Moradores de Gramado pedem direitos humanos para todos



Gramado é uma cidade excludente. Pelo menos na opinião de pessoas portadoras de deficiência, de idosos, de mulheres e de crianças e adolescentes, que participaram ativamente do I Fórum Municipal de Direitos Humanos de Gramado, realizado neste fim de semana na cidade serrana. Os mais de 300 participantes desenvolveram oficinas específicas sobre os temas, no sábado, organizadas pela Comissão de Cidadania e Direitos Humanos e pelo vereador Caetano Cardoso, que presidirá a Comissão de Direitos Humanos que está sendo constituída na Câmara Municipal de Gramado. Antecipando-se à realização das oficinas, o presidente da CCDH, deputado Roque Grazziotin (PT), deu uma aula de Direitos Humanos, sexta-feira à noite, no Palácio dos Festivais. Explicou que, ao contrário do que muitos pensam, os direitos humanos não dizem respeito apenas aos apenados e suspeitos de atos infracionais, mas a toda a sociedade. "Estas questões estão presentes no dia-a-dia de homens, mulheres, crianças, adolescentes e idosos, porque não podemos dissociá-las do olhar globalizado, em que a realidade econômica, social, política e cultural afeta a todos", alertou, mostrando como conseqüência a exclusão da maioria da população, que se encontra à margem da tecnologia, da participação e do desenvolvimento. O procurador da República Celso Três, da Regional de Caxias que atende a Comarca de Gramado, discorreu sobre Direitos Humanos do ponto de vista legal, desde a Revolução Francesa. Lamentou, no entanto, que há um elenco de direitos muitos bonitos, mas que não saem do papel. Encaminhamentos O evento vai resultar na Carta de Gramado, cujo objetivo é fomentar a implementação de políticas públicas que contemplem toda a população da cidade, além do debate permanente sobre questões relativas aos Direitos Humanos. Os relatórios das oficinas serão encaminhados amanhã ao presidente da Comissão do I Fórum Municipal de Direitos Humanos de Gramado, vereador Caetano Cardoso. Entre as principais reivindicações de crianças e adolescentes estão a criação de espaços públicos para a prática de esportes e lazer e a inclusão dos moradores de Gramado nos programas de turismo. As mulheres defendem a criação de uma delegacia e de uma rede de atendimento à mulher em situação de violência, bem como campanhas de conscientização dos direitos da mulher e para evidenciar o racismo contra as mulheres negras. Já os idosos querem a busca da reinserção na família e na sociedade, grupos de convivência e o direito à vida sexual ativa. O acesso ao meio físico e a formação de instrutores da Língua Brasileira de Sinais (Libras), visando à inclusão de alunos surdos nas escolas públicas e em todos os espaços da cidade, foram as principais exigências dos participantes da oficina de Pessoas Portadoras de Deficiência. Elas vão articular a criação de uma associação, a fim de se estruturem para sensibilizar a sociedade sobre os seus direitos.


06/26/2001


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