Meirelles alerta para "excesso de euforia" nos mercados e mantém reserva sobre candidatura



O Brasil entrou em melhores condições e sairá mais rápido e forte da crise que afeta todo o mundo, avaliou o presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, em audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), nesta quarta-feira (5). No entanto, ele apontou um quadro de "excesso de euforia" nos agentes econômicos, assinalando que a função do BC é manter cautela para evitar que esse clima estimule elevação de preços, com pressões sobre a inflação.

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- Não podemos entrar em uma euforia que leve a decepções e a volatilidades desnecessárias - alertou.

Durante os debates, o senador Aloizio Mercadante (PT-SP) surpreendeu ao sugerir ao presidente do BC que antecipe sua filiação partidária, para assim se habilitar como candidato nas próximas eleições, mas sem deixar imediatamente o cargo. O afastamento de Meirelles já vem sendo cogitado, pois ele teria a pretensão de se candidatar a governador de Goiás no ano que vem. Depois de afirmar que Meirelles ajudou o país em "momentos graves", Mercadante disse que ele sairá do BC com "uma biografia maior que antes e será muito bem-vindo na vida política".

Outros senadores apoiaram a sugestão de Mercadante, respondida com contido agradecimento pelo presidente do BC. Questionado por jornalistas, Meirelles voltou ao tema ao fim da audiência. Sem mencionar partido, ele disse que terá até setembro - prazo do calendário eleitoral - para decidir pela filiação e, depois, se será ou não candidato. Perguntado se essa indefinição não seria um fator capaz de afetar as expectativas do mercado, ele observou que uma das características de sua gestão no BC sempre foi agir "na hora certa", dando a entender que assim também será em relação aos seus próximos passos.

- Atitudes impensadas não são boas para ninguém. Isso permite previsibilidade - disse.

Ao avaliar a economia do país, o presidente do BC citou condições criadas nos últimos tempos que, como assinalou, permitiram ao país enfrentar a crise e sair dela em situação mais confortável que outros países. Lembrou que as taxas de juros vinham em queda, as reservas estavam em patamar inédito, superior a U$ 200 bilhões, e que a demanda interna encontrava-se fortalecida. Segundo ele, o fato de terem sido gerados 8 milhões de novos empregos formais desde 2003, em termos líquidos, garantiu maior confiança para o consumo das famílias e para os investimentos.

No momento em que a crise se manifestou, conforme Meirelles, as respostas do governo foram "fortes e agressivas". Na sua avaliação, o problema maior era a falta de liquidez no mercado, devido à retração do sistema bancário, o que levou o BC a adequar suas políticas para injetar recursos no mercado, em moeda nacional e em dólar. Como resultado, observou, a economia está se recuperando muito bem, inclusive a indústria, mais afetada pela crise, mas que, segundo ele, teria margem para crescer sem pressão sobre os preços. Meirelles avaliou que, no setor serviços, o qual teria resistido melhor devido à manutenção do nível da renda, o quadro "inspira cuidados", mas sem afetar a solidez da recuperação da atividade econômica.

Gorette Brandão / Agência Senado



05/08/2009

Agência Senado


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