Meirelles diz que BC vai manter metas e evitar aumento da inflação



O presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, disse, durante audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), nesta terça-feira (15), que a instituição tem compromisso de cumprir as metas e evitar o aumento da inflação, e que o índice inflacionário esperado pelos analistas de mercado para este ano é de 6,48%. Esse dado foi apresentado na pesquisa semanal realizada pelo BC, que indica ainda a previsão dos analistas para os anos de 2009, 2010, 2011 e 2012 - que deverão ter índices de inflação de 5%, 4,5%, 4,5% e 4,3%, respectivamente.

Ao comentar a evolução do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador utilizado pelo governo como parâmetro para as metas de inflação, Meirelles informou que o núcleo desse índice (excluídos os preços dos alimentos e dos chamados preços administrados) foi de 5,38% nos últimos 12 meses, o que comprova a atual tendência de alta da inflação. O centro da meta inflacionária para este ano é de 4,5%, enquanto o teto da meta é de 6,5%.

Meirelles debateu com os senadores as diretrizes, implementação e perspectivas da política monetária, observando que a previsão dos analistas de mercado demonstra a confiança que eles têm nas autoridades monetárias quanto ao cumprimento das metas inflacionárias.

- Isso mostra que eles confiam na ação das autoridades monetárias para que haja uma convergência entre a inflação futura e as metas inflacionárias - disse Meirelles, para quem a alta generalizada de preços é um fenômeno mundial e tem sido influenciada, entre outros fatores, pelo aumento dos preços internacionais de commodities e alimentos.

Para Meirelles, é importante que os formadores de preço e os empresários tenham segurança de que o Banco Central está comprometido a fazer o que for necessário para assegurar uma inflação no centro da meta já em 2009. A população também "não deve ter dúvidas de que a instituição responderá vigorosamente a mudanças no cenário da inflação", afirmou.

- O Banco Central entende que não há vantagens em conviver com taxas mais elevadas - disse o presidente do BC, observando que a inflação tem custo para a população, principalmente a de baixa renda, além de provocar deterioração do salário e efeito negativo no crescimento econômico.

Ao defender medidas que visam conter a alta de preços - como as recentes elevações da taxa básica de juros, atualmente em 12,25% ao ano, realizadas pelo BC -, Meirelles ressaltou que um dos "custos mais importantes da inflação" recai sobre o poder de compra dos salários.

O presidente do BC enfatizou que o salário real deve ser preservado não apenas porque se trata do poder de compra da população, mas também porque sua queda reduz as vendas e a produção. Ele acrescentou que, com inflação alta, há desorganização econômica, incerteza e queda dos investimentos: "Já conhecemos essa história no Brasil".

Segundo Meirelles, os dados sobre a atividade econômica e o consumo das famílias apontam que o Brasil está em trajetória de crescimento sustentável. O aumento da capacidade produtiva, que ele considera "robusto e consistente", decorre da estabilidade. Entre outros indicadores, citou o crescimento da produção e do consumo de insumos da construção civil e da safra agrícola que vem ocorrendo desde 2003. Observou que o consumo das famílias ultrapassou 8% no ano passado.

- São taxas robustas, fortes, inclusive para os padrões internacionais. Isso representa um aumento do padrão do consumo das famílias - observou.

Da redação com informações do repórter Ricardo Koiti Koshimizu / Agência Senado
(Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)



15/07/2008

Agência Senado


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