Músicos da OSESP serão solistas de intrigante obra de Mozart



Gerd Albrecht veio da Alemanha para reger três concertos, entre 25 e 27 de setembro

O maestro alemão Gerd Albrecht rege a Sinfonia Concertante, do austríaco Wolfgang A. Mozart e a obra A Sereia, do também austríaco Alexander Zemlinsky em três concertos com a Osesp na Sala São Paulo

A autoria da Sinfonia que será apresentada pela Osesp entre os dias 25 e 27 de setembro é questionada por alguns musicólogos. Há quem diga que não há provas de que Mozart é realmente seu compositor. Por outro lado, indícios de estilo denunciam que não poderia ser outro o autor. A Sinfonia concertante em Mi b maior, KV297b é composta para quatro solistas de sopro, representados nestes concertos por músicos da própria Osesp, chefes de seus naipes de instrumentos – Arcádio Minczuk – oboé; Sérgio Burgani - clarinete; Dante Yenque - trompa e Alexandre Silvério - fagote. A obra que encerra a programação – A Sereia, de Alexandre Zemlinsky - é baseada na história da Pequena Sereia de Hans Christian Andersen.

A história da Sinfonia concertante poderia inspirar uma novela de suspense e mistério. Quando Köchel organizou a primeira edição do catálogo de obras de Mozart, esta peça não foi incluída, porque a autoria de Mozart era bastante questionável.

A única cópia que se conhecia não era um manuscrito assinado pelo compositor, mas sim uma reprodução feita por um copista. Após muito debate, os musicólogos tenderam a aceitar que a concepção da peça é mesmo de Mozart, ainda que algum outro músico possa ter feito adaptações na instrumentação. A principal evidência em favor dessa hipótese é o estilo da obra, bastante coerente com outras que o compositor escreveu durante sua estada em Paris, em 1778.

De fato, numa carta ao pai, Mozart menciona que compusera em Paris uma sinfonia concertante para flauta, oboé, fagote e trompa, atendendo uma encomenda. A escolha do gênero e dos instrumentos não havia sido fortuita. Ao passar por Mannheim, Mozart conhecera quatro excelentes instrumentistas de sopro que, por acaso, estariam também em Paris na mesma época que ele. Foi para eles que Mozart escreveu a sinfonia. Numa carta subseqüente, Mozart relata ao pai que entregou as partes dos solistas, mas se queixa de que a obra não foi executada, as partes de orquestra não foram copiadas, e que a encomenda não havia sido paga e tampouco seu material devolvido.

Tudo indicava, portanto, que este trabalho de Mozart estaria perdido para sempre. É possível que Mozart tenha conseguido resgatar as partes perdidas e, quando o clarinete, instrumento recentemente desenvolvido, despertou o interesse de Mozart, ele tenha aproveitado o material guardado da temporada parisiense, para uma nova instrumentação da obra.

Alguns musicólogos defendem que as partes solistas são originais, com a clarineta no lugar do oboé e este no lugar da flauta, enquanto a orquestração teria sido reformulada por algum discípulo. Outros, ao contrário, acreditam que essas partes tenham contribuições alheias.

Regente - Gerd Albrecht - Primeira vez com a Osesp

Gerd Albrecht nasceu em Essen, Alemanha, em 1935. Entre outros, teve aulas com Herbert von Karajan. Em 1957, ganhou o primeiro prêmio no concurso internacional de regentes em Besançon.

Em 1961, tornou-se o primeiro regente do Teatro Municipal de Mainz e, no ano seguinte, era o mais jovem diretor artístico em Lübeck. Posteriormente, ocupou o mesmo cargo em Kassel e Berlim (Ópera Alemã). Participou dos festivais de Salzburgo, Turin e Berlim, com a Orquestra Nacional da RAI. Realizou mais de 150 gravações e recebeu múltiplos prêmios, como Grand Prix du Disque, Deutscher Schallplattenpreis, Editionspreis e Prix Caecilia. Em 1984, recebeu o prêmio Músico do Ano da Alemanha.

Foi diretor artístico de música e ópera em Hamburgo, além de ter sido o primeiro não-tcheco a ocupar a posição de regente principal da Orquestra Filarmônica Tcheca, nos 100 anos de história da orquestra. Escreveu diversos livros infantis e, em 1989, fundou a Fundação de Música da Juventude em Hamburgo, que auxilia jovens talentos. Em Berlim e Hamburgo, criou o Klingende Museum, um lugar onde crianças podem tocar instrumentos de orquestra com acompanhamento.

Por seu comprometimento, foi premiado com o Grimm-Preis alemão, em 1974, e pouco depois com o prêmio ESCO por seu trabalho com os jovens. Foi regente titular das Sinfônicas Yomiuri Nippon em Tóquio e da Rádio Dinamarquesa em Copenhagen. Em 2006, conduziu a Filarmônica de Helsinque na estréia mundial de La Hija del Cielo no Teatro Pérez Galdós, em Gran Canária.

Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo – OSESP

Gerd Albrecht - regente
Arcádio Minczuk - oboé
Sérgio Burgani - clarinete
Dante Yenque - trompa
Alexandre Silvério - fagote

Repertório
Wolfgang A. MOZART
Sinfonia concertante em Mi b maior, KV297b
Alexander ZEMLINSKY
A Sereia

Quinta, 25/9 (21h); Sexta, 26/9 (21h) e Sábado, 27/9 (16h30).
Preços: de R$ 28 a R$ 98
Aposentados, pessoas acima de 60 anos, estudantes e professores da rede pública estadual pagam 1/2, mediante comprovação
Estacionamento: 610 vagas (592 comuns e 18 para Portadores de Necessidades Especiais) - R$ 8.
Sala São Paulo (1484 lugares) – Pça. Júlio Prestes 16 (11) 3223-3966.

Da Fundação Osesp



09/19/2008


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