Lula sugere criação de Secretaria Nacional de Segurança Pública









Lula sugere criação de Secretaria Nacional de Segurança Pública
O pré-candidato do PT à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, transformou a cerimônia de lançamento do programa de governo para a área da segurança pública num ato suprapartidário e conquistou o apoio do ministro da Justiça, Aloysio Nunes Ferreira, e do presidente da Câmara, Aécio Neves (PSDB), às propostas petistas. "Esse documento apresentado pelo Instituto Cidadania é o mais completo e importante documento elaborado na área da segurança pública", disse Aécio Neves, que, apesar de apoiar a candidatura presidencial do senador José Serra (PSDB-SP), participou da solenidade na Câmara organizada pelo Instituto Cidadania, entidade ligada ao PT. Aécio comprometeu-se a discutir os pontos do projeto na Comissão de Segurança Pública da Câmara. O ministro da Justiça explicou que decidiu prestigiar o encontro para demonstrar que, na área da segurança pública, há mais afinidades do que diferenças entre o PT e o governo.

"Me despi das minhas preocupações partidárias e me uni ao mutirão contra a criminalidade", justificou Aloysio Nunes em discurso durante a cerimônia. Ao tomar a palavra, Lula afirmou que não vai disputar a "paternidade" das propostas incluídas no projeto de Segurança, cujos pontos servirão de base para o programa de governo do PT. "Ao lançar o programa, o nosso objetivo é evitar que amanhã vocês sejam a próxima vítima", disse Lula dirigindo-se à platéia. Tendo como eixo central a reforma geral e unificação das polícias, o programa sugere a criação da Secretaria Nacional de Segurança Pública, pasta especial que será subordinada ao gabinete da Presidência da República.


Políticos gaúchos consideram inoportuna a decisão do TSE
A decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de tornar obrigatório que a coligação nacional seja mantida nos estados mexeu nos bastidores da política gaúcha, não tanto pelo mérito da decisão, mas pelo momento em que foi anunciada. Às vésperas das convenções, os partidos terão que redefinir seus rumos.

Presidente regional do PPB, o pré-candidato ao governo Celso Bernardi estava articulando uma aliança com o PFL e o PSDB visando a disputa ao Palácio Piratini. Para ele, que é favorável à manutenção das identidades partidárias nas coligações, o momento é inoportuno. "Estávamos negociando com base na legislação de 1998", explicou.

Acrescentou que as alianças devem manter simetria para que não sejam beneficiados interesses regionais e pessoais. Questionou, no entanto, o peso da consulta ao Tribunal. "Na consulta não tem contraditório", criticou.

Segundo o presidente estadual do PFL, deputado Germano Bonow, se a decisão não for revertida, o partido apresentará candidato próprio no Rio Grande do Sul. "A não ser que haja uma coligação nacional em torno de um candidato da base de sustentação do governo, o que resolveria o problema aqui", destacou. Bonow ratificou a opinião de Bernardi sobre o mérito da decisão, mas ressalvou que ela deveria ter sido tomada no ano passado.

A mesma coisa disse o presidente estadual do PMDB, deputado federal Cesar Schirmer. "Gostamos da decisão porque ela fortalece os partidos e a democracia, devolvendo-lhes legitimidade e coerência", comentou. Ressaltou, no entanto, a necessidade de reavaliação das negociações em andamento. "Reconheço que a determinação foi intempestiva e deveria ter sido tomada meses atrás", concluiu.

O presidente em exercício do PSDB, Carlos Albuquerque, considerou lógica a decisão do Tribunal. Conforme Albuquerque, a medida moraliza as coligações, que passarão a ser feitas em cima das propostas de governo, não de interesses eleitoreiros. "As negociações entre os partidos terão que ser reavaliadas no Estado", concluiu.

PSB e PT recorrem da decisão no STF
O presidente do PSB gaúcho, Beto Albuquerque, classificou como retrocesso no processo democrático brasileiro a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de verticalização das coligações partidárias. Conforme ele, a medida é autoritária e ilegal. "Estão querendo interferir na livre organização dos partidos políticos", afirmou.

