Ney Suassuna lamenta prejuízo na imagem do Brasil no exterior



Em discurso nesta terça-feira (dia 22), o senador Ney Suassuna (PMDB-PB) lamentou o prejuízo que a atual crise energética causou na imagem do Brasil no exterior. O parlamentar disse continuar confiando nas autoridades, mas considerou "imperdoável o arranhão" que o país sofreu na sua imagem perante o resto do mundo.

Suassuna relatou sua ida aos Estados Unidos para participar da reunião da Russell 20-20, entidade que reúne grandes fundos de pensão e investimento de todo o mundo. Entre eles, citou o senador, os fundos de aposentadoria dos professores americanos e canadenses e o grupo do megainvestidor George Soros. Os integrantes da entidade, comentou o parlamentar, movimentam juntos cerca de US$ 7 trilhões.

As grandes vedetes do encontro, relatou Suassuna, foram os representantes da Índia, da China e da Rússia, mas um jornal nova-iorquino afirmou, no dia seguinte, que os brasileiros roubaram a cena. No encontro, diante da grande preocupação de que os acontecimentos no Congresso Nacional - entre eles, a criação ou não da CPI da Corrupção - poderiam paralisar as reformas, o parlamentar garantiu que o problema no Congresso brasileiro era pequeno e transitório.

De volta ao Brasil, no entanto, surgiu a ameaça do apagão. O senador afirmou que não saberia o que dizer, se voltasse ao encontro das pessoas que o ouviram nos EUA. Para ele, a ameaça de racionamento de energia elétrica foi "um atestado de incompetência em planejamento".

- Para a imagem do Brasil, foi muito ruim. Ficou uma imagem de pessoas imprudentes, que não se preocupam com o futuro - disse.

O parlamentar lamentou que as cláusulas nos contratos de privatização das companhias de eletricidade não tenham sido seguidas à risca. Citou, como exemplo, a possibilidade de instalação, nas residências, de bloqueadores de energia que impediriam essas moradias de usar a totalidade da carga disponível nos horários de pico, em troca de uma redução de 20% na conta.

O representante da Paraíba no Senado perguntou até quando as cabeças pensantes do país continuarão sem pensar no futuro. Citou como exemplo a Previdência, que começa novamente a gastar mais do que arrecada.

- Não é justo que um país como o nosso não seja sempre privilegiado com um planejamento de longo prazo - afirmou o senador, lembrando que 83 cidades em seu estado já padecem por falta d"água. Em aparte, o senador Gilberto Mestrinho (PMDB-AM) afirmou que os acontecimentos mostram que os planos plurianuais de investimentos não adiantam nada, porque não planejam nada.

22/05/2001

Agência Senado


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