Medalha histórica do handebol feminino foi planejada, diz secretário
Secretário de Esporte de Alto Rendimento do Ministério do Esporte há quase cinco anos, Ricardo Leyser analisa o desempenho das seleções adultas de handebol, o investimento na base, a articulação dos patrocínios estatais para a modalidade e a meta para os Jogos Olímpicos Rio 2016. Ele lembra que, entre 2009 e 2010, o ministério decidiu investir na proposta da Confederação Brasileira de Handebol (CBHb) de montar as seleções permanentes, feminina e masculina: “Estudamos a viabilidade e concluímos que a forma de financiar aquele projeto seria por meio de convênios do ministério com a confederação”. Foram, então, formalizados dois convênios. Um, de R$ 2,2 milhões, para bancar a Seleção feminina, e outro, de R$ 1,8 milhão, para a masculina. “Ali firmou-se o início de um ciclo de crescimento que levou a equipe feminina ao quinto lugar no Campeonato Mundial de 2011, em São Paulo”, diz Leyser. A colocação anterior havia sido a 15ª no Mundial de 2009.
Antes disso, a confederação e o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) já haviam contratado o técnico dinamarquês Morten Soubak para comandar a equipe feminina e vinham utilizando recursos da Lei Agnelo-Piva para custear parte dos treinamentos. Esse trabalho conjunto levou também à decisão de transferir jogadoras da Seleção para a equipe do Hypo Nö, da Áustria.
Algum tempo depois, já na preparação direta para Londres 2012, Mundial de 2013 e Rio 2016, a Seleção feminina dava mostras de que iria mais longe. Novamente o ministério decidiu garantir os custos de treinamentos, viagens, materiais, contratação de equipes multidisciplinares e outras ações necessárias à preparação olímpica. Na virada de 2011 para o ano olímpico de 2012, o ministério fez novo convênio com a CBHb, de R$ 5,4 milhões, para garantir a melhor estrutura possível à equipe feminina que viria a ser a sexta colocada nos Jogos Olímpicos do ano passado. Terminada a edição de Londres, mais um aporte do ministério, de R$ 3 milhões, para manter as condições de treinamento às duas seleções até que houvesse novas fontes de financiamento.
Plano Brasil Medalhas
Nesse período, o governo federal já vinha preparando o lançamento do Plano Brasil Medalhas 2016, anunciado em setembro de 2012. Ali ficou decidido que o handebol contaria com patrocínio de empresas públicas do governo federal. “Feitas as negociações dentro do governo, decidiu-se que os Correios entrariam com R$ 5 milhões e o Banco do Brasil aportaria mais R$ 4,4 milhões, neste caso por meio da Lei de Incentivo ao Esporte”, lembra o secretário. Com a chegada dos patrocínios das estatais, o pagamento de ajuda de custo às jogadoras, por exemplo, saiu da incumbência do Ministério do Esporte. Mas a Bolsa-Atleta continua sendo paga a 15 atletas das duas seleções, junto com outros 313 jogadores de handebol espalhados pelo País, principalmente de categorias de base, totalizando R$ 4,1 milhões ao ano para as bolsas em vigência.
Leyser diz que, “embora o grande público e até uma parte da imprensa esteja ‘descobrindo’ o handebol agora, com a medalha de ouro, o desempenho no Campeonato Mundial é resultado de um processo de planejamento, acompanhamento e investimento pesado”. São R$ 21,8 milhões do governo federal nas duas seleções nos últimos três anos, somando-se Ministério do Esporte (R$ 12,4 milhões), Correios (R$ 5 milhões) e Banco do Brasil (R$ 4,4 milhões). Sem falar nos recursos da Lei Agnelo-Piva.