Para Beto, são mudanças casuísticas que atingem principalmente a esquerda brasileira e desarrumam totalmente a experiência eleitoral do País. "Com a desculpa de ordenar, bagunça o quadro político atual", comentou.

Acrescentou que, se a intenção fosse realmente séria, deveria ter sido definida antes e não quando faltam apenas seis meses para as eleições. "Só falta querer a volta do voto vinculado, como no regime militar, onde todos deveriam votar nos candidatos de um mesmo partido", ironizou o socialista.

Beto declarou, ainda, que a medida beneficia as candidaturas oficiais. Com ele concorda o secretário-geral do PT, Chico Vicente. "Essa decisão só serviu para favorecer o candidato do PSDB à presidência, José Serra", acusou.

Segundo ele, no caso do PT gaúcho, há um aspecto positivo e um negativo. "O positivo é o fim de qualquer possibilidade de aliança com o PL. O negativo é que nos afasta do PSB no Estado", esclareceu.

Tanto o PSB nacional quanto o PT pretendem recorrer da decisão no Supremo Tribunal Federal. "Espero que os ministros do TSE que também integram o STF demonstrem postura ética e sejam, antecipadamente, impedidos de julgar os recursos sobre o tema", desafiou Beto.

PTB, PDT e PPS não sofrerão grandes prejuízos no Estado
Diferentemente dos demais partidos, as negociações entre PDT, PTB e PPS para o governo do Estado não serão prejudicadas, porque as três legendas já estão unidas nacionalmente em torno da candidatura de Ciro Gomes (PPS) à presidência da República.

Para o deputado Iradir Pietroski, presidente regional do PTB, não haverá maiores problemas no Rio Grande do Sul. Analisou que a determinação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) vai moralizar a política, fortalecer os partidos e acabar com as siglas de aluguel. "Mas essa decisão agora causou uma confusão danada", disse.
Já o candidato do PDT ao governo gaúcho, José Fortunati, também avaliou que a decisão fortalece os partidos brasileiros. Acrescentou que políticos de diversas siglas cobram, há muito tempo, a adoção de medidas que busquem esse fortalecimento. "Não adianta ter um discurso e uma prática diferentes", disparou contra aqueles que se opõem à posição do TSE.

Fortunati acredita que, mesmo havendo recurso ou tentativa de alteração da lei eleitoral, através de Proposta de Emenda Constitucional (PEC), não haverá tempo hábil para evitar que a decisão tomada seja aplicada nesta eleição.

Nélson Proença, presidente regional do PPS, considerou cedo para aprofundar avaliações, mas concordou que, no caso específico de seu partido no Rio Grande do Sul, não haverá grandes prejuízos. "No Estado, trabalhamos para repetir a aliança nacional com o PTB e o PDT", lembrou. Proença garantiu que é grande a possibilidade de que a aproximação dos três partidos se concretize.


Itamar Franco e Pedro Simon se inscrevem para prévia
O presidente do PMDB, deputado Michel Temer (SP), recebeu do governador Itamar Franco e do senador Pedro Simon as fichas de inscrição para a prévia do dia 17 de março, e marcou para às 12 horas de hoje uma reunião da Executiva nacional para definir a data da pré-convenção. A tendência da ala governista é manter a data do dia 8 de março, e não aceitar a proposta de 5 de março feita por Orestes Quércia. Temer decidirá também com a Executiva o quorum para a escolha do candidato nas prévias. Os aliados de Itamar Franco defendem a tese de que o candidato precisará do apoio de pelo menso 20% dos convencionais, mas os partidários de Temer vão insistir em um quorum mais alto, de 50%. Os do is grupos do PMDB continuam medindo forças. Orestes Quércia disse que, se a Executiva optar pelo dia 8 de março, ele realizará a pré-convenção no próximo dia 3, em São Paulo.


