Memorial da América Latina completa 19 anos



Cursos, exposições e shows inéditos fazem parte da temporada 2008

“A primeira impressão é a que fica”, diz um velho ditado. É o caso do Memorial da América Latina, cujos prédios repletos de curvas (como o corpo de uma bela mulher), uma mão gigantesca e até uma ponte atraem turistas do mundo inteiro.

O que a maioria das pessoas desconhece é que esse imenso complexo arquitetônico, que leva a assinatura do centenário Oscar Niemeyer, reflete a visão do seu idealizador, o antropólogo Darcy Ribeiro, de “mostrar que em pelo menos dois planos, o lingüístico e o cultural, não há região mais integrada do mundo do que a América Latina”.

Ao longo da trajetória de quase duas décadas, o Memorial mostrou que Darcy não estava equivocado. Hoje, “tornou-se ponto de referência e reflexão sobre esse imenso continente”, salienta Fernando Leça, presidente da Fundação Memorial da América Latina. E é com energia e fôlego renovados que a instituição comemora o seu 19º aniversário, na próxima terça-feira (18), às 12h30, com uma megafesta e recital de canto e piano. Esse show inaugura a Série Música do Meio-Dia em 2008 e abre as comemorações de aniversário do Memorial. Na apresentação, na Sala dos Espelhos do Auditório Símon Bolívar, o público ouvirá árias de Mozart, Donizetti, Gounod, Bizet, Puccini e Shostakovich interpretadas pelo núcleo Universitário de Ópera gratuitamente.

Lançamentos 

No salão do mesmo auditório, acontecerá, às 18h30, o lançamento do 28º número da Revista Nossa América, publicada pelo Memorial desde a sua fundação e que a partir deste ano passa a ser trimestral, de 14 livros da Coleção Memo, do livro Povo e Personagem, de Cremilda Medina, e do livro O Legado de Franco Montoro, com coordenação de José Augusto Guilhon de Albuquerque.

Para Leça, a regularidade da Revista Nossa América, “é uma vitória, pois, manter uma revista no mercado editorial brasileiro por quase 20 anos é tarefa difícil. O alto custo da edição, a complexidade da distribuição, entre outros fatores, fazem com que as publicações tenham vida curta ou periodicidade irregular. De 1989 a 2005, ela vinha sendo editada uma ou duas vezes por ano. A partir de 2006 chegou a duas edições, e em 2007 atingiu a marca de três edições”.

Às 19h30, será a vez do lançamento do selo Memorial. O selo, comemorativo ao centenário do arquiteto Oscar Niemeyer, foi idealizado pelos Correios, que também fizeram outro sobre o Museu de Arte Contemporânea de Niterói, também criação do mestre mundialmente conhecido.

O auge da comemoração será às 21 horas, com a apresentação de João Bosco. O show, com entrada franca, faz parte do Projeto Adoniran, que ocorre duas vezes por mês no Memorial. O visitante poderá ouvir composições que integram o primeiro DVD do artista, João Bosco Ao Vivo – Obrigado, Gente!, gravado em 2006, em homenagem aos seus 60 anos. O roteiro traz alguns de seus memoráveis clássicos (os sambas da década de 1970, a incontornável parceria com Aldir Blanc, os sucessos românticos dos anos 1980 e 1990).

Encontro de culturas

Nesses 19 anos de existência, o Memorial recebeu nomes famosos em seus espaços: Mercedez Sosa, Balé Nacional de Cuba, Astor Piazolla, Paquito de Rivera, Tom Jobim, além de exposições como a de Fernando Botero, o famoso pintor colombiano, cujas obras destacam-se pelas figuras rotundas.

A temporada 2008 do Memorial promete. Além da megafesta (gratuita) em comemoração aos seus 19 anos, as novas programações e exposições mostrarão toda a criatividade da cultura latino-americana. De acordo com Fernando Calvozo, diretor de atividades culturais, terão continuidade os projetos Adoniran, Conexão Latina, Música do Meio-Dia e Festival de Cinema Latino-Americano, este em sua terceira edição.

A Galeria Marta Traba terá atrações imperdíveis. O destaque para abril (a partir do dia 10) será Oswaldo Guayasamin, pintor e escultor equatoriano, “considerado um dos expoentes das artes plásticas da América Latina”, salienta Calvozo. A exposição conta com o apoio da Fundação Guayasamin, da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo e do Consulado Geral do Equador em São Paulo. Fernando Brennand, ceramista e escultor pernambuco, é a atração do mês de maio.

Para os amantes da arte plumária, a exposição Viagem Noturna é excelente indicação. As peças (em torno de 350) pertenciam ao ex-banqueiro Edmar Cid Ferreira (Banco Santos) e estarão em exposição de 18 de junho a 3 de agosto.

O segundo semestre terá como destaque a exposição Niñas de Nazca, que vem pela primeira vez para o Brasil.

Balanço positivo 

Mais de 14 mil pessoas assistiram ao 1º Festival Ibero-Americano de Teatro. Durante nove dias, o Auditório Simón Bolívar realizou uma agradável viagem pelas artes cênicas de dez países da América Latina, mais Portugal e Espanha e participação especial da Itália. O evento ocorreu entre 1º e 9 de março. O grupo Teatro Art´Imagem, da cidade do Porto (Portugal), foi um dos grupos que se apresentou durante o evento. José Leitão, diretor do grupo, disse que a experiência foi gratificante. “Essas ações deveriam ser constantes porque a troca de experiências entre os diversos públicos é fundamental para o ator e o teatro”. O grupo Teatro Art´Imagem é uma das companhias mais tradicionais de Portugal e existe há 27 anos.

Horizontes 

Entre as novidades para o primeiro semestre, estão os cursos de extensão universitária da Fundação Memorial. As inscrições começarão no final deste mês. Os temas propostos para 2008 são bem variados, tratam desde política e economia até literatura e música popular: Literatura e Cultura na América Latina (sábados: de 29 de março a 21 de junho); Música Popular e Política na América Latina (sábados: 29 de março a 5 de julho); Negócios e Economia na América Latina (quintas-feiras: 3 de abril a 26 de junho) e Partidos e Sistemas Eleitorais (quartas-feiras: 2 de abril a 18 de junho).

De acordo com Adolpho José Melfi, diretor do Centro Brasileiro de Estudos da América Latina, “os cursos têm como objetivo estabelecer um canal de discussão e reflexão entre pesquisadores, estudantes e interessados em temas que circundam a América Latina. Pretendem, desta maneira, atender ao interesse de públicos diversos, que, em comum, trazem sempre assuntos relacionados à realidade de países latino-americanos”.

Cátedra 

Congregar pesquisadores de diversas instituições da América Latina e das universidades do Estado de São Paulo (USP, Unicamp e Unesp) para discutir problemas comuns da região é a intenção da Cátedra de Estudos da América Latina do Memorial. Suas atividades tiveram início em 2007 e temas relevantes, a exemplo de Energia e Meio Ambiente, ganharam destaque.

Universitários de diversas instituições da América Latina – Universidad Autónoma Nacional do México, Universidad Autónoma Gabriel René Moreno (Bolívia) e Universidad Nacional de La Plata (Argentina) – tornaram-se bolsistas. A Cátedra conta com parcerias institucionais importantes: Fundação Cultural do BID, Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e Unesco.

Maria Lúcia Zanelli, da Agência Imprensa Oficial

(C.C.)



03/15/2008


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