Maria Antonia é palco de movimentos culturais há quase quatro décadas
Novas gerações descobrem a importância do Centro que esconde histórias de luta por um País mais democrático
Há 40 anos, a Rua Maria Antonia, em Higienópolis, mantém o mesmo burburinho de estudantes que freqüentam os barzinhos e escolas da região. Um local destaca-se na paisagem: é o número 294. As gerações mais novas descobrem aos poucos que aquele prédio branco com colunas gregas, conhecido como Centro Maria Antonia, esconde histórias de resistência e de lutas por um País mais democrático.
Dos tempos de regime militar à plena democracia
É o caso do Espaço Arterial, uma ONG localizada na Vila Buarque. Os jovens e crianças escrevem para um pequeno jornal, cuja editora-mirim é Beatris Duraes, de apenas 10 anos. “Fui a uma exposição no Sesc Pompéia cujo tema era Contracultura. Descobri um material riquíssimo e que o Centro Maria Antonia, tão pertinho da gente, poderia estar nas páginas da nossa publicação, porque tem histórias muito interessantes”, diz entusiasmada.
A pequena editora e sua equipe de repórteres percorrem todas as dependências do prédio, que revela, em cada canto, um pouco da história recente do Brasil.
A diretora do Centro Maria Antonia, Rosa Iavelberg, considera relevante a procura das gerações mais contemporâneas sobre informações do passado do Maria Antonia. “Com a transferência compulsória do Grêmio da Filosofia para o câmpus da USP, muitos documentos desapareceram. É importante resgatar um pouco dessa cultura que ficou esquecida”.
Pólo de referência
O conjunto dos edifícios da Rua Maria Antonia, 294, abrigou a Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (USP), de 1949 a 1968. No Centro lecionaram e estudaram muitas das principais personalidades brasileiras (algumas ainda atuantes) em vários campos da política, da cultura e da ciência.Quatro décadas depois, o lugar se firmou como pólo de referência cultural na cidade, realizando atividades diversificadas e orientadas para uma formação abrangente. “A efervescência cultural e política sempre fez parte do Maria Antonia. Aqui discutíamos Sartre, Marx, Gramsci. Assistíamos aos filmes do Godard e de Glauber Rocha. Ouvíamos Geraldo Vandré e, além de tudo, procurávamos ser a voz de uma sociedade que sofria os efeitos da Revolução de 1964”, recorda a artista plástica Fúlvia Molina, que em 1968 era estudante de Biologia da USP e moradora do Conjunto Residencial da USP (Crusp).
Maria Lúc
05/27/2008
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