Tarso e Olívio defendem manter governo popular
Realizou-se ontem no Auditório Dante Barone da Assembléia superlotado o único debate aberto das prévias do PT. O público estava dividido ao meio entre partidários de Tarso Genro e de Olívio Dutra. O debate foi comandado pelo presidente regional do PT, David Stival. Ele fez questão de frisar que os inimigos do PT estavam ausentes daquele recinto, "lá fora".

O candidato Tarso Genro elogiou a experiência política da administração petista no Estado. Disse que sua candidatura representa um conjunto de forças do partido, e que pretende consolidar o projeto socialista popular no governo gaúcho. Ele entende que o governo tem que ser mais pluralista em relação às forças internas do partido, e que o perfil do governo tem que ser mais aberto. Os pontos que mais destacou: democracia no partido, participação sem exclusão de grupos no governo, e o respeito às diferenças. Finalizou dizendo que sua oposição não é a pessoa, e nem a tendências, mas a práticas políticas de governo. E anunciou que se vencer as prévias escolherá seu candidato a vice entre representantes dos grupos que apóiam Olívio.

O governador, por seu lado, se declarou um aprendiz permanente, e disse que o partido é uma escola. Colocou seu nome à disposição depois de ouvir vários segmentos do partido e da própria sociedade. E o fato de estar no governo lhe dá legitimidade à sua pretensão de conquistar um segundo mandato. Afirmou que deseja representar um pluralismo ainda maior, e aproveitar destes três anos de governo.

Declarou que a experiência não chegou pronta, nem acaba, e foi feita pelo protagonismo do cidadão. Disse que a luta do PT é contra um campo muito bem identificado, e que não está dentro do partido. Registrou que a eleição do governo do PT no Estado mudou a relação da administração estadual com a cidadania, fazendo com que o Estado não seja mais propriedade dos governantes e de seus amigos, e nem dos interesses dos empresários e da grande mídia.

Olívio afirmou que pretende fortalecer o PT no Rio Grande do Sul, para contribuir de forma decisiva para a eleição de Lula para a presidência da República.


Doze bairros de Porto Alegre têm focos do mosquito da dengue
A Secretaria Municipal da Saúde (SMS) já encontrou focos do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, em 12 bairros na Capital: Azenha, Cascata, Cavalhada, Aparício Borges, Glória, Medianeira, Menino Deus, Nonoai, Partenon, Santo Antônio, Teresópolis e Tristeza. A Vigilância Sanitária tem ordens para privilegiar estas localidades, caso ocorra duas reclamações na mesma hora.

O Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU) também está trabalhando junto com a SMS na fiscalização de áreas, principalmente terrenos baldios, que podem ter focos do inseto. A prefeitura já mapeou os principais pontos que podem ter problema e, caso a suspeita seja confirmada, o proprietário do terreno será notificado para efetuar a limpeza do local.

Até ontem, Porto Alegre tinha 11 casos confirmados da doença, dos 175 enviados para exame. Deste total, a SMS ainda não foi informada sobre os casos que foram descartados. Ou seja, os únicos resultados recebidos até agora deram positivo para a dengue.


Onze mil pessoas apóiam pista de eventos na Restinga
Representantes do Comitê de Defesa Pró-Pista de Eventos de Porto Alegre na Restinga entregou ontem ao prefeito Tarso Genro um documento com 11 mil assinaturas de apoio à construção da pista de eventos na área junto ao Parque Industrial daquele bairro da Zona Sul da Capital. De acordo com os organizadores da comissão, a adesão de 5,1 mil pessoas foi obtida durante as quatro noites de carnaval na avenida Augusto de Carvalho. Outras 5,9 mil assinaram um manifesto durante um ato-show realizado no dia 23 de janeiro, no Largo Glênio Peres.

