Manual da água orienta reúso em edifícios residenciais e comerciais



Governo estuda proposta de adoção das orientações e práticas sugeridas no livro

O manual Conservação e Reúso da Água em Edificações oferece informações necessárias para o uso racional da água e para reduzir perdas e desperdícios. As orientações são úteis para imóveis comerciais, residenciais e industriais. Em suas 149 páginas, o livro lista alternativas de aumento da oferta e os recursos para colocá-las em prática. Fazer manutenção adequada, melhorar o desempenho do sistema e evitar vazamentos e a negligência do usuário são as principais recomendações para o bom uso da água. O reúso é mundialmente apontado como uma das ações que evitariam o futuro colapso da oferta de água para a humanidade.

Outra medida com grande impacto, de acordo com o manual, é a medição individualizada em condomínio residencial. Só com essa prática é possível reduzir 25% do consumo, em média. Uma ação também indicada é o aproveitamento da água da chuva para lavar áreas externas e carros e para alimentar bacias sanitárias. A água utilizada para lavar as mãos pode servir para abastecer a bacia de descarga. Colocar torneiras com acionamento restrito ou com sensor automático ou instalar registro regulador de vazão da torneira (onde a pressão é alta) são práticas que diminuem o consumo.

De acordo com o manual, a colocação de registro de restrição de vazão num edifício residencial de São Paulo garantiu a redução do consumo em 73%. Antes do equipamento, a vazão dos chuveiros era de 440 ml/s. Depois, ficou em 120 ml/s. O livro detalha o desperdício de água que vários equipamentos sanitários podem causar. Por exemplo, em apenas um dia uma torneira mal fechada e gotejando lentamente pode jogar fora entre 6 e 10 litros. 

Governo adotará manual

O livro foi organizado pela Agência Nacional da Água (ANA) em parceria com o Sindicato da Indústria e Construção do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP), a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e o Sindicato da Indústria de Artefatos de Metais Não-Ferrosos no Estado de São Paulo (Siamfesp). Está disponível para download grátis no site da agência da água (www.ana.gov.br). Sua segunda edição ocorreu em agosto durante workshop com palestras de representantes das entidades participantes na edição do documento. 

No dia 24 de setembro, a secretária estadual de Saneamento e Energia, Dilma Pena, debateu com as instituições que coordenaram a criação do manual propostas para que o governo de São Paulo faça uso racional da água. A idéia é que o Executivo paulista adote medidas contidas na publicação. Entre as práticas a serem seguidas estaria o uso de equipamentos que reduzem o consumo exagerado.

Na área de educação, por exemplo, as escolas passariam a ter torneiras econômicas. Em presídios, os chuveiros consumiriam menos. Os prédios administrativos adotariam o uso de equipamentos mais eficientes. Alguns edifícios públicos utilizam práticas de uso racional da água. A Universidade de São Paulo (USP) desenvolveu o Programa de Uso Racional da Água da USP (Pura). O Hospital das Clínicas, a Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp) e o Palácio dos Bandeirantes já aproveitam melhor a água. 

A Ceagesp, por exemplo, reduziu o consumo mensal de 65 milhões de litros para 44,5 milhões de litros a partir das orientações do Programa Pura da USP. O investimento foi de R$ 212 mil. Em um mês, economizou R$ 238 mil, ou seja, o gasto foi totalmente recuperado. 

Claudeci Martins

Da Agência Imprensa Oficial   



10/16/2007


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