Medida contra o aço brasileiro pode ser revista em 10 dias, anuncia Celso Lafer



As medidas protecionistas adotadas no último dia 20 de março pelo governo dos Estados Unidos e que atingiram as exportações do aço brasileiro para aquele país poderão ser revistas nos próximos dez dias, segundo anunciou nesta quinta-feira (4) o ministro das Relações Exteriores, Celso Lafer, no Plenário do Senado, em atendimento a convite para expor a posição do governo diante das decisões norte-americanas.

Após narrar uma série de entendimentos mantidos pelo Itamaraty junto a autoridades do governo norte-americano e junto à Organização Mundial do Comércio (OMC), Celso Lafer disse haver duas datas-limites para que o governo dos EUA introduza mudanças nas salvaguardas adotadas: uma, no próximo dia 14 deste mês; outra, em meados de julho.

Ao comentar os prejuízos que as medidas protecionistas adotadas pelo governo norte-americano podem trazer ao Brasil, Lafer citou as projeções feitas pelo próprio setor siderúrgico nacional, que apontam para perdas da ordem de US$ 290 milhões. Tais números - explicou - não se ativeram aos valores das exportações atuais de aço para os Estados Unidos confrontados com a sobretaxa imposta. Ao contrário, levaram em conta as perspectivas de negócios que estavam abertas com aquele país, incluindo-se aí a compra da siderúrgica norte-americana Heartland Steel pela Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), que pretendia processar semi-acabados importados do Brasil.

Fazendo-se as contas pelos números efetivos das exportações de aço do ano passado para os Estados Unidos, argumentou Lafer, as perdas para o Brasil, diante das sobretaxas norte-americanas, chegariam a US$ 91 milhões de dólares, aproximadamente 13% do total exportado para aquele mercado ( de US$ 734 milhões).

O ministro explicou que o impacto sobre as importações de aço de fornecedores considerados não-preferenciais, como Japão, Coréia e União Européia, deverá chegar aos 60%. Para ele, contudo, o pior de tudo isso será, certamente, o "efeito dominó", que será desencadeado em todo o comércio mundial, com retaliações de parte a parte. Lafer disse que o Brasil hoje tem uma indústria siderúrgica moderna e altamente competitiva, com uma produção de 28 milhões de toneladas, das quais 65% vendidas no próprio mercado brasileiro.



04/04/2002

Agência Senado


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