NEY SUASSUNA PROPORÁ SEMINÁRIO SOBRE COMÉRCIO EXTERIOR À CAE



Convencido de que o atual cenário das relações comerciais do Brasil com o exterior pode ser aprimorado por via legislativa, o senador Ney Suassuna (PMDB-PB) anunciou nesta quinta-feira (dia 2) que proporá, como presidente da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), a realização de um seminário com a presença de autoridades governamentais e representantes dos segmentos envolvidos no comércio internacional.
Para o senador, a iniciativa se fundamenta na evidência de que, após a mudança cambial, o país, ao contrário do que esperavam as autoridades econômicas, não aumentou significativamente o volume de exportações nem alcançará um superávit na balança comercial que permita a manutenção de um nível adequado de divisas em moedas estrangeiras.
- As estimativas mais recentes indicam um resultado ao final do ano que deve variar entre um equilíbrio em zero ou até mesmo um déficit, que pode chegar a US$ 1 bilhão, principalmente considerando que a tradição de incremento das importações no último trimestre de cada ano deverá se manter - comentou.
Ney Suassuna salientou que esses resultados diferem muito dos atingidos por outros países que também promoveram desvalorização cambial, como a Malásia, que registrou variação positiva do superávit em cerca de 150%, e a Coréia do Sul, que passou de um déficit de US$ 3,2 bilhões para um superávit de US$ 40 bilhões.
Mesmo reconhecendo a existência de fatores que podem explicar a frustração das expectativas iniciais, como a recessão em países importadores do Brasil, a queda nos preços de manufaturados e de commodities no mercado internacional, a inexistência de uma sólida política de incentivo às exportações por parte do governo federal, o senador enfatizou que "é fundamental a discussão dos caminhos de nossa política de comércio exterior".
Em aparte, o senador Álvaro Dias (PSDB-PR) elogiou a iniciativa de Suassuna e afirmou que as empresas nacionais saíram fragilizadas do processo de abertura comercial. Jefferson Péres (PDT-AM) comentou o caso de Taiwan que, com US$ 15 mil per capita e distribuição de renda assemelhada à dos países escandinavos, nem tomou conhecimento da crise asiática. O Brasil teria muito a aprender com o modelo de Taiwan, disse. Geraldo Cândido (PT-RJ) também fez questão de registrar que se associa à preocupação de Suassuna com a indústria nacional e destacou o caso da indústria naval, "completamente desativada".

02/12/1999

Agência Senado


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