Meta de inflação deste ano é de 4,5%, mas índice pode ficar em 4%, diz presidente do Banco Central



O presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, disse, na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), nesta terça-feira (27), que a meta de inflação do Banco Central para este ano é de 4,5%, mas a expectativa é de que o índice fique em 4%. Para 2008, a meta do BC é de que a inflação fique em 4,5%, mas a expectativa do mercado é que atinja 4,1%.

VEJA MAIS

Meirelles falou, na CAE, sobre as metas de inflação, políticas monetária e cambial e desempenho do Banco Central, em atendimento a requerimento de autoria do senador Aloizio Mercadante (PT-SP), presidente da comissão. O principal enfoque do presidente do BC foi explicar aos senadores o sucesso do regime de metas de inflação adotado pelo Brasil em junho de 1999.

A implementação do regime de metas no Brasil, complementando a transição para o câmbio flutuante, segundo Meirelles, surgiu depois do colapso do regime de câmbio fixo, da tentativa de vários planos econômicos fracassados e de uma hiperinflação vivenciada pelo país. Esse regime, segundo contou, é utilizado, atualmente, por 24 países, tanto emergentes como desenvolvidos, e tem proporcionado crescimento, estabilidade de preços, previsibilidade para os agentes econômicos, crescimento de renda e de emprego.

A inflação média nos países emergentes que seguem o regime de metas era de cerca de 20% e agora é de 4%. Os países desenvolvidos, segundo Meirelles, conseguiram controlar e estabilizar sua inflação em 2%.

No caso do Brasil, as metas são definidas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) e cabe ao BC a responsabilidade de cumpri-las, utilizando a taxa de juros de curtíssimo prazo (taxa Selic) como instrumento. Os resultados da política de metas adotada no Brasil estão de acordo com o sucesso desse instrumento estabelecido nos demais países, afirmou Meirelles.

O Comitê de Política Monetária (Copom) é o órgão responsável, no âmbito do BC, pela decisão da taxa de juros. Meirelles explicou que essa decisão não é aleatória, mas bem estudada, já que, para definir essa taxa, o colegiado do Copom reúne-se dois dias, faz avaliação da economia, do mercado de trabalho, da expectativa dos agentes privados e de tantos outros itens.

O presidente do Banco Central afirmou que a taxa de juros reais está caindo e que esse fato está relacionado à rota de crescimento sustentado. Informou também que a queda e o controle da inflação têm proporcionado crescimento médio do número de vagas do mercado formal acumulado em 12 meses, que foi de 1,272 milhão no período de 2004 a 2006. Em 2003, esse crescimento foi de 667 mil. Também a massa salarial, segundo o presidente do BC, cresceu 6% no último ano.

Com apresentação de gráficos e dados sobre a economia brasileira, Meirelles também falou aos senadores que as vendas no varejo cresceram e ficaram robustas a partir de 2003, dado que está relacionado diretamente, segundo apontou, com a elevação da massa salarial. A confiança dos consumidores, que ficou abalada e sofreu queda em 2005,recuperou-se, segundo ele, e houve também crescimento na venda de veículos, na produção industrial e nos investimentos, estes últimos relacionados com a queda do Risco-Brasil.

- A missão básica dos Bancos Centrais é manter a inflação sob controle, baixa e estável. É importantíssimo termos inflação não só na meta, mas estável e previsível, pois a estabilidade econômica melhora a economia, diminui a incerteza e aumenta o nível da renda. O contrário também acontece. Quando há descontrole de preços, aumenta a incerteza e os agentes econômicos passam a defender seus próprios interesses. Isso desorganiza a economia - afirmou.

Para o estabelecimento das metas de inflação, explicou Meirelles, há um intervalo de tolerância, bem como um período para o cumprimento da meta, ou ano-calendário.Por exemplo: a meta de inflação estabelecida pelo BC para o Brasil em 2006 foi de 4,5%. O intervalo de tolerância foi + - 2,0. Segundo Meirelles, muitos países que adotaram o regime de metas chegaram a ter inflação zero, mas esse não foi o caso do Brasil.

O presidente do BC explicou também que a meta e o intervalo estabelecidos no Brasil ainda são maiores do que nos demais países, devido "ao nosso histórico" e à necessidade de acomodação das exigências e peculiaridades do país. Frisou que o importante é a inflação ficar dentro do intervalo.

Meirelles observou também que em 2001 e 2002 "choques adversos de grande magnitude atingiram a economia brasileira", desviando a inflação da trajetória das metas. Em 2003, houve efeitos defasados dos choques anteriores que ainda impactaram a taxa de inflação. Para o presidente do Banco Central, o período de 2004 a 2007 é o de retorno da inflação à trajetória das metas.



27/02/2007

Agência Senado


Artigos Relacionados


Banco Central diz que inflação oficial de 2010 deve ficar em 5,4%

Inflação segue em declínio e deve ficar em torno de 4,5% este ano, afirma Banco Central

Dívida líquida do setor público pode ficar em 40% do PIB este ano, diz Banco Central

Mercado espera inflação de 4,2% em 2008, diz presidente do Banco Central

Presidente do Banco Central acredita que inflação será menor nos próximos três meses

Copom: inflação deve ficar próxima ao centro da meta este ano