Melo: lei tem de ser respeitada acima de tudo



O senador Geraldo Melo (PSDB-RN) criticou o desrespeito às leis por movimentos e instituições sob a justificativa de que lutam por uma causa nobre. Em discurso pronunciado da tribuna nesta terça-feira (26), o parlamentar afirmou que alguns setores da imprensa buscam uma "justificação moral para a invasão de uma propriedade particular".

O representante potiguar citou um jornal que, na edição desta terça, procurou justificar a ocupação de terras no Pontal do Paranapanema com o fato de que a posse da propriedade seria discutível.

- Se o Comando Vermelho ou o PCC (Primeiro Comando da Capital, entidade criminosa que atua nos presídios paulistas) invadem a terra ou a casa de alguém e praticam o que o MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra) praticou na fazenda dos filhos do presidente da República (ocupada na última sexta-feira), estaríamos diante de uma situação de violência que a sociedade exigiria que fosse contida. A invasão da propriedade alheia, ou é uma coisa criminosa, ou não é, seja quem for o autor da ação. Daqui a pouco se vai dizer que quem invade uma casa, estupra as pessoas, rouba o que tem dentro e destrói a propriedade alheia está justificado porque vive em um país onde existe desemprego, fome e miséria - afirmou o senador.

Melo criticou as versões que tentaram colocar o Poder Executivo e o candidato do PSDB, José Serra, como incentivadores da invasão da fazenda dos familiares do presidente, com o argumento de que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) teve conhecimento prévio da invasão e nada fez, ao mesmo tempo em que a porteira da fazenda estava aberta e a propriedade sem qualquer segurança.

- É uma maneira de ver os problemas de cabeça para baixo. Como se fosse possível (para o governo) montar uma conspiração conjuntamente com o MST. É como se responsabilizar o dono da casa porque se esqueceu de fechar uma janela. O criminoso é quem rouba - afirmou o parlamentar.

O senador criticou também os ouvidores do Ministério do Desenvolvimento Agrário que negociaram com os invasores da fazenda e deram garantia de que ninguém seria preso. Para o parlamentar, ninguém pode fazer acordo para que a lei não se cumpra. Segundo ele, o Estado tem direito a todos os privilégios que a sociedade concordou em lhe conceder, mas tem o dever de oferecer em troca a proteção da ordem e da paz.

Em aparte, o senador Eduardo Siqueira Campos (PSDB-TO) afirmou ser necessário "muita maturidade" para que o governo possa manter a base aliada. Já o senador Moreira Mendes (PFL-RO) lamentou a condescendência do governo com as invasões do MST. Para Geraldo Melo, o governo teve uma "postura flexível" com o movimento, que qualificou como uma "vanguarda reivindicadora e forte no país", necessária para dar um impulso maior à reforma agrária empreendida pelo Poder Executivo. Mas agora, para o parlamentar, "o MST transpõe o limite da ação de uma vanguarda política e reivindicadora para se transformar em um desafio à soberania do Estado".

- Se a sociedade brasileira for leniente com isso, estaremos a um passo de assistir as cenas que vimos no começo do ano na Argentina - afirmou o parlamentar, referindo-se à crise social no país vizinho.



26/03/2002

Agência Senado


Artigos Relacionados


FOGAÇA: GUIDO MONDIM FOI ACIMA DE TUDO UM CRIADOR

SIMON: DOM HÉLDER, ACIMA DE TUDO, FOI MOVIDO POR SENTIMENTO RELIGIOSO

A vida humana deve estar acima de tudo nas discussões sobre meio ambiente, defende Arthur Virgílio

Mais da metade da população acima de 18 anos está acima do peso

Sarney diz que senadores farão do Senado uma Casa respeitada

Dilma: força do Brasil é cada vez mais respeitada no exterior