Marisa Serrano denuncia manobra do Irã em caso de mulher condenada ao apedrejamento




A senadora Marisa Serrano (PSDB-MS) denunciou nesta quarta-feira (4) a manobra do governo iraniano, que mudou para "assassinato violento" do marido a acusação sobre Sakineh Mohammadi Ashtiani, que havia sido condenada a receber 99 chibatadas e, em seguida, ser apedrejada até a morte pelo "crime" de adultério, apesar de ser viúva. Marisa observou que essa mudança pretende retirar o caso da iraniana do âmbito dos direitos humanos para amenizar os protestos mundiais e impedir sanções de países desenvolvidos.

- Nós mulheres não podemos aceitar, em hipótese alguma, em qualquer lugar do mundo, que casos como esses aconteçam e passam em brancas nuvens, como se a gente não fizesse parte da humanidade. É uma discriminação violenta, arbitrária, inadmissível contra as mulheres não só daquele país, mas do mundo. São questões que passam da sabedoria humana. Como se pode imaginar que uma mulher pode ser apedrejada porque, dois anos depois da morte do marido, foi constatado que ela fez sexo com outro homem? - protestou.

Excluindo o presidente Lula, Marisa Serrano disse que o povo brasileiro se comoveu com a situação da mulher iraniana e não aceita esse tipo de aberração. Ela lembrou que Lula, na quarta-feira (28) da semana passada havia dito que seria "uma avacalhação" se meter nos assuntos legais do Irã. Para surpresa da senadora, no sábado Lula mudou de ideia e resolveu defender os direitos humanos da iraniana no comício eleitoral da sua candidata, Dilma Roussef, realizado em Curitiba.

- Um pedido de asilo se faz através das vias diplomáticas. Nunca imaginei que um Presidente fizesse um pedido de asilo em cima de um palanque eleitoral. Pareceu-me extremamente eleitoreiro. Ele ofereceu asilo a essa iraniana, ao que o chanceler iraniano respondeu dizendo que ele, provavelmente, não conhecia bem o caso porque, segundo as leis iranianas, era inadmissível que Lula pudesse dar asilo a uma pessoa que cometeu adultério como ela tinha cometido - assinalou.

Marisa ainda salientou que quando Lula diz: "Minha amizade e o carinho que tenho com o Presidente do Irã", está colocando uma questão diplomática em nível pessoal. Para ela, o presidente deveria utilizar as vias diplomáticas para expressar o pensamento do povo brasileiro a respeito do caso, pois a impressão que fica é de um arranjo entre ele e o ditador Ahmadinejad para comutar a pena da iraniana e ambos ficarem bem diante da comunidade internacional.

O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) lembrou, em aparte, a frase de Jesus Cristo quando se deparou com o apedrejamento de Maria Madalena: "Quem não tiver pecado, que atire a primeira pedra". Para o senador, foi positivo Lula oferecer asilo à iraniana no palanque eleitoral de Dilma Roussef.

A senadora Niúra Demarchi (PSDB-SC) disse que o Estado brasileiro não pode ter duas opiniões sobre um caso tão severo.

-Não podemos permitir! Este é um caso diplomático que tem que ser levado inclusive ao Tribunal Penal Internacional. Nós não podemos mais permitir, no mundo evoluído como o de hoje, em um momento contemporâneo que vivemos das grandes transformações, das grandes conquistas nacionais e internacionais, tratar um caso como esse como se fosse uma mera relação comercial entre países - afirmou.

O senador Mão Santa (PSC-PI) disse que as mulheres são fortes e os homens são fracos como o presidente Lula. Como exemplo, citou a crucificação de Jesus Cristo, onde as mulheres não faltaram e os homens fugiram. O senador Augusto Botelho (PT-RR) disse ter certeza que Maomé não iria querer esse tipo de condenação. Ele classificou o regime iraniano como ditadura e também protestou contra o movimento favorável à legalização do aborto no Brasil.

O senador Paulo Paim (PT-RS) prestou total solidariedade e disse que, sem querer saber se é ditadura ou não, é um absurdo e inadmissível matar uma mulher a pedradas. A senadora Serys Slhessarenko (PT-MT) disse que é preciso acabar com esse caso e com todos os outros casos semelhantes que estão acontecendo em todo o mundo.



04/08/2010

Agência Senado


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