Mozarildo cita cientista brasileiro e questiona tese do aquecimento global
O senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR) colocou em debate em Plenário, nesta quarta-feira (11), a tese defendida pelos cientistas do Painel Intergovernamental sobreMudanças Climáticas (IPCC, sigla em inglês), em relatório divulgado em maio em Paris, e disseminada mundialmente pelo ex-vice-presidente dos Estados Unidos, Al Gore, de que o aquecimento global seria decorrente da emissão de gases geradores do efeito estufa e provocado principalmente por atividades humanas.
Para realçar entendimento diferente ao apresentada pelo IPCC, órgão vinculado à ONU, Mozarildo valeu-se de estudos do cientista brasileiro radicado no exterior, Luiz Carlos Molion, para quem há interesses comerciais dos países ricos por trás da tese do aquecimento. As principais idéias do cientista foram explicitadas em entrevista concedida recentemente à revista IstoÉ.
Molion, conforme parte da entrevista lida pelo senador na tribuna, acredita que o aquecimento seria benéfico para o Brasil, pois garantiria mais precipitações e um período mais prolongado de chuvas. Isso levando-se em conta as variações de temperatura da Terra, de acordo com as variações da temperatura do Oceano Pacífico. O aquecimento do Pacífico fora dos trópicos, por essa linha de raciocínio, seria o responsável pelo derretimento das geleiras.
Conforme sugeriria o cientista na referida entrevista, o resfriamento do Pacífico tropical é negativo para o Brasil, pela diminuição do regime de chuvas em decorrência da menor retenção de umidade na atmosfera.
As conseqüências para o país seriam drásticas se não houver o aquecimento tão questionado pelo IPCC. O Sul e o Sudeste sofreriam uma redução de chuva da ordem de 10% a 20%, dependendo da região. Do ponto de vista da agricultura, as regiões sul do Maranhão, leste e sudeste do Pará, e os estados Tocantins e Piauí seriam os mais prejudicados, até mesmo porque são fronteiras de expansão da soja brasileira, sujeitas, com a redução das chuvas, a perda de produtividade.
Para contradizer a tese do aquecimento, e sempre se referindo ao cientista Molion, o senador informou que entre 1925 e 1946 a temperatura da Terra sofreu elevação de 0,4°C, superior às temperaturas verificadas recentemente. Alguns cientistas, com base nestes números, defenderiam a teoria cíclica, segundo a qual haveria períodos de aquecimento seguidos de períodos de resfriamento.
Mozarildo, ainda com base na entrevista do cientista, questionou a tese do aquecimento que atribui ao CO2 o aumento da temperatura na terra. No período de 50 anos, entre 1925 e 1946, o aumento de 0,4°C na temperatura dificilmente poderia ser atribuído a esse gás uma vez que sua emissão na atmosfera foi inferior a 10%. Além disso, no Pós-Guerra, quando houve aumento da atividade industrial e, portanto, da emissão de gases poluentes, a temperatura na Terra teria diminuído.
Outra indagação do parlamentar por Roraima feita a partir dos estudos de Molion é o fato de o IPCC não levar em conta pesquisas feitas nos últimos 50 anos sobre a concentração de CO2, as quais indicam que elas já foram maiores - entre 550 e 660 partículas por milhão (ppm) - quando hoje estão em torno de 339ppm.
Em sua intervenção, Mozarildo Cavalcanti assegurou que não gosta de "verdades tipo dogmáticas" e da "unanimidade quase que religiosa" que vem envolvendo o tema aquecimento global.
- Tem de haver realmente o contraponto, o debate e o contraditório amplo, porque impingir ao mundo toda essa história [do aquecimento global] é realmente uma jogada comercial das potências ricas e que não leva em conta uma série de dados científicos -acentuou o senador.
O parlamentar recebeu apartes dos colegas Leomar Quintanilha (PMDB-TO) e Sibá Machado (PT-AC)
11/07/2007
Agência Senado
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