Juristas que estudam mudanças nas leis eleitorais poderão aguardar reforma política



A Comissão de Juristas encarregada pelo Senado de propor mudanças na legislação eleitoral poderá aguardar decisão sobre os grandes temas da reforma política em curso no Congresso. Proposta nesse sentido será feita aos juristas pelo relator da comissão, o ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal (STF) Carlos Velloso.

Em entrevista à Agência Senado, Velloso, que já foi presidente do STF e do Superior Tribunal Eleitoral (TSE), explicou o trabalho que vem sendo feito pelos juristas e apontou temas comuns às reformas eleitoral e política:

Foco da Comissão de Juristas

"A Comissão de Juristas trata da legislação eleitoral, substantiva e processual. Temos por missão, sobretudo - esta é minha posição pessoal - verificar o que ocasiona atrasos no processo eleitoral, o que vem impedindo um julgamento mais rápido e racional das questões eleitorais. É claro que cuidaremos, também, de questões relevantes de direito eleitoral material, substantivo, desde que não impliquem reforma constitucional. É bom que seja ressaltado, entretanto, que há membros da comissão que entendem que poderíamos propor, também, reformas que exijam alterações constitucionais."

Relação entre o trabalho dos juristas e a reforma política

"Uma reforma política é muito mais ampla do que uma reforma de normas eleitorais infraconstitucionais. Todavia, há temas que permeiam as duas reformas, como, por exemplo, o financiamento de campanha, fidelidade partidária, sistema de voto - proporcional, majoritário, distrital e até o denominado 'distritão'. Certo é que a reforma política importará, sem dúvida, reforma da legislação infraconstitucional.

Pretendo propor à nossa comissão que aguardemos, no que toca aos grandes temas, o pronunciamento das Comissões da Reforma Política [do Senado e da Câmara], ou mesmo que pensemos numa forma de articulação entre a Comissão de Juristas e as Comissões da Reforma Política." 

Apresentação de anteprojeto de reforma da legislação eleitoral

"Em princípio, estaremos atentos aos prazos estabelecidos [abril, conforme prorrogação definida no fim do ano passado]. Acontece que surgiu fato novo - a criação das Comissões da Reforma Política [no Senado e na Câmara]. De certa forma, esse fato novo interfere nas reformas por nós cuidadas. A questão há de ser pensada, portanto, sob pena de os nossos trabalhos ficarem prejudicados ou de ser necessário que a Comissão de Juristas retome tais trabalhos e cuide de temas tratados pelas Comissões da Reforma Política, que vão exigir reforma da legislação infraconstitucional."

Prorrogação de prazo

"Ainda não há negociação ou decisão a respeito. Estou certo de que os membros da Comissão de Juristas decidirão, oportunamente, da melhor forma. Aguardemos o pronunciamento do presidente, ministro Dias Toffoli, que poderá levar a questão a debate da comissão na próxima sessão."



18/02/2011

Agência Senado


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