AGRIPINO ANALISA PERSPECTIVAS DE INTEGRAÇÃO ENTRE MERCOSUL E EUROPA



O senador José Agripino (RN) defendeu, em seminário promovido em Madri pela Fundação Popular Ibero-Americana para analisar as perspectivas de integração entre o Mercosul e a União Européia, a criação de condições para o desenvolvimento equilibrado do comércio entre as duas regiões. Agripino, que participou do encontro como representante do PFL, apresentou aos demais senadores o pronunciamento que fez na ocasião.

José Agripino destacou, em seu pronunciamento, a importância das negociações para a criação da Associação Inter-regional, que irá agrupar os dois blocos econômicos, conforme acordo firmado em Madri, em 1995. Um dos objetivos da associação, e o mais importante, na avaliação do senador, é a liberalização de fluxos de comércio entre as duas regiões.

O Mercosul tem hoje na União Européia, lembrou o senador, o seu mais importante parceiro econômico comercial. A União Européia absorve cerca de um quarto das exportações do Mercosul e é, em conjunto, a fonte mais importante dos fluxos de investimento direto estrangeiro nos países que integram este bloco, afirmou o senador.

José Agripino ressaltou a posição do Brasil neste contexto, lembrando que o fluxo comercial entre o país e a União Européia deve chegar, este ano, a US$ 32 bilhões. Entre os 12 maiores parceiros comerciais do Brasil em todo o mundo, sete fazem parte da União Européia.

O senador reconheceu, no entanto, que a negociação para a criação da Associação Inter-regional será difícil. Ele atribuiu às dificuldades principalmente às diferenças de prioridades dos dois blocos econômicos, e ao tratamento da questão agrícola.

Entre os efeitos nocivos das políticas agrícolas européias nos países em desenvolvimento, o senador citou a perda de mercados na Europa, a concorrência em terceiros mercados de uma produção altamente subsidiada e a pressão de baixa nos preços internacionais dos produtos. Ele destacou os efeitos dessas políticas no Nordeste, com a migração para a Amazônia e a conseqüente pressão demográfica sobre a floresta.

Ao defender uma revisão das condições de acesso dos produtos do Mercosul aos mercados comunitários, José Agripino lembrou que as exportações da União Européia para o Mercosul, na década de 90, cresceram mais de 230%, enquanto as exportações do Mercosul para o bloco europeu cresceram apenas 35%.

José Agripino também destacou a importância política e estratégica da parceria Mercosul - União Européia, observando que a partir de 2005, com a implantação da Área de Livre Comércio da Américas (Alca), poderá estar em jogo o equilíbrio da ordem regional na América do Sul.

- Vemos de modo muito positivo a perspectiva de uma parceria mais intensa com os Estados Unidos, mas desejaríamos que a esse movimento correspondesse na mesma medida uma presença mais intensa da Europa nos países do Mercosul - afirmou.

16/11/2000

Agência Senado


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