Meirelles reafirma compromisso do BC de "fazer o que for necessário" para segurar a inflação
Em audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), onde compareceu para discutir diretrizes, implementação e perspectivas da política monetária, o presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, reafirmou o compromisso da instituição de buscar o cumprimento das metas de inflação.
- É importante que os formadores de preço e os empresários tenham segurança de que o Banco Central do Brasil está comprometido a fazer o necessário, enquanto for necessário, para assegurar uma inflação no centro da meta já em 2009. O Banco Central entende que não há vantagens em conviver com taxas mais elevadas - disse o presidente do BC, para quem a população não deve ter dúvidas de que a instituição responderá vigorosamente a mudanças no cenário da inflação.
Meirelles destacou o "custo da inflação" em termos de diminuição do salário real, com efeito negativo sobre o crescimento econômico.
- É uma ilusão se pensar que uma inflação mais elevada não vai levar a uma queda da atividade econômica - afirmou ele, salientando que o aumento da inflação tem atingido, sobretudo, a população de baixa renda.
O presidente do BC enfatizou que o salário real deve ser preservado não apenas porque se trata do poder de compra da população, mas também porque sua queda reduz as vendas e a produção. Ele acrescentou que, com inflação alta, há desorganização econômica, incerteza e queda dos investimentos: "Já conhecemos essa história no Brasil".
Meirelles mostrou a previsão do mercado para a inflação - 6,48% em 2008, 5% em 2009, 4,5% em 2010, 4,5% em 2011 e 4,30% em 2012 - para dizer que os analistas confiam que as autoridades monetárias brasileiras estão trabalhando e continuarão a trabalhar para que a inflação convirja para as metas estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
- Quando fazem as previsões, os analistas o fazem porque estão levando em conta as medidas tomadas pelas autoridades, principalmente porque o Banco Central está comprometido com sua função básica de manter a trajetória da inflação de convergência para o centro da meta [4,5%].
Meirelles observou ainda que o fenômeno do aumento de preços dos alimentos e commodities é de natureza internacional.
Taxas robustas
O presidente do Banco Central começou sua exposição, apresentando dados sobre a atividade econômica e o consumo das famílias que, segundo ele, comprovam que o Brasil está em trajetória de crescimento sustentável.
Meirelles afirmou que o aumento "robusto e consistente" da capacidade produtiva do país decorre da estabilidade. Entre outros indicadores, citou os crescimentos, desde 2003, da produção e do consumo de insumos da construção civil e da safra agrícola.
O presidente do Banco Central chamou a atenção para o aumento do consumo das famílias, que ultrapassou 8% em 2007.
- São taxas robustas, fortes, inclusive nos padrões internacionais. Isso representa um aumento do padrão do consumo das famílias - disse.
15/07/2008
Agência Senado
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