Melhores iniciativas contra o fumo rendem ouro e prata
O projeto de combate ao cigarro existe há cinco anos
Com o slogan Ajude a preservar a sua saúde e a qualidade de vida das pessoas à sua volta, a Editora Escala conseguiu eliminar o fumo do ambiente corporativo. “Colaboradores, clientes e fornecedores conhecem a regra dentro da empresa. O uso do tabaco é proibido. Fumar só do lado de fora da companhia. Para isso, investimos maciçamente em campanhas educativas de combate ao cigarro junto aos nossos colaboradores. A editora tem um programa de apoio para aqueles que querem largar o vício, indicando instituições externas para o tratamento do tabagismo, além de oferecer acompanhamento contínuo e freqüente em todas as fases,” explica José Ricardo Melenchion, diretor de Recursos Humanos.
A campanha foi idealizada há um ano e meio e a Escala adotou a medida após pesquisar todo o seu quadro de colaboradores para conhecer o número de fumantes. A ação foi dividida em duas fases.
A primeira foi conscientizar todos sobre os malefícios do cigarro e as conseqüências que ele gera aos fumantes passivos para, posteriormente, aplicar a campanha, que consiste na contínua informação sobre os efeitos do tabaco e na proibição do fumo nas dependências da editora.
O programa foi divulgado em todos os veículos de comunicação interna da companhia, sendo atualizado e monitorado constantemente. Também contou com a ajuda de placas e avisos de sinalização em elevadores, escadas e áreas externas. Além disso, logo que contratados os novos funcionários recebem um Manual de Conduta Interna com informações e normas desta iniciativa. Na Editora Escala trabalham atualmente 248 funcionários e apenas 8% são fumantes e têm perspectivas de diminuir ainda mais este número.
Bons resultados – O mesmo caminho foi trilhado pelo Palácio dos Bandeirantes. Não é permitido fumar nas dependências internas, externas e nos veículos oficiais. Até os servidores da recepção foram treinados a orientar os visitantes sobre a proibição. “A medida não foi tomada de uma hora para outra. O projeto de combate ao cigarro existe há cinco anos e seguimos os passos do Programa de Combate ao Tabagismo indicado pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca)”, informa Sílvia Aléssio, diretora do departamento de Recursos Humanos da Casa Civil.
Trabalham no Palácio dos Bandeirantes 950 pessoas. “Psicólogo, médico, assistente social e até remédios ajudam o funcionário a deixar o cigarro. O programa é extensivo aos familiares”, explica o médico José Raimundo Sicca, responsável pelo programa. Os medicamentos utilizados (adesivos, goma de mascar e remédios) no tratamento são subsidiados 100%.
No ano passado, 58 funcionários se inscreveram no programa. Hoje, 103 colaboradores participam da iniciativa. Além do Palácio dos Bandeirantes, o programa Promoção de Ambientes Livres de Tabaco também atinge o Palácio dos Campos Elíseos, o Palácio de Inverno de Campos do Jordão e órgãos vinculados à Secretaria da Casa Civil, como o Fundo de Solidariedade e Desenvolvimento Social e Cultural do Estado de São Paulo (Fussesp), Arquivo Público e Corregedoria-Geral do Estado.Prevenção – A Secretaria de Estado da Segurança Pública é outra campeã do certificado ouro. Para se adaptar às novas normas, a Coordenadoria de Programas Sociais do gabinete da Segurança Pública adotou o Programa Prevenir, que ajuda na prevenção de doenças crônicas não-transmissíveis (colesterol, triglicéride, câncer de mama, colo do útero, pressão arterial, etc.).
A ação é administrada por meio de um cronograma da coordenação do Programa Prevenir Iamspe-HSPE. De acordo com Denise Pereira, assistente técnica do gabinete da SSP, a coordenadoria desenvolve atividades com ênfase na qualidade de vida dos funcionários. “O objetivo é valorizá-los, despertando o interesse deles à prevenção e a auto-estima”.
Os funcionários fumantes interessados em largar o cigarro foram encaminhados ao Centro de Referência de Álcool, Tabaco e Outras Drogas (Cratod). Em maio de 2008, foram retirados todos os cinzeiros da secretaria. “Realizamos várias campanhas de conscientização, desde 2000, sobre os malefícios do cigarro, com o auxílio de folders e cartazes explicativos.
“Quando da visita dos funcionários do Cratod para fiscalizar o nosso ambiente de trabalho, soube que receberíamos o certificado ouro e fiquei muito satisfeita, pois, somente em 2007, com a vinda da soldado Maria Claudia dos Reis, que tinha as mesmas idéias que as minhas, consegui trabalhar a qualidade de vida para as pessoas deste gabinete. Hoje, com as ações realizadas beneficiamos cerca de 300 funcionários”, diz Denise Pereira, da Coordenadoria de Programas Sociais.