O potencial da Restinga foi exposto em um grande cartaz, lembrando a dimensão da área disponível, infra-estrutura urbana existente, espaço para um estacionamento para 5 mil veículos, área para construção dos barracões, sistemas viário e de transporte público existentes. O movimento é composto por mais de 70 entidades, entre elas, a Sociedade de Engenharia (Sergs), Sindicato das Indústrias da Construção Civil (Sinduscon), Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB), associações comunitárias locais e carnavalescos.

O coordenador do comitê, Carlos Roberto Comassetto, disse que 14 escolas de samba de Porto Alegre e da Região Metropolitana apóiam a instalação do sambódromo na Restinga. "A questão da centralidade é fundamental", admitiu. "Mas a região tem a simpatia de boa parte da população", acrescentou, embasado na pesquisa da Ufrgs divulgada esta semana. No estudo, a Restinga ocupa o segundo lugar na preferência dos entrevistados (19,2%) como o lugar ideal para a pista de eventos. A avenida Augusto de Carvalho, local mais votado (com 38,8%), é considerada inviável.

Líderes de associações comunitárias ressaltaram a importância da pista de eventos como elemento de inclusão social e geração de renda e emprego, útil não apenas no período de carnaval, mas durante o ano todo. No dia 5 de março, o Conselho Municipal de Desenvolvimento Urbano e Ambiental (CMDUA) vai decidir entre a Restinga, Porto Seco ou Humaitá a melhor localização para a construção do sambódromo.

Prefeitura pode sugerir "proposta compensatória"
O prefeito Tarso Genro assumiu o compromisso ontem perante aos representantes do Comitê Pró-Pista de Eventos na Restinga que poderá sugerir uma "proposta compensatória", caso o bairro não seja o escolhido a sediar o sambódromo. O Humaitá é o favorito da prefeitura. Se o CMDUA confirmar a escolha pela região da Zona Norte, na reunião do dia 5, é pouco provável que Tarso revogue a decisão.

A medida compensatória poderia ser a construção de um equipamento de envergadura similar à da futura pista de eventos. "Não é uma decisão fácil de ser tomada", disse o prefeito. Segundo Tarso Genro, a proposta do movimento da Restinga é a melhor fundamentada até agora, embora as razões apresentadas para o sambódromo ir para lá são as mesmas dos demais bairros candidatos.

Hoje, das 10h às 17h, no Belém Novo Golf Club, será realizado um seminário em que serão discutidas as razões da pista de eventos na Restinga. O encontro terá a participação da secretária municipal da Cultura, Margarete Moraes, do ex-secretário do Planejamento Municipal, João Motta, e de carnavalescos.


Artigos

A dengue
Marineide Melo Rocha

Em minha formatura há 20 anos escutei de meu paraninfo Prof. Dr. Wilson Alecrim, mestre em doenças tropicais da Universidade Federal do Amazonas, o seguinte poema de Ferreira Gullar e o reproduzo de memória: "Conto os que morrem de febre, de tifo e esquistossomose
Conto os que morrem de malária, de dengue e tuberculose
Mas todos esses doentes, morrem mesmo é de fome
Quer a chamemos febre ou de qualquer outro nome..."

Duas décadas se passaram e apesar da evolução da medicina em alguns setores, vemos o recrudescimento da epidemia de dengue no nosso país. Lembrei desse poema ao ler na revista Época a surpreendente reportagem em que técnicos do ministério da Saúde através de relatórios e análises já avisavam em 1996 a seus superiores que uma epidemia de dengue surgiria se nada fosse feito para impedi-la. E o pior, um projeto de ações de saúde que impediriam essa epidemia foi posto de lado por um ministro "da saúde". É bem verdade que o custo desse saneamento planejado para três anos foi orçado em 4,5 bilhões de reais. Fica difícil para um médic o imaginar o que representa essa quantia de dinheiro, ainda mais se comparar com o salário médico médio atual.

