Acordo global é imprescindível para reduzir efeitos do aquecimento global, dia Ipea



O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou nesta segunda-feira (29) o “Comunicado nº 109 – O Acordo de Copenhague e as decisões de Cancun no contexto da Convenção do Clima”. Segundo o técnico de planejamento e pesquisa do instituto, Ronaldo Seroa da Motta, que apresentou o estudo, o setor empresarial está se preparando para atuar em uma economia de baixo carbono, mas um acordo entre os países ainda é imprescindível para evitar ou reduzir os efeitos econômicos e sociais do aquecimento global.

“Já se observa uma corrida para a economia de baixo carbono. O setor privado se organiza porque percebe que, mais cedo ou mais tarde, essa realidade será inevitável. Mas o mercado, por si só, não poderá lidar com os custos das mudanças climáticas”, argumentou o técnico.

Para Seroa, o grande desafio das negociações mundiais sobre o clima é a polarização entre os Estados Unidos e a China, principais motores da economia e maiores emissores mundiais de gases do efeito estufa. “A disputa entre Estados Unidos e China precisa ser resolvida. Se o acordo de Kyoto não for renovado, com metas mais ambiciosas e vinculantes, na conferência de Durban, em dezembro, teremos um grande retrocesso”, disse.

O comunicado faz um balanço dos avanços obtidos nas duas últimas conferências sobre o clima, ocorridas em Copenhague (Dinamarca, 2009) e Cancun (México, 2010). O principal objetivo das rodadas de negociações era renovar, de forma mais abrangente, o Protocolo de Kyoto, que expira em 2012. Mesmo que as iniciativas tenham fracassado nesse intuito, o técnico do Ipea acredita que algumas conquistas podem ser destacadas.

“O avanço mais espetacular foi no REED (Redução de Emissões por Desmatanento e Degradação), que tem como vantagens proteger a biodiversidade e gerar renda para quem depende dela. Ainda levará anos para que se torne um mecanismo internacional, mas a desconfiança contra ele desapareceu em Cancun”, explicou.

Outros avanços ressaltados pelo estudo são o registro e verificação das metas voluntárias de redução de emissões por parte dos países e a criação de um fundo voluntário verde, com recursos destinados à preservação ambiental, gerido por 24 países. “Há um compromisso de aporte de US$ 100 milhões anuais. A implementação desse fundo pode ser um incentivo para motivar os países em um acordo global mais completo”, comentou.

O estudo foi produzido com base em um dos capítulos do livro “Mudanças do Clima no Brasil: aspectos econômicos, sociais e regulatório”. A publicação traz textos de 46 autores e aborda o tema das mudanças climáticas sob a ótica nacional.


Fonte:
Ipea

 

29/08/2011 20:51


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