Diversidade – Pioneira na adoção da política do Ambiente Livre do Tabaco entre as empresas do Grupo Volkswagen no Brasil, a Volkswagen Serviços Financeiros ganhou o selo prata em alusão à política de conscientização antitabagista e ao veto do tabaco nas dependências do prédio.
O programa Ambiente Livre do Tabaco começou em 2004, nivelado a um novo modelo de gestão na Volkswagen Serviços Financeiros. Foi formada uma Comissão Executiva do Ambiente Livre do Tabaco composta por representantes de diversos departamentos da empresa. O grupo integrado por dez pessoas teve a consultoria da Secretaria da Saúde. Sua composição abrangia diferentes níveis hierárquicos e áreas da organização, como gerentes, analistas, serviço social, psicólogo e médico. A diversidade também foi uma das características da comissão, que agregava fumante e não-fumante como forma de identificar os hábitos e grau de dependência da população da Volkswagen Serviços Financeiros.
“Num primeiro momento pensamos na necessidade de proteger os não-fumantes dos malefícios do fumo passivo. A adoção do Ambiente Livre do Tabaco não discriminou os viciados em tabaco. Para eles, foram oferecidas alternativas de tratamento com auxílio médico. E para os que mantiveram o hábito, existia a opção dos fumódromos”, diz Santo Palmieri, gerente de Recursos Humanos da Volkswagen Serviços Financeiros.
A segunda etapa da ação contemplou o treinamento das equipes de segurança sobre a forma correta de incentivar colaboradores e visitantes a respeitarem a proibição e a sinalização dos ambientes do prédio com placas do programa.
Para incrementar a conscientização dos colaboradores, as medidas disciplinares passaram a ser divulgadas e, gradativamente, os resultados do programa incentivaram outros fumantes a abandonarem o vício.
Campanhas – Com 342 funcionários, a Chemin Incorporadora S/A, empresa de engenharia, resolveu aderir ao Ambiente Livre de Tabaco no ano passado. Após um ano de sucessivas ações, ganhou o selo ouro, por ter o ambiente totalmente livre de cigarro. “Começamos apenas com 42 funcionários da sede a realizar palestras, campanhas e até indicamos tratamento para os funcionários que desejassem largar o hábito. Mesmo com toda essa promoção, continuamos com duas fumantes. Pretendemos estender a medida para o canteiro de obras, mas para isso precisamos elaborar novas ações mais eficazes”, explica Julio Pio da Veiga, gerente de Qualidade.
Prevenção – O selo prata foi um presente para o Tribunal de Contas do Estado (TCE). Há menos de um ano, o órgão resolveu banir o fumo do seu ambiente de trabalho. “Por meio de ações preventivas e campanhas institucionais, passamos a ajudar os nossos funcionários a largarem definitivamente o cigarro”, recorda Gustavo Andrei, coordenador do programa do TCE. O executivo afirma que para a campanha dar certo tem de ser intensiva e as informações devem apresentar claramente os malefícios que o cigarro trás para o organismo dos fumantes e não-fumantes.
Pioneira – Primeira unidade da Universidade de São Paulo (USP) a ser considerada liv
re do cigarro, a Faculdade de Saúde Pública (FSP) recebeu o certificado prata de Ambiente Livre de Tabaco. Segundo Antônio Pedro Mirra, da Comissão de Prevenção e Controle de Tabagismo da FSP/USP, “a instituição de ensino ganhou a condecoração pelo seu esforço de combate ao tabagismo e por não permitir fumar em seus ambientes internos”. “Só não temos o certificado ouro porque ainda há áreas externas onde é permitido fumar”, afirma Mirra.
Conheça o projeto de lei
Pela proposta, o consumo de cigarros, cigarrilhas, charutos ou qualquer outro produto fumígeno não será permitido em ambientes de trabalho, estudo, culto religioso, lazer, esporte e entretenimento, além de áreas comuns de condomínios, casas de espetáculos, teatros, cinemas, pousadas, centros comerciais, bancos, supermercados, açougues, padarias, farmácias, drogarias, repartições públicas, instituições de saúde, escolas, museus, bibliotecas, espaços de exposições, veículos de transporte coletivo, viaturas oficiais e táxis.
O projeto prevê que qualquer pessoa poderá denunciar à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ou ao Procon do seu Estado os locais onde a lei não for respeitada. Somente ficarão excluídos da nova legislação (caso aprovada) os locais de culto religioso onde o fumo faça parte do ritual, instituições de saúde que tenham pacientes autorizados a fumar pelo médico responsável, vias públicas, residências e estabelecimentos exclusivamente destinados ao consumo de produtos fumígenos, como charutarias.
Maria Lúcia Zanelli, da Agência Imprensa Oficial
(D.R.)
09/02/2008
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