Deixou-se de lado o projeto caro e o que se fez está aí no nosso quintal. O quintal não é força de expressão. O mosquito e as larvas estão verdadeiramente no nosso quintal. O Rio Grande do Sul já apresenta focos do Aedes aegypti e tem cidadãos gaúchos que retornaram de outros estados contaminados com dengue , portanto com o vírus na corrente sangüínea. O encontro do mosquito com este sangue é uma questão de tempo. Só no Rio de Janeiro já são 39.000 pessoas com a doença e 600 casos de dengue hemorrágico que é a forma grave da doença e que pode ser fatal.

O que fazer? Pensar no poema ajuda, os poetas conseguem em poucas palavras atingir nossa alma e relembramos nossa condição humana. Os cuidados de trocar a água de plantas, vasos e bromélias são de suma importância. Retirar pneus e garrafas com água parada também. Cuidar-se com repelentes durante o dia, pois o inseto não ataca à noite, telas, etc. Esperar que o "General Inverno" chegue rigoroso e que extermine o mosquito tropical.

Esta semana li em uma revista não técnica, portanto carece de confirmação, que um estudo em andamento no Instituto Manguinhos está mostrando que a colocação de borra de café nas plantas que acumulam água elimina o mosquito. Pode ser uma solução caseira e de baixo custo para combater a dengue.

Afora esses esforços pessoais, prevenir a dengue necessita de um trabalho muito mais exaustivo e profundo, que é o de garantir saneamento básico, educação,e acesso aos serviços de saúde (como previa o plano de 1996) a toda a população.

Prevenção em saúde é um trabalho a longo prazo que requer: vontade política, excelente assessoramento técnico e custos altos. E ,é claro, tem "o grande defeito" de não render votos imediatos.


Colunistas

CARLOS BASTOS

TSE provoca choque de poderes
A decisão do TSE de fazer restrições às coligações dos partidos nos Estados, forçando que repitam a aliança nacional, provocou uma reação forte no Congresso, e criou um choque entre o Poder Judiciário e o Poder Legislativo. Os senadores criaram a jato uma comissão especial, que elaborou um texto já encaminhado à Comissão de Justiça, que deve votá-lo hoje. A proposta de emenda constitucional contava ontem com 54 assinaturas, o que garante sobra votos para sua aprovação em plenário. O assunto terá que ser submetido no final ao Supremo Tribunal Federal, e vai ser um complicador pois sua decisão será numa fase crítica da campanha eleitoral. A governadora Roseana Sarney, que é a mais atingida pela decisão do TSE, chegou a dizer que se trata de um quase golpe, pois em relação ao prazo - a menos de um ano do pleito - é absolutamente inconstitucional.

Diversas
A grande maioria dos políticos e lideranças partidárias são favoráveis ao critério vertical das coligações, mas a maior restrição é à maneira com que o Tribunal Superior Eleitoral implantou a restrição às alianças.
O questionamento de Miro Teixeira foi apresentado em agosto e só agora obteve resposta. Em segundo lugar, há um dispositivo constitucional que exige que qualquer alteração na legislação eleitoral deve acontecer um ano antes da eleição.

Em verdade, não foi feliz a decisão do Tribunal Superior Eleitoral. Dá a nítida impressão de casuísmo para favorecer o candidato do Palácio do Planalto e do PSDB, o ex-ministro José Serra. E vários ministros que votaram pela implantação do sistema de coligações verticais, a esta altura do campeonato, foram nomeados pelo presidente Fernando Henrique Cardoso.

Este é o caso do próprio presidente do TSE, ministro Nelson Jobim, oriundo aqui do Rio Grande do Sul, que foi indicado para o Supremo Tribunal Federal por FHC, pois ocupou o Ministério da Justiça em seu primeiro mandato.

Não se questiona a necessidade de se disciplinar a vida partidária brasileira, e para isto a verticalização das coligações é fundamental, mas o que impressiona no caso é o momento inoportuno de sua implantação, quando estamos nas vésperas das convenções partidárias que escolherão os candidatos à Presidência da República, e aos governos dos Estados.

O Senado está dando uma resposta forte ao TSE, apreciando em tempo recorde, a emenda constitucional que suprime as restrições às coligações. E isto, sem sombra de dúvida, provoca um enfrentamento entre os dois Poderes.

