Laser pode ser nova ferramenta de combate às cáries
Técnica causa modificações químicas e estruturais no esmalte dentário e o torna mais resistente
A utilização de um feixe laser para o tratamento dentário pode reduzir a profundidade das lesões provocadas por cáries dentárias. De acordo com uma pesquisa realizada na Faculdade de Odontologia (FO) da USP e na Universidade de Aachen, na Alemanha. Essa técnica causa modificações químicas e estruturais no esmalte dentário e o torna mais resistente às lesões provocadas pela cárie. O estudo de doutorado é da cirurgiã dentista Marcella Esteves Oliveira e resultará no primeiro diploma co-tutelado da USP em parceria com a universidade alemã.
Segundo a pesquisa, a ação do laser seria mais eficiente do que o tratamento convencional com flúor tópico. Marcella explica que a maior vantagem está no fato de o laser ser eficiente também nos sulcos e fissuras dos dentes molares, região onde o efeito preventivo do flúor é limitado.
“As pesquisas com laser para a prevenção de cáries começaram na década de 1960. Mas o tipo de laser disponível naquela época causava danos térmicos no esmalte e tornava a técnica inviável”, diz a pesquisadora. Ela se refere a um tipo específico de laser que usa o rubi como meio para a produção do feixe de luz. Em sua pesquisa, foi utilizado um aparelho que substitui o rubi por dióxido de carbono.
Outro fator determinante para o sucesso da técnica foi o equilíbrio entre alguns parâmetros de trabalho do laser. Foram testadas 11 combinações. No parâmetro que obteve melhores resultados, a profundidade das lesões diminuiu 81% em relação ao grupo de controle (que não recebeu nenhum tratamento).
O estudo não utilizou seres humanos para os testes. “Para os três estudos foram utilizados cubos de esmalte bovino com as superfícies polidas. Após o tratamento das superfícies com laser, as amostras foram submetidas a condições ideais para o desenvolvimento de cáries. É um modelo reconhecido internacionalmente para esse tipo de pesquisa”, explica a pesquisadora. O próximo passo, afirma, é testar a técnica em humanos.
Segundo a pesquisadora, ainda não há perspectivas para a chegada dessa técnica aos consultórios. Além da necessidade de mais estudos na área, o custo dos equipamentos necessários é alto. “Aqui no LELO (Laboratório Especial de Laser em Odontologia da USP) nós temos equipamentos de até U$ 60 mil [aproximadamente R$ 100 mil]”, conta a pesquisadora.
O aparelho utilizado na pesquisa era, até então, utilizado somento em aplicações industriais. “Os equipamentos disponíveis no mercado ainda não alcançam a largura de pulso utilizada na pesquisa. Por isso, tivemos de usar um protótipo na Universidade de Aachen”, conta.
Diploma “sanduíche” O chamado “diploma sanduíche” significa que a tese de Marcella é de responsabilidade de ambas as instituições. Por isso, a pesquisadora passou dois anos da pesquisa na Alemanha, utilizando a estrutura da Faculdade de Odontologia de Aachen. Também por isso, a banca examinadora na defesa da tese foi composta também por dois professores alemães. Para Marcella, a co-tutela é uma forma de mostrar a qualidade da pesquisa produzida na USP.
O estudo foi financiado pela Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal em Nível Superior (Capes) em colaboração com seu equivalente alemão, o DAAD (sigla que em português significa Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico).
Da USP Online
02/23/2008
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