Meirelles diz que metas de inflação serão cumpridas e que há estabilidade econômica



O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse, em audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) realizada nesta terça-feira (13), que as expectativas são de que o país cumpra com as metas estabelecidas para a inflação deste ano, de 4,5%, e de 2007, de 5,5%, com um intervalo de tolerância de 2% para mais ou para menos. O Conselho Monetário Nacional (CMN) vai estabelecer, ainda este mês, segundo Meirelles, a meta de inflação para 2008.

VEJA MAIS

- Tudo está alinhado. As expectativas de inflação estão ancoradas às metas. A política monetária tem conseguido manter as expectativas de inflação sob controle. Há estabilidade - afirmou o presidente do BC, que esteve na CAE para falar sobre os critérios utilizados na definição mensal da taxa Selic e também sobre as divergências entre as respostas apresentadas pelo Banco Central a respeito das leis que beneficiam os aposentados e os pensionistas do Banespa.

Meirelles explicou aos senadores toda a implementação do regime de metas no Brasil, instituído em junho de 1999, e em outros países, argumentando que, atualmente, é o que faz maior sucesso para combater a inflação e proporcionar crescimento econômico. No caso do Brasil, as metas são definidas pelo CMN e cabe ao BC a responsabilidade de cumprir essas determinações, utilizando a taxa de juros de curtíssimo prazo como instrumento - a Selic -, que regula as operações diárias para financiamento dos títulos públicos federais.

Ao responder aos senadores sobre a possibilidade de baixar a taxa de juros básica, Meirelles disse que as ações do BC já vêm dando essa sinalização. Observou, no entanto, que o BC precisa levar em conta uma série de fatores analisados pelo Comitê de Política Monetária (Copom) - órgão colegiado no âmbito do BC responsável pela decisão da taxa de juros - para decidir sobre a taxa Selic.

As metas de inflação oscilaram para mais e para menos, conforme mostrou Meirelles, devido a choques externos e mudanças que levaram o CMN a mudar sua estratégia. Uma desinflação nos anos de 2004 e 2005 levou o Banco Central a retornar ao intervalo de tolerância original, de 2% para os índices estabelecidos da inflação de 2006 e 2007. Meirelles ressalvou que o importante é a inflação não passar desse intervalo estabelecido, pois ela pode oscilar.

Em 1999 e 2000, disse, a inflação ficou dentro do intervalo de tolerância estabelecido pelo CMN. Em 2001 e 2002, "devido a choques adversos de grande magnitude que atingiram a economia", houve um desvio da inflação e da trajetória das metas. Em 2003, segundo Meirelles, os efeitos defasados dos choques anteriores ainda impactaram a taxa de inflação. E, finalmente, no período de 2004 a 2006, a inflação retornou à trajetória das metas.

O presidente do BC discorda de críticas segundo as quais as taxas estão rígidas ou baixas, argumentando que as metas de inflação no Brasil ainda são relativamente mais altas e os intervalos de tolerância maiores do que em outros países que seguem o mesmo regime de política monetária, mesmo nos de economia emergente.

Regime de Metas

Depois de ver vários planos econômicos fracassados e "tentativas criativas", segundo Meirelles, para combater a inflação, como congelamento de preços e confiscos, entre outras, o Brasil decidiu seguir o exemplo de outros países e adotar o chamado regime de metas, que está dentro da receita ortodoxa

- No Brasil se tentou quase tudo contra a inflação, testamos tudo. Houve os chamados regimes heterodoxos, não-clássicos e não-ortodoxos, com alternativa de regimes monetários e controle de taxa de câmbio. [...] No Brasil houve 15 anos de inflação elevada, um dos períodos mais longos da História da Humanidade - afirmou.

Após a instituição do Plano Real, disse Meirelles, é que a renda dos brasileiros começou a crescer e a inflação a ser controlada. Ao fazer uma relação da adoção do regime de metas com o Produto Interno Bruto (PIB), Meirelles apresentou números: a média do PIB foi de 2,1% no período anterior ao regime de metas; passou para 2,6% durante o regime de metas; e está em 3,4%, este último índice excluindo o período de choques externos.

Meirelles também apresentou índices otimistas com relação ao crescimento da renda, do consumo das famílias, da produção industrial, do salário real deflacionado pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) e da massa salarial real (total de salários pagos no país). Disse ainda que houve criação de empregos formais (com carteira assinada) no país, numa média de 1,2 milhão no período de 2004 a 2006.

Ao falar de outros países que adotaram o regime de metas de inflação, o presidente do BC disse que o pioneiro foi a Nova Zelândia, que o implantou no período de 1989/90. Além desse, citou exemplos de países que tiveram sucesso no combate à inflação com esse regime e que, conseqüentemente, conseguiram crescimento econômico: Reino Unido, Chile e Israel.

- A experiência do regime de metas é uma experiência de sucesso - afirmou.



13/06/2006

Agência Senado


Artigos Relacionados


Meirelles declara compromisso com metas de inflação

Henrique Meirelles apresenta cumprimento de metas da política econômica

Meirelles diz que BC vai manter metas e evitar aumento da inflação

Henrique Meirelles fala sobre cumprimento de metas de política econômica na CMO

Papaléo aponta risco de inflação como ameaça à estabilidade econômica

Oito objetivos com 18 metas a serem cumpridas até 2015