Última
O vereador Estilac Leal (PT), partidário de Tarso Genro, diz que o chefe-de-gabinete do governador, Laerte Méliga, amplia o fosso entre o sentimento dos filiados do partido e o conteúdo de sua manifestação. Diz que isto desqualifica o debate e revela inconformidade com a possível vitória do prefeito de Porto Alegre nas prévias. E diz existir entre alguns petistas um messianismo fundamentalista.


FERNANDO ALBRECHT

Desânimo no Centro
Este colunista falou com um grupo de lojistas sobre o drama do Centro. Desânimo. Duvidam que em um ano eleitoral seja feito algo; pelo contrário, acham que os camelôs vão é se tornar mais violentos e ameaçadores. Aliás, eles acham que a situação de Porto Alegre pode prejudicar Tarso se ele for candidato. Quanto ao shopping popular: seria cômico não fosse trágico. Os 420 que sairão das ruas serão substituídos por outros, acreditam. A natureza abomina o vácuo. Camelô idem. A foto prova isso: um ambulante dono de dois pontos, na Borges, vendendo produtos diferentes.

Falsário preguiçoso
Leitor relata derrame de notas falsas de R$ 10,00, garantindo que é alarmante a quantidade. Ele observou que a falsificação é feita com notas plásticas e uma das características é a cor, que borra com água. Além disso, o descobridor do Brasil está grafado como "Pedro A. Cabral" - nas verdadeiras consta o Álvares. Falsificador preguiçoso esse. Custava fazer a coisa bem feita?

Banzé no oeste
Está armada a confusão com a decisão do TSE cobre coligações nacionais. Como diz o brocardo, "em casa que não tem pão todos brigam e ninguém tem a razão". Quem mandou procastinar a reforma partidária? Para muitos partidos, a decisão vai mais ajudar que atrapalhar no fim das contas. E tira um pouco da discussão sobre a aliança PT-PL, que não deve sair. Bom para o PT. Imaginem um debate alguém cobrando dos puros petistas uma aliança com liberais. Vai explicar isso nas vilas, vai.

E por falar em PL...
...a entrevista que o senador José Alencar (PL-MG) deu para o Jornal Gente da Band ontem de manhã foi um marco. Alencar espinafrou o MST e não se furou a falar nas privatizações. "O Estado é um péssimo empresário", garantiu, citando o exemplo dos bancos estaduais, "quebrados já quando a inflação tornava os bancos o melhor negócio do mundo". Fica a pergunta: o que o PT quer com o PL? De trás para frente também vale.

Fala a Smov
O secretário Guilherme Barbosa da Smov, explicou o atraso das diversas obras. No caso da Juca Batista e Perimetral trata-se de readequações e incorporação de novos itens; quanto à reforma do Paço, divergências com a DRT realmente causaram o atraso. Fica pronto em setembro.

Nova casa
O Moinhos de Vento vai de vento em popa e o bairro ganha uma nova casa em março. Será o Winers Cigar Club, que não vai viver só de charutos de primeira. Rum cubano, cervejas importadas e outros itens serão oferecidos a partir das 17h na Tobias da Silva, 229. Entre as curiosidades, a casa vai oferecer um charuto dominicano com o nome do Pedro Melo, do Buda e ex-Venezza. "Dominicano". frisa Melo, "com Cuba não quero nada".

Normas-Padrão
Será dia 12 o primeiro de uma série de seminários em mercados regionais sobre a aplicação das Normas-Padrão da Atividade Publicitária, uma promoção do Conselho Executivo das No rmas Padrão. Tema: auto-regulamentação comercial da publicidade brasileira e aprimoramento ético das relações entre anunciantes, veículos e agências, segundo o presidente da Abap RS, Diki Schertel. Reunião preparatória será hoje no São Rafael.

