê como mudou! O crescimento da população fez uma invasão!”
- Zé Maria se identificou mais com “Tempestade”, datada de 1944, feita por Fu Baoschi. Mas comentou: “gosto mais de ver escultura, combina mais comigo. Ainda mais se tem coisa de metal!”
- “Os visitantes vêm para apreciar as obras, porque têm história. Só que tudo que foi construído lá também chama a atenção, e alguns vêm falar às vezes sobre como ficou bonito”, relata o pintor Cícero
- A Pinacoteca realiza cerca de 30 exposições por ano. “As obras que eu mais gostei foram do (Auguste) Rodin, um artista francês. Gosto porque também faço umas esculturas”, comentou o oficial de manutenção Joílson ao lembrar do que viu nos últimos 16 anos
- “Falar que trabalha aqui, você fica reconhecido. Você leva de lembrança”, declara Joílson
05/18/2013
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