Nova ponte e duplicação da BR-386 devem incrementar economia do Vale do Taquari
A última audiência da primeira rodada de debates do Fórum das Desigualdades Regionais reuniu mais de 200 pessoas no auditório da Univates, em Lajeado, na noite de sexta-feira.
As autoridades, os estudantes e o público em geral discutiram os problemas de desenvolvimento da região do Vale do Taquari. A população da cidade ainda estava empolgada com a inauguração da nova ponte sobre o Rio Taquari, ocorrida naquela tarde, e o anúncio feito pelo ministro dos Transportes, Eliseu Padilha, da finalização dos últimos 30 quilômetros na obra de duplicação da BR-386, de Estrela até Canoas. A comunidade considera o aperfeiçoamento da rodovia como um avanço que irá alavancar a economia da região, melhorando o escoamento da produção e tornando o Vale do Taquari um ponto de passagem para turismo e negócios no Rio Grande do Sul.
Mesmo reconhecendo que a região é privilegiada em relação a muitas outras do Estado, por ter uma economia bem desenvolvida e uma população com alto índice de escolaridade, as autoridades do Vale do Taquari detectam alguns problemas de desenvolvimento na região, principalmente sobre a má distribuição de renda per capita; a necessidade de criação de novos empregos, através do incentivo a micro e pequenas empresas; e a diminuição das desigualdades entre os municípios mais desenvolvidos e os mais pobres da região.
O prefeito municipal de Teutônia e vice-presidente da Famurs, Ricardo José Brönstrup, destaca que o Vale tem muito a comemorar, por seu grande índice de crescimento, pela cultura existente e pela força da atividade agrícola. “No entanto, isso não nos dá o direito de nos acomodarmos”, completa. Segundo ele, é preciso qualificar cada vez mais a mão de obra, seja na agricultura, no comércio, na indústria ou na prestação de serviços.
O secretário municipal da Indústria e Comércio de Lajeado, Carlos Martini, avalia que a região tem predominância sobre outras na questão do desenvolvimento devido à matriz cultural, ao espírito progressista dinâmico da sua gente, à formação dos recursos humanos, aos eixos rodoviários e à infra-estrutura disponível na região. Como desafio para manter esse desenvolvimento constante, ele considera necessário ampliar ainda mais a formação dos recursos humanos, a descentralização dos recursos governamentais, beneficiando municípios menos desenvolvidos, para evitar a migração para a região metropolitana do Estado.
Desafios regionais
O economista Lucildo Ahlert, que é professor do Departamento de Ciências Econômicas da Univates, apresentou à população os desafios locais e regionais para o desenvolvimento do Vale do Taquari. Segundo dados apresentados por ele, um quinto da população da região tem entre dez e 20 anos de idade, e isso coloca um problema sério em termos de necessidade de emprego para esse contingente.
Como os empregos na região são oferecidos principalmente nos micro e pequenos empreendimentos, ele diz que devem ser oferecidas políticas favoráveis para essas empresas, além de cursos técnicos para a profissionalização dos estudantes.
Para os problemas no setor primário, que abriga 34% da população da região, o economista aponta a introdução de pequenas agroindústrias para o aumento da geração de renda dos agricultores. Assim, o agricultor não fica apenas na produção de matéria-prima, podendo também transformá-la e comercializá-la. Nesse sentido, o professor destaca o associativismo como uma boa solução para a obtenção de renda para os agricultores.
Distribuição da renda
Outro problema apontado por Ahlert na região do Vale do Taquari é a distribuição de renda. Segundo ele, há uma desigualdade na distribuição da renda per capita entre os municípios e entre as famílias. Para essa dificuldade, o economista aponta como solução possível o investimento na educação, preparando melhor as pessoas, que conseqüentemente vão aumentar seus ganhos e as diferenças serão minimizadas.
O presidente do Conselho Regional de Desenvolvimento do Vale do Taquari e reitor da Univates, Ney Lazzari, também destacou os privilégios econômicos e territoriais da região, apontando que a renda per capita é elevada em relação às outras regiões do Estado. Mas mesmo assim, segundo ele, a região apresenta diferenças de renda muito elevadas, com a distinção entre os municípios mais próximos do Rio Taquari, que têm uma renda bastante elevada, e as cidades mais perto da Serra, como Fontoura Xavier e São José do Herval, que têm renda mais baixas.
Lazzari garantiu que a região tem pensado muito nessa questão e tomado iniciativas para modificar esse tipo de desenvolvimento nos municípios mais precários. “Agora, isso não é fácil. São situações históricas complexas e que precisam de um investimento muito grande, não só de recursos financeiros, mas um investimento em recursos humanos, na qualificação das pessoas e em educação”, destacou.
Agroindústria
Para o deputado Luís Fernando Schmidt (PT), as soluções para as discrepâncias econômicas da região devem partir do investimento na agroindústria, que já tem um trabalho iniciado e que pode fundamentar uma melhor distribuição de renda nessas regiões menos desenvolvidas do Vale.
O deputado Elmar Schneider (PMDB) destacou a importância da nova ponte e do anúncio da duplicação para o desenvolvimento da região. “tenho a certeza absoluta que, com a duplicação da BR-386, com um projeto de desenvolvimento e com a proximidade que o Vale do Taquari tem da capital, do pólo Petroquímico, da Serra e do Vale do Rio Pardo, a nossa região passará a crescer cada vez mais. Ele falou também sobre a possibilidade da instalação de um núcleo da Universidade Estadual (Uergs) no Vale do Taquari, diante da derrubada do veto do Executivo sobre essa questão.
Também estiveram na audiência de Lajeado os vereadores Daniel Fontana, representando o Legislativo Municipal e Agostinho Orsolin, representando a Uvergs; o economista Antônio Galvão apresentou o painel “Condicionantes Nacionais e Internacionais do Desenvolvimento Regional”; o representante do governo Estadual, Tarson Nuñes; o deputado federal Enio Bacci (PDT-RS) e os deputados estaduais João Luiz Vargas (PDT), relator da Subcomissão das Desigualdades Regionais, e Ronaldo Zulke (PT).
09/17/2001
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