Mozarildo analisa investimentos estrangeiros na agricultura do país



O interesse de produtores rurais norte-americanos em explorar a agricultura no Brasil foi recebida com ressalvas pelo líder do PPS no Senado, Mozarildo Cavalcanti (RR). Embora afirme que o Estado brasileiro deve ver essa intenção como -alvissareira-, alertou para a necessidade de se adotarem -precauções jurídicas- em favor da salvaguarda da soberania territorial do país.

- Por mais que tenhamos desconfiança das reais intenções dos agricultores estrangeiros, ainda não estamos na posição de recusar taxativamente investimentos cujo desdobramento, eventualmente, poderá significar subtração de terras das mãos de brasileiros - ponderou. A cautela adotada por Mozarildo em relação às investidas dos agricultores norte-americanos sobre terras brasileiras não estaria sendo compartilhada pelo governo federal.

De acordo com o senador por Roraima, o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, já teria deixado transparecer -certo anseio- pela entrada de parceiros internacionais no setor. O parlamentar cita ainda dados do ministério que revelam a existência de mais de 90 milhões de hectares de cerrado à espera de exploração econômica, atividade que não implicaria a derrubada de uma árvore sequer da floresta amazônica.

Otimismo x pessimismo

O movimento internacional de exploração do potencial agrícola brasileiro seria um reflexo da retração da renda dos produtores no Primeiro Mundo, afetados pela redução progressiva dos subsídios agrícolas. Frente à projeção de crescimento na demanda mundial por alimentos e ciente das vantagens comparativas do país quanto às condições climáticas, territoriais e de custo de mão-de-obra, esses investidores teriam despertado o interesse em transferir seus negócios para o Brasil.

Ao comentar essa situação, Mozarildo Cavalcanti assinalou as repercussões futuras tanto de um ponto de vista otimista quanto pessimista. Se, por um lado, a iniciativa pode resultar em -arrojadas- inversões em tecnologia agropecuária, infra-estrutura de transportes, logística e armazenamento, por outro lado pairam dúvidas sobre a eficácia de controles legais que garantam a soberania nacional. Conforme observou, a legislação brasileira não impõe restrições mais rígidas para a compra de imóveis rurais por estrangeiros, principalmente quando vinculada a projetos de desenvolvimento julgados prioritários.



04/07/2003

Agência Senado


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