Nova posição do STF sobre perda de mandatos contribui para segurança jurídica, diz Viana
O senador Jorge Viana (PT-AC) destacou em Plenário, nesta sexta-feira (9), a decisão do Supremo Tribunal (STF) de reconhecer que cabe ao Congresso Nacional deliberar sobre a perda de mandato de senador ou deputado condenado pela Corte. A mudança de posição ocorreu em julgamento realizado pelo Supremo na quinta-feira (8), ao fim do qual o senador Ivo Cassol (PP-RO) foi condenado.
Para Viana, ao rever sua posição, o Supremo resolveu a “insegurança jurídica” que ficou estabelecida na relação entre o Congresso e o Supremo desde o julgamento do "caso mensalão". Naquele julgamento, agora em fase de recurso, o STF havia definido que os quatro deputados condenados perderiam seus mandatos imediatamente.
- Parece pouca coisa, mas essa é matéria que muda a agenda dessa relação conflituosa entre o Supremo e Congresso Nacional – afirmou.
De acordo com o senador, o julgamento havia evidenciado um “enfrentamento” entre o Congresso e o STF. Ele disse que o país já convive com muita insegurança jurídica, e afirmou considerar o “fim do mundo” que esse tipo de situação também marcasse as relações entre os Poderes.
- O Supremo pode muito, mas não pode tudo. Quem pode tudo também não é o Senado nem a Câmara, ou o Congresso, e muito menos o Executivo. Quem pode tudo numa democracia é a Constituição – argumentou.
O senador leu trechos de dispositivo constitucional que trata das hipóteses e condições de perda de mandato para reforçar que cabe ao Senado e à Câmara decidir sobre a cassação, a partir de provocação das respectivas Mesas ou de partido com representação nas Casas.
Viana observou que o Supremo pode condenar qualquer parlamentar, mas lembrou que a decisão sobre a perda do mandato deve ser feita pela Casa a que pertence o político. O senador afirmou que isso agora ficou claro e reforça o dever de cada Poder de agir com responsabilidade.
- Isso vai fazer com que cada Poder cumpra seu papel, e quem não cumprir certamente será cobrado pela sociedade – disse.
O senador afirmou que o desejo do cidadão é de que cada instituição seja “vigilante” do ponto de vista ético e do ponto de vista do exercício do mandato público, o que representa a punição para os que se desviam de suas prerrogativas. No caso de uma condenação chegar ao fim no Supremo, transitando em julgado, ele disse que haverá expectativa sobre o que ocorrer depois.
- Depois, se o Congresso não cumprir sua parte, a sociedade vai poder identificar quem está sendo conivente com equívocos e malfeitos – disse.
09/08/2013
Agência Senado
Artigos Relacionados
Sem regra sobre perda de mandatos, Renan promete devolver condenações ao STF
Jorge Viana e Acir Gurgacz dizem que novo Código Florestal vai trazer ‘segurança jurídica’ ao campo
Sarney espera solução para perda de mandatos que evite 'desarmonia entre poderes'
PEC que trata da perda automática de mandatos abre pauta da CCJ
Perda automática de mandatos volta a ser examinada pela CCJ
CCJ aprova PEC que determina perda imediata de mandatos de condenados pela Justiça