Nova grife Daspre oferece artesanato de qualidade produzido por detentas



Marca é um lançamento da Funap e Secretaria de Administração Penitenciária

Uma linha diferenciada de artesanato, de boa qualidade e criativa, é produzida pelas reeducandas do Estado de São Paulo. A grife Daspre, lançada no dia 25 de julho pela Secretaria de Administração Penitenciária e Fundação Prof. Dr. Manoel Pedro Pimentel (Funap), começou com o treinamento de 12 presas da Penitenciária Feminina Sant’Ana, na capital, para a produção de caixas de presente decoradas. As primeiras participantes do curso tiveram sua formatura realizada no lançamento da grife, em cerimônia na unidade prisional.

As sentenciadas de outras unidades também serão capacitadas para a produção de peças artesanais, com a preocupação de manter o mesmo padrão de qualidade. Para a comercialização dos objetos, foi feita uma parceria com a Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô) visando à exposição e venda em algumas das estações no final do ano. Será possível também encontrar os trabalhos da Daspre na loja Do lado de lá, de propriedade da Funap.

As caixas de presentes, o primeiro item produzido pela grife, têm formatos diferenciados. São produzidas com base de papel paraná (mais rígido e resistente), forradas em tecido e decoradas com rendas, fitas, miçangas e outros enfeites decorativos. Este e os demais cursos de artesanato realizados em unidades femininas do Estado integram o selo Detentos que trabalham – uma nova chance, que engloba tudo que é produzido nas oficinas laborais do Estado. O aprendizado demora cerca de dois meses.

Após a certificação, as detentas interessadas em continuar se tornam aprendizes e passam a integrar as oficinas de treinamento, por quatro meses, ganhando R$ 80 mensais. Passado esse período, são contratadas pela Funap por um salário mínimo por mês.

Técnicas variadas – A maior parte da formação em técnicas artesanais oferecida às internas é ministrada por 20 mulheres da própria unidade, contratadas pela fundação, que fornece também todo o material – linhas de crochê, barbantes, glitter, fitas, tintas, pincéis, panos de prato, papel e cola.

As técnicas artesanais são mais variadas: reciclagem com garrafas PET; trabalhos com pintura em tecido; roupas de cama e adereços em crochê; bordados com pedrarias; confecção de brinquedos; encapamento de cadernos em tecido; origami e caixas de presentes. No total, 274 reeducandas trabalham com artesanato, além de outras 102 em fase de aprendizagem nos cursos. Mesmo sem receber pela produção (enquanto não há venda dos produtos), elas se declaram satisfeitas por trabalhar.

“Outra vantagem para as presas artesãs é que, a cada três dias trabalhados, um é reduzido do total da pena, conforme determina a lei. Além disso, saem do cárcere com uma profissão e com a oportunidade de reinserção na sociedade de cabeça erguida”, observa a diretora substituta de trabalho, Márcia Cataldo.

Sant’Ana, a oficina de artesanato

A escolha da Penitenciária Feminina Sant’Ana como plataforma de lançamento da grife Daspre não foi casual. A unidade conta com ampla produção, em diversas técnicas artesanais. Suas oficinas laborais empregam 673 presas, das quais 274 estão na confecção de artesanato. Outras 399 são contratadas pelas empresas parceiras. Além dessas, 624 presidiárias trabalham em atividades de apoio, como limpeza, bibliotecas, postos culturais, etc.

Na oficina da empresa Pra Festa, por exemplo, são embalados, todos os dias, um milhão de talheres plásticos. As detentas recebem, além da remuneração por produção (procedimento padrão nas empresas parceiras) uniforme de trabalho e kit de produtos de higiene, desde que não faltem sem justificativa. “Dificilmente faltam, só mesmo quando têm de ir ao Fórum ou ao médico”, afirma a encarregada de produção da empresa, Neusa Rodrigues. “Nesse caso não são prejudicadas, só deixam de ganhar o dia”, completa.

As peças produzidas na unidade pela Ângelo Bijouterias são usadas até por atrizes de novelas. A empresa funde as bases de níquel, e as banha em diferentes materiais. Depois, são polidas, embaladas em saquinhos plásticos e vendidas para atacadistas e empresas que aplicam as pedrarias.

Outra empresa que trabalha com acessórios metálicos na unidade é a Mix Metais, produtora de peças para confecções de roupas, bolsas e acessórios. Cabe às reeducandas dar o acabamento com pintura e colagem de strass.

SERVIÇO

A loja Do lado de lá comercializa produtos

Produzidos por reeducandos em penitenciárias do Estado

Endereço: Rua Dr. Vila Nova, 268 – Vila Buarque – capital

Funciona de segunda a sexta-feira, das 9 às 17 horas

Telefone (11) 3150-1087

Da Secretaria de Administração Penitenciária

(M.C.)



08/05/2008


Artigos Relacionados


Daspre: a grife que liberta

Campanha alerta sobre artesanato produzido com madeira ilegal

Embrapa investe em equipamentos para padronizar qualidade do leite produzido no Sul

PET oferece oficina gratuita de artesanato

Poupatempo Itaquera oferece oficinas de artesanato

Poupatempo Itaquera oferece oficinas de artesanato gratuitas