Tutufum, misifio...
Olhem só se não é caso para benzedeira: cidadão foi comunicado que sua casa em Xangri-Lá havia sido literalmente esvaziada por ladrões. O homem, executivo da área de seguros, foi conferir o estrago. Quando estava na frente da casa arrombada surgiram três assaltantes armados. E isso que dias antes um familiar sofreu um seqüestro-relâmpago.

Milícias na mira
O vice-prefeito de Dom Pedrito, João Carlos Weber, informou o deputado Frederico Antunes (PPB) que o Ministério Público da região está chamando produtores para saber deles se tem conhecimento de formação de milícias de fazendeiros. Weber também quis saber de Frederico qual o estágio atual das três notícias-crime contra o MST encaminhadas pelo deputado. Frederico também quer saber.

Projeto caloria
O deputado Manoel Maria (PTB) entrou com projeto que obriga os restaurantes, e afins de fixar, em local visível, a quantidade média de calorias das porções dos alimentos oferecidos. Não só isso. Conforme cada tipo de alimento e para facilitar o entendimento do consumidor, o deputado quer que as porções sejam indicadas em colheres, fatias, mililitros, gramas e unidade.

Pergunta e resposta
Depois de visitar toda Santa Catarina, o leitor Celso Ferlauto descobriu que a gasolina lá é mais barata. E pergunta o porquê. "Em uma das cidades serranas visitadas a gasolina comum estava cotada a R$ 1,30; como só uso gasolina especial, abasteci por um preço inferior à gasolina comum gaúcha. O curioso é que no período em que lá estive, o governo fez uma segunda redução no valor da gasolina para sobre ele incidir o ICMS, beneficiando os consumidores".

Sheraton POA tem encontro hoje com o trade turístico e com a imprensa especializada de São Paulo.

Industriais do setor de mármores/granitos discutem hoje com deputados incentivos para o setor.

Abre dia 4 em Caxias, na Roberto Silveira, 1194, o La Máfia Ristorante, de Renato/Alexandre Segalla.

Catarinense Weg firmou parceria com a SKA Automação de Engenharias.

Profissionais da e21 receberão bônus de participação (PPR) de 2001, que em muitos casos chegam a 60% do salário.

Empresário Pedro Zaluski recebe sexta às 9h no Teatro do Ipê homenagem do Corpo de Bombeiros.

Dataway Consultoria lança dia 5, na Fiergs, o iBaan, nova suíte de soluções e-business.


Editorial

ANALISTAS DEFENDEM A ENTRADA DO BRASIL NA ALCA

No Brasil, o que mais existem são dúvidas quando o assunto é a discussão de acordos de livre comércio com os países desenvolvidos, como a Alca que vem sendo proposta para unir todos os países do Continente e já tem o fim do ano 2005 como balizador de sua implantação. No mercado financeiro internacional, porém, começa a dominar a idéia de que o Brasil só terá vantagens se fechar um acordo com os Estados Unidos, seguindo o que é considerado como o exemplo bem-sucedido do México. Na opinião de analistas e investidores europeus e americanos, um acordo com a maior economia do mundo permitiria expandir o comércio e atrair mais investimentos, dois fatores decisivos para quem depende de recursos externos para crescer. Um tratado de livre comércio com a União Européia também pode ter benefícios semelhantes. Mas, por enquanto, as negociações ainda são entre o Mercosul e a UE e um acordo com o Brasil ainda não está na pauta.

Para analistas e investidores, o fechamento de um acordo de livre comércio serviria também como uma espécie de sinal de que o Brasil está comprometido com reformas e com uma política econômica sensata. Isto, na percepção do mercado, já estaria acontecendo com o México, por causa do Nafta, e países do Leste e Centro da Europa, porque estão por entrar na União Européia.

Segundo esse raciocínio, ao longo do caminho, se tudo der certo, um acordo comercial poderia levar o Brasil a subir para nível de investimentos na classificação de risco, como aconteceu com o México, barateando o custo de captar recursos externos. E quem, sabe, no futuro - que ainda não chegou para os mexicanos, embora o PIB per capita tenha duplicado -, os brasileiros poderiam aspirar padrões de vida de Primeiro Mundo.

