Modelagem climática ajudará a prever desastres naturais



O Brasil terá um sistema próprio de modelagem climática em plena operação na apresentação do sexto relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), previsto para a segunda metade desta década. O modelo está sendo desenvolvido por um grupo de instituições lideradas pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Um sistema ajustado para a realidade brasileira ajudará a prever a ocorrência de fenômenos naturais extremos, como enchentes e longos períodos de seca. A antecipação dos cenários permitirá às autoridades traçar estratégias de prevenção, como a remoção de populações das áreas de risco.

Outra vantagem do modelo 100% nacional será oferecer subsídios para grandes debates nacionais em temas como energia, sustentabilidade e meio ambiente, entre outros. “Se o País tivesse uma modelagem climática em atividade na última década, por exemplo, haveria um embasamento maior para os debates sobre a transposição do Rio São Francisco e a construção de usinas na Amazônia”, afirma o chefe do Centro de Ciência do Sistema Terrestre do Inpe, José Marengo.

Nos próximos anos, entretanto, novos assuntos nacionais poderão contar com as informações obtidas pelo modelo que está sendo desenvolvido no Brasil, incluindo as políticas sociais para o semiárido do Nordeste, a ocupação urbana no Sudeste e a expansão do agronegócio no Centro-Oeste e na Amazônia.

Enquanto consolida o sistema de modelagem climática nacional, o Brasil continua gerando cenários regionais, cujos resultados são utilizados pelos vizinhos da América do Sul. O modelo brasileiro situa-se em estágio avançado e passa por testes iniciais. “Estamos validando as experiências com observações. A elaboração da modelagem é um processo longo que envolve profissionais qualificados e equipamentos de alta tecnologia”, explica Marengo.

Estudos

O Inpe iniciou estudos sobre tendências climáticas no Brasil e América do Sul no fim dos anos 1990. Em 2007, com base nas projeções dos modelos regionais de mudanças de clima, o instituto concluiu os cenários para o Brasil e América do Sul e gerou estudos de impactos e vulnerabilidade às mudanças climáticas para agricultura, saúde e geração de energia.

Esse conhecimento baseado nos sistemas regionais é importante para construir o modelo nacional, que está sendo chamado de Modelo Brasileiro do Sistema Climático Global – MBSCG.

Outra frente de atuação do Inpe são as pesquisas sobre os extremos climáticos, dirigidas a setores como biodiversidade, megacidades, recursos hídricos e tecnologias de observação, entre outros estudos.

Supercomputador

O País conta com um trunfo para a modelagem climática nacional: um supercomputador batizado com o nome Tupã. O equipamento norte-americano da fabricante Cray, de US$ 30 milhões, é um dos mais velozes e potentes do mundo.

A supermáquina será capaz de rodar os complexos modelos matemáticos aplicados nas pesquisas climáticas. O novo sistema será utilizado pelo Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) e pelo Centro de Ciências do Sistema Terrestre (CCST), ambos do Inpe. Tupã, na cultura tupi-guarani, é o Deus do Trovão. “É um nome bem sugestivo em se tratando de clima”, diz Marengo.



25/11/2011 10:29


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