Moreira Mendes denuncia descaso com doentes renais crônicos
O senador Moreira Mendes (PFL-RO) denunciou que a vida de mais de 60 mil doentes renais crônicos que necessitam de serviços de hemodiálise está seriamente ameaçada, em virtude do caos econômico e financeiro enfrentado pelas clínicas que fazem o tratamento. Enquanto os Estados Unidos pagam em média US$ 180,00 por sessão e Argentina, Paraguai e Uruguai em torno de US$ 140,00, no Brasil a média não ultrapassa US$ 30, comparou.
- E isto quando o Sistema Único de Saúde (SUS) não atrasa o pagamento às clínicas, o que é comum acontecer. Cada sessão dura cerca de quatro horas, o que mal dá para pagar a conta de energia elétrica e de água. Nos últimos cinco anos o Ministério da Saúde concedeu apenas um único reajuste, de 15%, na remuneração dos hospitais públicos, filantrópicos e particulares - afirmou Moreira Mendes.
O Brasil, com os 30 dólares pagos por sessão de hemodiálise, ocupa a última posição no mundo, em termos do valor dessa remuneração, conforme salientou Moreira Mendes. Com a desvalorização do real a situação piorou, já que a maioria dos equipamentos é importada e seus preços refletem a alta do dólar, disse.
Moreira Mendes lamentou que, apesar das gestões feitas pela Associação Brasileira dos Centros de Diálise e Transplante (ABCDT) junto ao Ministério da Saúde, o governo federal continua irredutível e nega a concessão de qualquer reajuste na remuneração das clínicas. O senador fez um apelo ao novo governo eleito, que será empossado em janeiro, no sentido de que encontre uma solução para o problema. As clínicas estão pleiteando um reajuste de no mínimo 50%.
Em virtude da gravidade da situação, informou o senador por Rondônia, a ABCDT (entidade que congrega as mais de 500 clínicas que fazem hemodiálise no país) entrou com uma ação na Justiça responsabilizando criminalmente o ministro da Saúde, Barjas Negri, pela integridade física dos mais de 60 mil pacientes renais crônicos.
28/11/2002
Agência Senado
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