O ponto de partida para o crescimento, sem dúvida, é mesmo a expansão do comércio exterior, que dá maior solidez às contas e melhora a proporção da dívida externa em relação às exportações, um dos pontos críticos na análises das agências de risco. As perspectivas de aumento das exportações para um mercado valioso por si só atraem mais investimentos. Além disso, na opinião de boa parte do mercado, cria também certos compromissos que aumentam a confiança dos investidores. Proporciona ainda um crescimento econômico que chama mais investimentos estrangeiros diretos. O México, por exemplo, no ano passado, recebeu mais investimentos do que o Brasil e ficou em segundo lugar entre os emergentes que mais obtiveram investimentos, depois da China.

Analistas dizem que um dos problemas do Brasil é que o governo fez as apostas erradas até agora. O Itamaraty errou na década de 80, quando apostou na África e no Iraque e de novo, com a Argentina nos anos 90. O Brasil precisa ter consciência de que já cresceu e que pode discutir de igual para igual as bases de um acordo de livre comércio com os Estados Unidos e com a Europa. Há quem diga que o Brasil tradicionalmente se posiciona como um líder do Terceiro Mundo e luta com a Índia por essa posição. Mas, os mais pragmáticos lembram que é melhor ser o último do Primeiro Mundo do que o primeiro do Terceiro Mundo.

A opinião dominante é que uma associação comercial, mesmo que carregue algumas limitações, é mais positiva do que nenhuma ou uma relação conturbada. Os especialistas destacam o desempenho do México este ano e como a sua economia se sustentou, apesar da desaceleração nos Estados Unidos, para onde vão 80% de suas exportações, e da crise na Argentina. Outra vantagem apontada é que, com a Alca, a América do Sul voltaria a ter a importância geopolítica que já teve para os americanos. Em tempos de guerra fria, toda a região recebia atenção e tratamento privilegiado do governo americano. Em tempos de guerra ao terrorismo, a Argentina não recebe ajuda. A Turquia muçulmana, vizinha do Afeganistão e do Iraque, obtém empréstimos recordes do Fundo Monetário Internacional.

Frases
O Brasil cresceu em vários momentos da sua história: no Estado Novo, na era JK, no regime militar. Mas a estrutura de distribuição de renda não mudou. Então, crescer apenas não resolve o problema. (Wellington Moreira Franco, presidente do Instituto Ulysses Guimarães, apresentando o plano de governo do PMDB).
Sempre falamos de fazer a reforma política. De repente essa reforma começa a ser feita. (Presidente Fernando Henrique Cardoso sobre a decisão do TSE de verticalizar as coligações partidárias).

Quem tomou a medida pensou no modelo partidário europeu, mas se esqueceu que o Brasil é uma federação, onde o peso dos estados na política é fundamental. (Cientista político Sérgio Abranches sobre o mesmo assunto).

Os juros precisam baixar e vão baixar. Baixarão com tanto mais intensidade e velocidade quanto mais sejamos capazes de mostrar, não ao resto do mundo, mas a nós mesmos, à sociedade, que estamos sendo capazes de equacionar os nossos problemas. (Ministro Pedro Malan, ontem, na Comissão de Orçamento do Congresso).

A situação de crise vai durar ainda muito tempo. Mas nem um milhão de paneleiros (os que participam dos panelaços) poderão forçar-me a renunciar. (Presidente Eduardo Duhalde, reaf irmando que vai até o final do mandato).

Personagen
Otimismo cauteloso de Greenspan
O presidente do Federal Reserve Board, o Banco Central norte-americano, Alan Greenspan, disse ontem à Comissão de Finanças do Congresso, ao relatar as metas de sua política monetária, que tem uma visão cautelosamente otimista da economia dos Estados Unidos e que a recessão parece se encaminhar para o fim, mas que a recuperação ainda precisa ser conquistada.


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02/28/2002


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