Para ele, a surpresa é só para quem não acompanha o esporte, e o handebol, em particular, porque “nós, que estamos no dia a dia, apostamos nesse resultado histórico. Na verdade, o planejamento era para conseguir pódio no Mundial. Não tínhamos predileção por cor da medalha. Veio o ouro, mas poderia ter sido a prata ou bronze que estaríamos satisfeitos porque o plano era ficar entre as três primeiras”. Em outras palavras, diz o secretário: “A seleção feminina está correspondendo mais do que plenamente aos investimentos”.
Seleção masculina também evoluiu
Para realçar a evolução da equipe masculina, Leyser lembra que o planejamento olímpico do País para o Rio 2016 estabelece como meta que todas as modalidades devem melhorar seus resultados em relação a Londres 2012 e às outras competições relevantes no cenário internacional. “Mesmo as modalidades que ainda não têm chance de pódio no Rio devem buscar sua melhor performance. Quem ficou em 20º deve almejar algo acima disso; quem não foi aos Jogos anteriores deve buscar classificação, quem ficou em 10º deve lutar por pódio. É assim que vamos nos tornar uma potência esportiva, galgando degraus, para que o crescimento seja sustentável”, defende o secretário. Nesse ponto, ele parabeniza a Seleção masculina de handebol, que, no Campeonato Mundial de 2013, na Espanha, pulou do 21º lugar de dois anos atrás para o 12º. “Mostrou evolução condizente com nosso plano.”
Leyser recorda que, à época da definição do Plano Medalhas, havia quem defendesse a ideia de dar prioridade às modalidades individuais porque têm mais medalhas em disputa e, portanto, mais chances de o Brasil subir ao pódio, com menos investimento. “O ministro Aldo Rebelo e a presidenta Dilma Rousseff decidiram que, junto com o apoio aos esportes individuais, deveríamos investir na tradição brasileira de esportes coletivos porque não são excludentes”, conta Leyser.
Pensando no longo caminho até 2016, o secretário diz que “o papel do governo e das entidades é oferecer as melhores condições de disputa, mas o resultado depende do jogo; não existe vitória antecipada”. Por isso, defende ele, o planejamento precisa se manter, com o “profissionalismo, dedicação, competência e união de atletas e comissões técnicas e um bom gerenciamento da confederação”. Quanto ao crescimento da modalidade no Brasil, Leyser informa que o ministério vem mantendo conversações com a CBHb para incrementar a Liga Nacional de Handebol, masculina e feminina. Também via confederação, o ministério destinou R$ 2 milhões para a estruturação do Centro Nacional de Desenvolvimento do Handebol no Sesi de Blumenau, para as seleções infantil, cadete, juvenil e júnior, masculinas e femininas. O dinheiro serve para fazer seletivas nacionais, detecção de novos talentos, acampamentos, treinamentos e contratação de profissionais para a comissão técnica das categorias juvenil e júnior. Ali os novatos convivem com jogadores, técnicos e outros profissionais das seleções principais durante alguns períodos do ano, o que agrega experiência aos jovens talentos.
Centro em São Bernardo do Campo
O Ministério do Esporte e a prefeitura de São Bernardo do Campo (SP) estão finalizando a construção e estruturação do Centro de Desenvolvimento do Handebol Brasileiro, no Bairro Vila do Tanque. O complexo será formado por dois ginásios, alojamentos, refeitório, academia e auditório. Ali será o centro nacional de treinamento das seleções brasileiras. O ministério repassou R$ 12 milhões à prefeitura, que pôs mais de R$ 1 milhão em contrapartida, totalizando R$ 13 milhões em investimentos.
Ainda do Ministério do Esporte, há apoio à realização dos Encontros Nacionais de Professores de Handebol de Instituições de Ensino Superior Brasileiras, via convênios com a CBHb. Pela Lei de Incentivo ao Esporte, a Petrobras destinou um total de R$ 3,9 milhões, em 2008 e 2009, para o Campeonato Nacional de Handebol Escolar.
Fonte:
Ministério do Esporte
25/12/2013 10:08
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