Marina Silva sugere comissão permanente para acompanhamento de desastres naturais



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A senadora Marina Silva (PV-AC) sugeriu, em entrevista à Agência Senado nesta sexta-feira (14), que a Comissão Representativa do Congresso Nacional crie uma comissão permanente de acompanhamento de desastres naturais como as enchentes que devastaram a região serrana do Rio de Janeiro, a capital e o interior de São Paulo, além de municípios de Minas Gerais e do Espírito Santo nesta semana.

A senadora criticou a inexistência de medidas preventivas e a adoção de medidas provisórias emergenciais, que, como enfatizou, não trarão de volta as centenas de vidas levadas pela tragédia.

- Essa tragédia não se tem palavras para nominar. O que é lamentável é que são tragédias anunciadas.Está-se naturalizando o descaso, tratando essas calamidades como se fossem fruto de algo natural. Gasta-se muito para recuperar o leite derramado e não se fez o mesmo para evitar que aconteçam - lamentou.

Marina Silva apresentou requerimento pela convocação da Comissão Representativa do Congresso Nacional para analisar a situação dos estados atingidos pelas chuvas. O presidente do Senado, José Sarney, anunciou também nesta sexta-feira (14) a convocação da Comissão Representativa para uma reunião às 10h do próximo dia 20.

Para Marina, é importante que o Congresso Nacional preste sua contribuição às pessoas atingidas pelos desastres ambientais e apresente propostas que evitem catástrofes ou reduzam suas ocorrências. "As tragédias das chuvas se repetem em razão da naturalização do descaso. É inaceitável", comentou a senadora, pela manhã, em mensagem no Twitter.

Segundo a senadora, a solução está na adoção de ações integradas entre autoridades federais, estaduais e municipais, com a utilização de sistemas de alerta, elaboração de mapas de risco e mobilização da defesa civil, corpo de bombeiros e líderes comunitários. 

Tecnologia 

A parlamentar acrescentou que devem ser utilizados os meios tecnológicos disponíveis, como os computadores avançados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Com base nos dados do instituto sobre a previsão das chuvas e do volume pluviométrico, e sob orientação de especialistas e técnicos, poderão ser tomadas medidas técnicas cabíveis.

Marina acredita que desde ações complexas até as mais simples podem ser adotadas em conjunto. Como exemplo de uma ação simples, porém eficaz, citou a iniciativa de alguém da própria comunidade fazer um alerta por celular para que os moradores abandonem as áreas de risco e se desloquem para locais seguros em escolas, igrejas e outros abrigos improvisados.

Tragédia anunciada 

Marina Silva disse ainda que as ações preventivas deveriam ter sido implementadas desde o episódio das enchentes ocorridas em 2008 no estado de Santa Catarina, que deixaram milhares de pessoas desabrigadas e desalojadas.

A senadora, que está no fim de seu mandato parlamentar, lembrou que o alerta sobre mudanças climáticas foi dado já na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (ECO-92), ocorrida no Rio de Janeiro em 1992. Na ocasião, ressaltou, os ambientalistas foram tratados como "terroristas ambientais".

- Nós temos que nos adaptar à natureza. A natureza não vai se adaptar à nós - ressaltou a parlamentar, que considera que a implementação das medidas, mesmo as de longo prazo, exige determinação das autoridades.

Cristina Vidigal e Iara Farias Borges / Agência Senado



14/01/2011

Agência Senado


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