Mulheres premiadas com Bertha Lutz são educadoras, militantes políticas e empreendedoras de projetos sociais



Maria Ruth Barreto Cavalcante e Chloris Casagrande Justen, duas das seis mulheres premiadas com o Diploma Mulher-Cidadã Bertha Lutz, edição de 2010, atuam na área da educação. Maria José Silva, também premiada, trabalha com projetos de inclusão social, enquanto Carmen Helena Ferreira Foro e Maria Liége Santos Rocha são militantes políticas. Uma das mulheres - Ana Maria Pacheco Vasconcelos - recebeu homenagem póstuma pelo trabalho desenvolvido com projetos de direitos humanos. Abaixo o currículo das premiadas:

Maria Ruth Barreto Cavalcante - Nascida em 16 de abril de 1943 no Ceará, é psicopedagoga graduada na cidade de Colônia, na Alemanha. Aos 21 anos, começou a trabalhar com a educação de jovens e adultos, por meio do Movimento de Educação de Base (MEB), que utilizava o método de Paulo Freire. Esse trabalho era feito pelo rádio e acompanhado diretamente junto às comunidades rurais. Como vice-presidente do Diretório Central dos Estudantes da Universidade Federal do Ceará, em 1967, preparou grupos de estudantes universitários para trabalhar com a alfabetização de adultos. Esse trabalho foi impedido pelos militares durante a ditadura e Maria Ruth foi presa enquanto ministrava aulas. Foi a primeira mulher denominada presa política no Ceará.

Chloris Casagrande Justen - Nascida em Curitiba (PR), no dia 15 de setembro de 1923, é pedagoga com extensão universitária na Filadélfia (EUA). Em 1979, participou do Conselho Estadual de Educação do Paraná, onde implantou projetos e treinamentos considerados inovadores para professores de todo o estado. A convite do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), trabalhou em Roraima e organizou um congresso sobre educação em Recife (PE). Participou de conselhos tutelares em Curitiba e filiou-se a uma organização não governamental (ONG) criada na Califórnia (EUA), denominada Soroptimista, destinada a prestar serviços para melhorar as condições de vida das mulheres. A partir dessa filiação, criou clubes ligados a essa ONG no Brasil e deu palestras sobre projetos voltados para o atendimento de questões da mulher. Em 2005, durante congresso da ONG, realizado em Foz do Iguaçu (PR), foi produzido um manifesto com objetivo de denunciar e coibir o tráfico e a exploração sexual de crianças, adolescentes e de mulheres adultas. Chloris também é autora de um projeto destinado à capacitação de mulheres de baixa renda, bem como de várias publicações na área de educação. É vice-presidente da Academia Paranaense de Letras.

Maria José Silva - Natural do Piauí e criada no Maranhão, Maria José nasceu no dia 27 de dezembro de 1955. Nos anos 70, morou temporariamente em São Paulo, mudando-se, posteriormente, para o Rio de Janeiro, onde fixou residência. Depois de trabalhar oito anos como inspetora de qualidade na área metalúrgica, na década de 80, criou a Associação de Moradores do Conjunto Bento Ribeiro Dantas, no Complexo da Maré (RJ). Com apoio de outras 15 associações, estabeleceu parcerias com a prefeitura para a instalação da Vila Olímpica da Maré e a implantação do projeto Gari Comunitário, que tinha como foco a implantação da coleta de lixo em comunidades carentes. Desde 2002, atua na área da coleta seletiva e reciclagem, voltada para a inclusão social dos catadores de materiais recicláveis. Cerca de 70% desse público é composto por mulheres. Maria José teve a infância marcada pela perseguição sofrida por seu pai na ditadura militar.

Ana Maria Pacheco Vasconcelos - Nascida no dia 22 de agosto de 1944 em Pernambuco e falecida em agosto de 2009, Ana era advogada, poetisa e técnica em desenvolvimento urbano e rural. Foi uma das fundadoras da primeira Casa de Passagem no Brasil, destinada ao acolhimento de meninas de rua que sofreram violências diversas. Seu trabalho foi o de retirar as meninas das ruas, da exploração sexual e do trabalho infantil, enquanto também fazia trabalho preventivo com adolescentes expostas à Aids. Conseguiu parcerias nacionais e internacionais para esses projetos e fez palestras em diversas partes do mundo para divulgar seu trabalho.

Carmen Helena Ferreira Foro - Filha de lavradores e natural da cidade de Moju, no nordeste do Pará, militou nas comunidades eclesiais de base e no Sindicato dos Trabalhadores Rurais na cidade de Igarapé-Miri (PA), para onde se mudou com 15 anos de idade. Em 1991, já presidia interinamente o sindicato, tendo assumido a coordenação do movimento sindical que abrangia oito municípios do Pará. Em 1966, foi diretora da Central Única dos Trabalhadores (CUT) no estado e da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Pará, assumindo a então recém-criada Secretaria de Mulheres Trabalhadoras Rurais e de Políticas Sociais. Em 2003, assumiu cargo na CUT nacional e, em 2005, também entrou para a diretoria da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), com a missão de coordenar um grupo de mulheres do campo e da floresta. Em 2006, foi vice-presidente da CUT, tornando-se a primeira mulher a assumir um cargo de direção em uma central de trabalhadores no Brasil. Atualmente, é a titular da Secretaria de Mulheres na Contag.

Maria Liége Santos Rocha - Nasceu no dia 13 de outubro de 1944 na Bahia, estado onde iniciou sua militância política. Foi presa e ficou clandestina por seis anos, voltando a organizar movimentos pela anistia a partir de 1976, entre eles o 2º Congresso Nacional de Anistia, realizado em Salvador. Participou de comissão para organizar as mulheres na Bahia e foi eleita presidente da União das Mulheres de Salvador, colaborando ainda para a criação da União Brasileira de Mulheres, que coordenou por duas gestões. Em 1986, já morando em São Paulo, continuou a participar de movimentos em defesa das mulheres e trabalhou no Conselho Estadual da Condição Feminina. Participou de uma conferência mundial sobre a mulher, realizada na China, e foi também secretária adjunta da Rede Nacional Feminista de Saúde. Trabalhou na Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres e integrou a delegação brasileira que participou da 54ª sessão sobre a questão da mulher, na Organização das Nações Unidas (ONU). Atualmente, participa da Federação Democrática Internacional de Mulheres.



01/03/2011

Agência Senado


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