Ministro defende redução de ICMS para banda larga




Redução do imposto será recuperada com expansão do serviço, afirma Paulo Bernardo

VEJA MAIS

“Banda larga deve ser considerada como infraestrutura básica, ela é a estrada do século 21”, afirmou o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, que pediu aos senadores ajuda para reduzir o ICMS que incide sobre os serviços de conexão rápida à internet, como forma de aumentar sua abrangência no país.

– Se a banda larga fixa tivesse a alíquota de ICMS reduzida a 10%, com certeza as perdas não chegariam a 1,5% de ICMS e a expansão do serviço rapidamente reporia essa receita. Se você expandir banda larga, e vai ser por fibra ótica, vai expandir telefonia e TV por assinatura, que são serviços convergentes e usam a mesma infraestrutura – disse.

O ministro participou nesta quarta-feira (2) de painel sobre as telecomunicações no Brasil, promovido pela Comissão de Serviços de Infraestrutura (CI), que é presidida por Fernando Collor (PTB-AL). Os senadores presentes ao debate também destacaram a importância da internet banda larga para o desenvolvimento do país, mas manifestaram preocupação com a pouca cobertura e a baixa qualidade de conexão.

– A banca larga é vital para a economia, é fundamental para o desenvolvimento, mas o grande clamor hoje é a cobertura – disse Walter Pinheiro (PT-BA). Conforme o senador, não se consegue levar indústrias e grandes empresas para o interior do país sem a disponibilização de internet banda larga.

O senador reconheceu o aumento do número de domicílios com acesso à internet, segundo dados apresentados por Paulo Bernardo, mas observou que a cobertura ainda é pequena, em especial no Nordeste, que chega a apenas uma em cada quatro residências. No mesmo sentido, Wilder Morais (DEM-GO) apontou urgência na adoção de mecanismos para ampliar os investimentos no setor, como a exoneração de impostos.

De acordo com Walter Pinheiro, a demanda por internet móvel é crescente, em razão dos vários serviços disponíveis para smartphones e tablets, como pagamento de contas, recolhimento de benefício social e acesso a políticas voltadas ao campo, como o seguro do programa Garantia Safra.

Sobre esse aspecto, o ministro informou que desde março, quanto entrou em vigor a desoneração para smartphones e tablets, a venda desses equipamentos foi maior que a de celulares convencionais. O Brasil tem hoje 252 milhões de celulares, contra 44 milhões de telefones fixos, e, para Paulo Bernardo, a situação deverá se manter.

Áreas rurais

Para 2014, ele anunciou a ampliação de internet rápida e da telefonia para as áreas rurais. A informação foi saudada pelo senador Sérgio Souza (PMDB-PR), que lembrou a importância do acesso ao conhecimento para os jovens que estão no campo e também para a atividade rural como um todo.

Na opinião de Sérgio Souza, não há justificativa para limitações de cobertura e para a baixa qualidade dos serviços, uma vez que o faturamento das operadoras cresceu 250% nos últimos dez anos.

– O Brasil é um grande negócio para qualquer grupo que opera telecomunicações, seja TV a cabo, telefonia ou transmissão de dados.

Satélite

Como parte das medidas para melhorar os serviços, o ministro disse que está sendo finalizado contrato para construção de um satélite brasileiro, que será lançado em 2016 e terá 70% de sua capacidade direcionada para banda larga. Para Walter Pinheiro, a medida é essencial, uma vez que os quatro satélites que eram operados pela Embratel hoje estão sob o controle de um grupo mexicano.

Fusões

Em resposta ao senador Eduardo Suplicy (PT-SP), o ministro informou que estão sendo aguardadas para esta semana informações sobre o aumento da participação da espanhola Telefônica, que controla a Vivo, na italiana Telecom, que controla a TIM, anunciado há dez dias. Conforme explicou, desde 2007 as duas empresas fazem parte de um mesmo bloco, mas, na época, foi homologado acordo no sentido de que a Vivo não participaria das decisões estratégicas da TIM, preservando a concorrência.

– Esses grupos têm mais assinantes no Brasil do que nos países onde estão as matrizes. A TIM tem 78 milhões de linhas de celulares aqui e a Vivo cerca de 85 milhões. Se não tiver impacto de uma interferir nas decisões estratégicas da outra, vamos ter duas empresas concorrendo e brigando entre si. Se uma passar a fazer parte efetivamente do bloco controlador e passar a interferir na outra, isso precisará ser avaliado pelo CADE [Conselho Administrativo de Defesa Econômica] - afirmou.

Sobre a fusão da Oi com a Portugal Telecom, anunciada na noite de terça-feira (1º), o ministro disse tratar-se da consolidação de uma estratégia que já vinha se desenhando. A nova empresa terá sede no Brasil e irá operar também em Portugal e em países africanos, passando a ter 100 milhões de clientes, para um universo de 260 milhões de habitantes do conjunto de países onde irá atuar.

Como o detalhamento dessa fusão é esperado para esta quarta-feira, Paulo Bernardo disse não ter ainda conhecimento suficiente para emitir qualquer opinião sobre a operação.



02/10/2013

Agência Senado


Artigos Relacionados


Ministro diz que só haverá redução de impostos para banda larga se o preço para o consumidor cair

Secretários estaduais da Fazenda vão discutir isenção de ICMS para banda larga

Banda larga pode cair a R$ 29 sem o ICMS, diz Paulo Bernardo

Paulo Bernardo: sem ICMS, banda larga pode cair a R$ 29

Ministro das Comunicações debate banda larga na CCT

Ministro discute Programa Nacional de Banda Larga em São Paulo