Ministra: espécies ainda não conhecidas podem ser extintas



Muitas espécies são extintas antes mesmo de serem conhecidas. A observação foi feita pela ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, que participou nesta sexta-feira (14) do colóquio "A proteção de espécies ameaçadas de extinção no Brasil", promovido pela Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA).

Na avaliação da ministra, é preciso que a população brasileira entenda o valor da biodiversidade e passe a cuidar do meio ambiente juntamente com o Estado. Para ela, a atitude de preservação ambiental deve fazer parte do cotidiano das pessoas.

A ministra presenteou o presidente da CMA, senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) com o Livro Vermelho das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas, editado pelo Ministério do Meio Ambiente.

Conservação

Na opinião do representante da União Internacional para a Conservação da Natureza, Simon Stuart, as áreas de conservação têm contribuído de forma eficaz para evitar a extinção de animais. Ao falar da ameaça de extinção de espécies, ele afirmou ser possível reverter o quadro de crescimento da taxa de destruição da fauna.

O secretário de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente, Bráulio Dias, informou que o país cataloga cerca de mil novas espécies a cada ano. Não apenas a biodiversidade deve ser preservada, mas também os chamados serviços ecossistêmicos, que sustentam a vida e regulam o sistema ecológico, explicou Bráulio Dias. Nos últimos 50 anos, informou, as taxas de perda de biodiversidade vêm aumentando, situação que só pode ser revertida com esforços significativos.

Em sua opinião, a preservação não deve acontecer apenas nas unidades de conservação, mas incluir mudanças nas práticas de desenvolvimento econômico tradicionais, como da agricultura, pecuária, mineração, bem como das áreas urbanas.

Para Rodrigo Rollemberg, o maior desafio do Brasil, neste momento em que se discute um Código Florestal (PLC 30/11), é mudar o quadro "vergonhoso" no qual 627 espécies animais brasileiras em risco de serem extintas em decorrência da destruição de seu habitat natural. Ele defendeu investimento em ciência, tecnologia e inovação para conhecer profundamente a biodiversidade brasileira e, assim, poder utilizá-la de forma sustentável.

- Temos de romper com a falsa dicotomia de que o desenvolvimento da agricultura destrói o meio ambiente. Podemos ser grande produtor de alimentos e de energia sem abrir mão da biodiversidade - ressaltou Rollemberg.

O ministro do Superior Tribunal de Justiça Antonio Herman Benjamin, que abordou o tema sob a perspectiva nacional, afirmou ser impossível preservar sem a atuação do Estado e sem uma legislação atualizada. Em sua opinião, há uma lacuna entre a evolução da ciência e a reação do Direito.

- Avança o conhecimento científico, consensos são alcançados, mas tarda-se a dar uma resposta geral e jurídica que apóie os objetivos traçados pela ciência, observou, ao acrescentar que essa defasagem não pode ser aceita quando se trata de extinção de seres vivos.

O evento continua nesta tarde com os painéis Esforços para a conservação de espécies e Economia, Comunicação e Biodiversidade. A programação pode ser consultada aqui.



14/10/2011

Agência Senado


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