Mozarildo critica ausência de políticas do governo federal para eliminar desigualdades



O senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR) criticou o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela ausência de políticas para eliminar as desigualdades regionais, na sua avaliação o problema mais sério do país. Em discurso no Plenário, nesta sexta-feira (21), Mozarildo mostrou que os recursos federais continuam sendo aplicados de forma mais concentrada no Sul e no Sudeste, ficando as demais regiões pouco atendidas para investir em obras de infraestrutura, geração de empregos e implantação de indústrias.

Conforme o senador, ao investir pesadamente no Sul e no Sudeste, de forma contraditória, o governo "trabalha" contra os interesses dessas mesmas regiões.

- Por quê? Porque, ao dar melhores condições de vida no Sul e no Sudeste, atrai a população pobre das outras regiões para lá, aumentando as demandas sociais nessas duas regiões. E aí, não há jeito de corrigir se nós não invertermos essa política - avaliou.

Mozarildo apresentou dados para demonstrar que as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste são desfavorecidas na distribuição dos recursos federais. Para a Região Sul, composta de cinco estados, o governo teria repassado R$ 89,7 bilhões de transferências constitucionais e transferências voluntárias de 2003 a 2009. No Sudeste, com cinco estados, foram R$ 202,4 bilhões. Já o Nordeste, com noves estados, recebeu R$ 240 bilhões; o Norte, integrado por seis unidades, ficou com R$ 125 bilhões; e o Centro Oeste, com, quatros estados, foi atendido com R$ 51 bilhões.

O senador também mostrou que há grandes disparidades nas aplicações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) por região, em favor do Sul e do Sudeste. Mesmo considerando que as regiões Sul e Sudeste concentram maior parcela da população, com 57% de toda a população do país, o senador procurou salientar que o raciocínio a ser aplicado na divisão dos recursos não pode se restringir ao parâmetro populacional ou número de eleitores porque, salientou, nem todos habitantes dessas duas regiões nasceram nelas, muitos vieram dos estados mais pobres.

Mozarildo observou ainda que a decisão de ampliar o Bolsa Família alivia, mas não resolve a situação das famílias das regiões pobres. Segundo o senador, é necessário socorrer essas famílias que estão passando fome e estão na miséria, mas é preciso pensar em alternativas para que essas pessoas tenham outras formas de vida e as soluções não vão acontecer se o governo continuar colocando mais dinheiro no Sul e no Sudeste.

Ainda com relação ao BNDES, Mozarildo Cavalcanti criticou a iniciativa da instituição de gastar US$300 milhões modernizando o porto de Mariel, em Cuba, em detrimento de investimentos no país.



21/08/2009

Agência Senado


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