Maria Antonia: dos tempos de regime de exceção à plena democracia
“Em outubro de 1968, o Maria Antonia foi invadido e fechado, bem como o Conjunto Residencial da Universidade de São Paulo, o Crusp. Dois meses depois, foi instituído o Ato Inconstitucional nº 5 (AI-5). Durante quase duas décadas o Brasil viveu sob regime de exceção”, recorda Tânia Rivitti, coordenadora de cursos do Centro Maria Antonia.
Os prédios do Maria Antonia foram utilizados por várias repartições do governo do Estado. O Edifício Joaquim Nabuco foi entregue a um setor da administração carcerária. A partir de 1991, as edificações do conjunto começaram a ser devolvidas à Universidade de São Paulo (USP). O Edifício Rui Barbosa foi reintegrado à USP em 1993 e passou a funcionar o Centro Maria Antonia.
Já o Edifício Joaquim Nabuco foi reintegrado apenas em 1998. Recebeu, abandonado e cheio de história, os artistas Horst Hoheisel, Andreas Knitz e Marcelo Brodsky, que organizaram várias oficinas, coletaram depoimentos, fotografaram suas instalações e recolheram seus objetos.
Com pouco mais de uma década de atuação, o novo Centro Universitário Maria Antonia dispõe de espaços para exposição, salas de aulas e auditório, nos quais abriga mostras de arte, concertos, cursos de difusão, seminários, debates e atividades de arte-educação. A programação inclui, ainda, iniciativas que colaboram para a revitalização das atividades educativas e culturais da cidade, particularmente da região central, em parceria com outras instituições e órgãos públicos, entre elas programas específicos de capacitação para professores da rede pública municipal e estadual. Em 1985, o edifício principal foi tombado pelo Condephaat por sua importância histórica.
Arte-cultura – Convidada em 2001 para coordenar o setor educativo, Rosa Iavelberg deu início a um projeto para formar professores que utilizam a arte contemporânea como conteúdo escolar e ainda fazer chegar obras originais às escolas. Nascia o Lá vai Maria.
“A visita do Lá Vai Maria propicia o contato com obras de artistas vivos. Isso é importante porque a maioria das aulas de artes visuais é realizada com reproduções de obras de artistas do passado”, explica Rosa.
Depois do encontro na escola, os professores podem dar continuidade à experiência, tanto na sala de aula como indo ao espaço expositivo do Centro Universitário Maria Antonia, “onde teremos o prazer de recebê-los para visitas orientadas”, salienta.
Além disso, o Maria Antonia mantém cursos de especialização em arte-cultura. As aulas são realizadas aos sábados, com jornada de 360 horas (teoria e prática). Outro curso muito procurado é o de design.
Ainda hoje, o Centro mantém a tradição dos festivais de música, e pelo segundo ano consecutivo ocorre o Samba do Maria Antonia, realizado com o apoio da Pró-Reitoria da USP.
Oficinas pedagógicas – O Projeto Arte Passageira Carne leva aos alunos das escolas públicas da cidade de São Paulo oficinas pedagógicas para o estudo da arte contemporânea. A iniciativa é conduzida às escolas por meio de um ônibus vermelho que circula pelo câmpus da USP, que traz até o ambiente escolar um arte-educador-mediador do Centro Maria Antonia para ajudar o professor a coordenar a oficina pedagógica. Além disso, o professor recebe também o material de apoio para as aulas.
O ônibus ganhou uma intervenção da artista plástica Carmela Gross, que transformou o veículo numa imensa massa corpórea vermelha, lembrando um pedaço de carne. Daí o nome do projeto. Para isso, foram utilizados tecidos e adesivos vermelhos para forrar as partes internas e externas do veículo.
O projeto, desenvolvido pelo Centro Universitário Maria Antonia da USP (Ceuma), com curadoria de Lorenzo Mammi, foi idealizado por Rosa Iavelberg, diretora do Ceuma, para o setor educativo. Teve o apoio do ex-prefeito do câmpus da capital, Wanderley Messias da Costa e parceria do Núcleo de Apoio Social, Cultural e Educacional (Nasce USP-Leste), coordenado por Sônia Castellar, assistente de Pró-Reitoria de Cultura e Extensão
05/27/2008
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