Mercosul deve se inspirar na Europa, afirma Requião



Os parlamentares sul-americanos presentes à abertura da XX Sessão Plenária da Comissão Parlamentar Conjunta do Mercosul (CPCM) defenderam a necessidade de se reforçar a integração entre os países que compõem o bloco - Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai - e os países parceiros, além dos integrantes do Pacto Andino, apesar dos tempos de crise.

Para o presidente pro tempore da CPCM, senador Roberto Requião (PMDB-PR), a América do Sul deve se inspirar na União Européia, principalmente no momento em que o presidente eleito Luís Inácio Lula da Silva demonstrou, na viagem que fez à Argentina e ao Chile nesta semana, que vai dar prioridade à reconstrução do Mercosul.

- Precisamos afinar os nossos discursos. Identificamos que existem pesadas críticas à Alca (Área de Livre Comércio das Américas). Queremos integração, mas sem exploração. As propostas do presidente Lula, que declarou apoio e solidariedade à Argentina, entusiasmam muito o Parlamento brasileiro - afirmou Requião na abertura da reunião, que teve a participação dos senadores Pedro Simon (PMDB-RS) e Luiz Otávio (PMDB-PA).

O representante da Argentina na CPCM, deputado Rafael Martinez Raymonda, também citou a integração européia como referência para o Mercosul. Ele destacou ainda que a renovação, por meios democráticos, dos presidentes do Brasil neste ano, da Argentina e do Paraguai em 2003 e do Uruguai em 2004 pode levar à aceleração da integração.

- É fundamental que, juntamente com o Pacto Andino, a América Latina se una para sair da sombra e passe a ter um papel importante no cenário internacional - afirmou.

Da mesma forma, pelo Parlamento paraguaio, o deputado Alfonso Gonzalez Nunes reclamou que o economicismo observado nos últimos anos acabou afastando os países da região que têm história e muitos interesses comuns.

- Precisamos sair da periferia da história e deixar de ser presa fácil de organizações externas, com planos que significam na prática maior miséria para os povos da América Latina - declarou.

O senador Danilo Astori, do Uruguai, entende que o Mercosul tem a oportunidade de aprender a partir dos erros cometidos durante as crises. Ele criticou ainda a rigidez das estruturas estabelecidas nos primeiros momentos do bloco econômico que, na sua opinião, afastou novos parceiros. Mas alertou que tudo deve ser feito sem renunciar aos objetivos fundamentais do Mercosul.

Já o deputado Cláudio Alvorado, convidado à reunião para representar o Congresso do Chile, apelou para que os países da América do Sul sejam capazes de deixar interesses setoriais de lado para que possam avançar. Para ele, a supressão da pobreza no continente passa pela capacidade de negociação de pactos entre os países da região.

Também convidada à reunião, a deputada venezuelana Jhannett Madriz Sotillo, que é presidente do Pacto Andino, pediu que os parlamentares da região pensem e trabalhem a integração diuturnamente e não apenas em reuniões esporádicas. Além disso, continuou, ela defendeu maior participação dos congressistas nos acordos da Alca, do Mercosul e do Pacto Andino, que vêm sendo conduzidos apenas pelos Executivos.




04/12/2002

Agência Senado


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