Mais de 16 mil pacientes esperam doação de órgãos em SP
Para a Central de Transplantes, o número de cirurgias poderia ser maior
Estima-se que, de cada seis doentes com o diagnóstico de morte encefálica, apenas um caso é notificado à Central de Transplantes, apesar da obrigatoriedade determinada por lei federal. Quando o médico deixa de notificar a Central, os prejudicados são os pacientes que aguardam na fila dos receptores de órgãos e tecidos.
“Mesmo sabendo que a fila de espera por um órgão nunca vai acabar, a duplicação do número de notificações representaria o dobro de transplantes realizados. E esse resultado depende de maior envolvimento da equipe médica”, avalia o coordenador da Central de Transplantes do Estado de São Paulo, médico Luiz Augusto Pereira.
De acordo com a literatura médica, de 1 a 5% dos óbitos numa Unidade de Terapia Intensiva (UTI) correspondem à morte encefálica. Esse percentual pode chegar a 15% quando se consideram UTIs neurocirúrgicas.
Por determinação legal, em cada Estado brasileiro deve haver uma Central de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos (CNCDO), popularmente conhecida como “Central de Transplantes”.
Fígado e rim
Em São Paulo, a Central foi criada em 1997 e funciona na sede da Secretaria da Saúde, na Avenida Doutor Enéas de Carvalho Aguiar, 188, em frente ao complexo do Hospital das Clínicas.
Atualmente, a Central de Transplantes de São Paulo tem mais de 16 mil pacientes cadastrados que aguardam doação de um órgão: 9.443 esperam transplante renal, 3.509, de fígado e 2.551, de córnea (considerada tecido). Sem contar a lista para pâncreas/rim (359), coração (96), pâncreas (36) e pulmão (66).
Em São Paulo, além da Central, existem dez Organizações de Procura de Órgãos (OPO), instaladas em hospitais de referência regional. Cada OPO atende a determinado número de hospitais em todo o Estado.
Na região metropolitana de São Paulo são quatro: HC da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), Santa Casa de São Paulo, Hospital Dante Pazzanese e Hospital São Paulo.
No interior, outras seis: Conjunto Hospitalar Sorocaba, HC da Unicamp, HC de Ribeirão Preto, HC da Unesp de Botucatu, HC de Marília e Hospital de Base de São José do Rio Preto.
Atenção aos familiares
A função da OPO é visitar os hospitais da região, consultar os médicos e verificar se existem pacientes com o diagnóstico de morte encefálica e potenciais doadores. De janeiro a novembro de 2007, dos hospitais que mais notificaram, a Santa Casa de São Paulo ficou em primeiro lugar com 72 comunicados. Em segundo, o HC da FMUSP, com 69. O HC da Unicamp e o Hospital Regional de Sorocaba empataram na terceira colocação, com 64 cada. A quinta colocação ficou com o HC de Marília (48).
“A cada ano o número de notificações de potenciais doadores aumenta; no entanto, o número de doadores efetivos mantém-se estável desde 2004”, avalia o coordenador da Central de Transplantes. Em média, a Central recebe uma notificação por dia, o que dá em torno de 350 notificações por ano.
Em 2006, no Estado de São Paulo foram registrados 8,8 doadores por milhão de habitantes, inferior a outros países, como os Estados Unidos, onde a relação é de 20 a 25 por milhão, ou a Espanha, líder mundial, com índice que chega a 35 doadores por milhão de habitantes.
O Serviço de Captação de Órgãos e Tecidos da Santa Casa de São Paulo abrange 55 hospitais e 3,5 milhões de habitantes. O diretor Reginaldo Carlos Boni conta que para chegar ao primeiro lugar do Estado no número de notificações à Central de Transplantes foi criado em abril o Programa Busca Ativa.
A ação, que resultou no aumento de 50% de doadores efetivos, consiste na ida de enfermeiros da Santa Casa aos hospitais da região para esclarecer como funciona o processo de doação, a importância da notificação e a atenção necessária aos familiares dos doadores.
Viviane Gomes
Da Agência Imprensa Oficial
11/29/2007
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