Marisa defendeu pedido de acareação, que acabou rejeitado
Logo no início da reunião desta terça-feira (27), os parlamentares da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito dos Cartões Corporativos fizeram um minuto de silêncio em sinal de pesar pela morte do senador Jefferson Péres, ocorrida no último dia 23. Em seguida, a presidente da CPI, senadora Marisa Serrano (PSDB-MS), apresentou uma série de argumentos para defender a realização de acareação entre dois acusados de envolvimento no episódio de vazamento de informações da Casa Civil - o consultor legislativo do Senado André Fernandes e o funcionário da Casa Civil José Aparecido Pires. O requerimento de acareação acabou sendo rejeitado.
- Na semana passada, duas pessoas depuseram na CPMI e expuseram sua verdade sobre o episódio, confirmando que havia um dossiê. A ministra Dilma Rousseff não falou a verdade quando veio a esta Casa e disse que não havia dossiê - afirmou Marisa Serrano.
A presidente da comissão destacou que já se sabe onde o dossiê foi feito e quem coletou os dados, mas falta saber quem mandou confeccionar o documento e com que objetivo. Marisa Serrano afirmou também ser necessário saber se houve improbidade administrativa.
- Negar a acareação não é civilizado, não é republicano. Precisamos garantir que a verdade venha à tona - afirmou a senadora.
As afirmações de Marisa Serrano causaram polêmica na comissão e geraram debate que durou mais de duas horas. O relator da CPI Mista, deputado Luiz Sérgio (PT-RJ), criticou o fato de a senadora Marisa Serrano ter defendido a realização da acareação sem deixar a cadeira da presidência da comissão. O relator afirmou que as divergências que surgiram nos dois depoimentos "não interessavam" a ele e destacou, inclusive, que o banco de dados montado pela Casa Civil, de onde vazaram as informações, auxiliou a investigação dos parlamentares feita no Tribunal de Contas da União (TCU).
- Vamos encaminhar contra (a acareação) porque não serve aos objetivos da CPMI - disse Luiz Sérgio.
O deputado Carlos Willian (PTC-MG), que havia apresentado um requerimento pedindo a acareação, mas disse que depois mudou de idéia e pediu a rejeição do próprio requerimento, decretou que nesta terça-feira haveria o "enterro da CPMI". O deputado Carlos Teixeira (PT-SP) acredita que a comissão cumpriu seu papel e que o relatório final apresentará sugestões importantes para controlar gastos com cartões corporativos e aperfeiçoar auditorias. Teixeira destacou ainda que a oposição conseguiu, com ajuda da base aliada, "quase tudo o que quis" durante o funcionamento da CPI Mista: a presidência da comissão, acesso a dados do TCU e as sub-relatorias.
O senador Alvaro Dias (PSDB-PR) lamentou que a comissão, "dominada pelo governo", não tenha "investigado para valer". O senador afirmou que os parlamentares não tiveram acesso a todos os dados de gastos sigilosos da Presidência da República, apenas a "auditorias seletivas" realizadas pelo TCU.
- A CPMI acabou como começou, na estaca zero - afirmou Alvaro Dias.
O senador João Pedro (PT-AM), por sua vez, disse acreditar que a CPI Mista tem dados importantes para responder às dúvidas da sociedade brasileira e que as propostas que o relatório final trará ao Congresso Nacional "qualificarão mais o uso de cartões corporativos".
27/05/2008
Agência Senado
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