Lobão: parlamentares precisam propor soluções para migração desordenada



A troca da terra natal por outra é recorrente em toda a História da Humanidade, conforme lembrou o senador Edison Lobão (PMDB-MA) da tribuna nesta sexta-feira (16). Em seu discurso, no qual traçou um retrato da imigração no mundo contemporâneo, o parlamentar destacou que no Brasil o maior problema hoje é a emigração. Para Lobão, isso acontece pela falta de perspectiva de muitos brasileiros de sobreviverem dignamente na própria pátria. E, na avaliação do senador, cabe aos legisladores a responsabilidade de propor soluções aos problemas da migração desordenada.

- O Brasil deixou de ser uma terra de oportunidades para outros povos e tornou-se uma terra de emigrantes. Segundo estimativas recentes, já há mais de dois milhões de brasileiros vivendo no exterior na esperança de uma vida melhor - lembrou Lobão.

O senador lembrou que, por outro lado, o Brasil está se tornando um atrativo para os vizinhos mais pobres, principalmente bolivianos e paraguaios.

- O pior é que, como não somos um país rico, está se tornando comum a divulgação de exploração desses imigrantes que entram de forma ilegal no país e acabam engrossando as legiões do trabalho escravo, principalmente em pequenas empresas de São Paulo, para onde são mais fortemente atraídos.

O senador defendeu que os parlamentares não busquem soluções apenas para os brasileiros, mas que procurem "influir na humanização do tratamento para todos os migrantes, visto que as fronteiras entre os países se tornam cada vez mais tênues, devido à evolução tecnológica dos meios de comunicação e de locomoção".

Lobão lembrou que, nas últimas décadas, a migração desenfreada está se tornando um problema para os países mais desenvolvidos. Esses países, disse, durante algum tempo abriram suas portas para os imigrantes, como forma de conseguir mão-de-obra, mas hoje países como França, Espanha, Estados Unidos e Alemanha estão às voltas com sérios problemas, pois, lembrou ainda o senador, os descendentes desses imigrantes são agora exigentes cidadãos nacionais.

De acordo com Lobão, levantamento da Organização das Nações Unidas (ONU) concluiu que existem 191 milhões de migrantes, sendo que cerca de 115 milhões estão nos países industrializados. Os Estados Unidos estimavam em 38 milhões os imigrantes naquele território em 2005, e, entre eles, de dez a 12 milhões não tinham documentação legalizada.

- De nada adiantava aos países desenvolvidos o nível de qualidade de vida alcançado se do outro lado dos mares e limites territoriais, em distâncias cada vez mais encurtadas pela maior rapidez e diversidade dos transportes, aprofundavam-se a miséria e a desordem - disse.

O senador também lembrou a relação que as migrações têm com a questão da taxa de natalidade, que cai nos países desenvolvidos, enquanto se mantém alta nos países mais pobres. Assim, avaliou Lobão, os países desenvolvidos oferecem muitas oportunidades de trabalho mesmo para pessoas com pouca qualificação profissional. Mas há sempre o risco de os imigrantes serem tratados como "cidadãos de segunda classe", alertou.

Em aparte, o senador Augusto Botelho (PT-RR) e o senador Geraldo Mesquita Júnior (PMDB-AC) externaram preocupação com o crescimento demográfico desordenado, que tem relação, de acordo com a avaliação dos parlamentares, com os altos índices de gravidez precoce.



16/11/2007

Agência Senado


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